Depois de 738 quilómetros a pé pela EN2, as aventuras de Darek e Pindol continuam em breve

A pé e à pata, a dupla Darek e Pindol atravessou Portugal de Chaves a Faro

Foto: Bárbara Caetano|Sul Informação

14h30, 8 de Julho, 34 graus. Darek Strojewski e Pindol descansavam num café no Alportel, a pouco mais de 22 quilómetros – e oito horas – do destino final: Faro. Para trás, já tinham ficado mais de 700 quilómetros, feitos a pé, em 27 dias, na EN2.

Parece muito, ainda para mais quando pensamos no pequeno e simpático cachorro, que ladra com entusiasmo quando o jornalista do Sul Informação se aproxima do dono. «É um quebra-gelo. É por isso que o trago comigo nestas viagens. Ajuda-me muito e sem ele era difícil. Às vezes, mando-o aproximar-se de alguém, à distância, para ver se aquela pessoa é simpática ou não. Se o recebe com um sorriso, eu aproximo-me», conta Darek.

O caminhante polaco fala em viagens, porque o seu percurso a pé pela EN2, que terminou esta quarta-feira, cerca das 22h30, está longe de ser a sua primeira aventura do género (e de Pindol) e nem sequer foi a mais complicada.

«Isto tudo começou no ano passado, quando andei 4000 quilómetros entre Varsóvia e Lisboa. Era um sonho pessoal. Um dia pensei: e porque não hoje? E fi-lo. No entanto, não o queria fazer por mim e a minha ideia foi a de lançar uma campanha de angariação de fundos para uma unidade de cuidados continuados, para doentes com cancro, do meu bairro».

A viagem começou a 10 de Junho e terminou a 5 de Novembro. Em pouco mais de quatro meses, foram angariados 7000 euros para a causa escolhida por Darek.

No entanto, com essa longa viagem, nasceu algo que o caminhante descreve como «um vício. E então decidi lançar-me noutra aventura: caminhar entre o Sul e o Norte da Europa. Entre Gibraltar e a Noruega».

Cheguei a 6 de Janeiro a Lisboa e, no dia 10, começámos a andar. Como em Espanha, às vezes, tenho alguma resistência com a presença do Pindol, decidi fazer boa parte do caminho por Portugal e atravessei a fronteira no Pomarão. Segui até Miranda do Douro, onde atravessei novamente para Espanha, e estava em León, quando começou a pandemia».

Todos os planos foram por água abaixo. As fronteiras fecharam e Darek regressou a Portugal, tendo vivido na Guarda durante três meses. Foi durante esse período que conheceu a “Route 66” portuguesa, a EN2, que decidiu percorrer, novamente na companhia do seu Pindol, novamente com a mesma causa solidária: angariar fundos para a Fundacja Hospicjum Onkologiczne św. Krzysztofa.

Nos últimos dias, Darek e Pindol estiveram no Alentejo sob um sol escaldante e com muito calor. Foi Pindol quem mais sofreu, mas «fizemos muitas paragens para descansar e beber água».

Já com (quase) toda a EN2 percorrida, Darek sente-se à vontade para fazer um retrato do país. «Portugal parece muito pequeno no mapa, mas não é um país pequeno, porque tudo é diferente. As paisagens são muito diversas. Há o Douro vinhateiro e as montanhas, depois vamos descendo, há planícies, e chegamos ao Algarve».

Há, no entanto, algo que não muda ao logo dos 738 quilómetros da EN2: as pessoas. «De Norte a Sul, as pessoas são simpáticas. Às vezes, olho para alguém e penso que não vou ser bem recebido, mas isso não aconteceu. Fui sempre muito bem recebido. Isso não muda, como as paisagens».

Darek Strojewski, que dormiu na sua tenda ao longo da viagem, procurou sempre «aproximar-se das pessoas. Quando escolho um sítio para ficar, tento sempre ficar perto de pessoas, por motivos de segurança. Às vezes, fico no terreno de alguém, anexo a uma casa ou junto a um alojamento e peço autorização para ficar ali. Nunca tive problemas».

Essa era uma das preocupações de Darek no início da viagem: «tive receio de que, nas aldeias mais pequenas, as pessoas me tratassem mal. Podiam pensar que eu “trazia” o vírus. Afinal, eu estava a caminhar pelo país todo. Mas nunca aconteceu».

Para a próxima aventura de Darek e Pindol, já há planos, a curto e a médio prazo. «Quero conhecer as Aldeias Históricas e vou fazer essa rota. Será diferente, porque quero ficar algum tempo em cada uma delas, para conhecer melhor a sua história. No total, serão mais de 500 quilómetros».

Depois, há que retomar a ideia que a pandemia “roubou”. «A ideia que tenho para fazer a caminhada entre o Sul e o Norte da Europa mantém-se. Conto começar em Dezembro, mas tudo vai depender de como as coisas evoluírem. Se há segunda vaga ou se não há»…

A conversa com o jornalista do Sul Informação terminou aqui. Darek colocou a mochila às costas, fez-se à estrada e Pindol seguiu-o. Faro era já ali.

 

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