«Conseguimos!»: sonho da Fórmula 1 concretiza-se no Autódromo do Algarve

Anúncio oficial foi feito no Autódromo do Algarve

Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

«Conseguimos!». Foi com esta palavra, seguida de fortes aplausos, que Isilda Gomes, presidente da Câmara de Portimão, começou esta tarde a conferência de imprensa para anunciar oficialmente a realização do Grande Prémio de Portugal de Fórmula 1, pela primeira vez, no Autódromo Internacional do Algarve.

O Mundial de Fórmula 1 vai regressar a Portugal a 25 de Outubro, 24 anos depois da última vez, mas agora no circuito algarvio, em Portimão, anunciou hoje a organização.

E há outra boa notícia para os aficionados desta que é a prova rainha do automobilismo: haverá público a assistir às corridas e os bilhetes já estão à venda. O interesse em comprá-los foi tal, que hoje o site do Autódromo do Algarve «até foi abaixo, com tantos acessos em simultâneo», disse Paulo Pinheiro, diretor, mentor e sonhador da pista algarvia.

A secretária de Estado do Turismo, presente no anúncio oficial que decorreu numa das salas do Autódromo, adiantou que se está a «trabalhar em vários cenários, com diversas cargas de público», tudo dependendo da evolução epidemiológica. Tendo em conta que a capacidade do circuito de Portimão é para 120 mil pessoas, o Sul Informação sabe que se está a trabalhar em cenários de 60 mil pessoas (metade da capacidade) ou, em alternativa, de 30 mil (um quarto).

Por seu lado, em declarações ao nosso jornal, o presidente da Região de Turismo do Algarve revelou que os vários cenários estão a ser estudados «com a Direção Geral de saúde e com instâncias internacionais», mas sempre «com todas as condições de segurança, com circuitos individualizados, distanciamento, higienização, com todos os máximos requisitos, como uma prova destas não pode deixar de ter».

 

Isilda Gomes, com Rita Marques, secretária de Estado do Turismo – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

A autarca Isilda Gomes fez questão de explicar o seu «Conseguimos!». É que, para trazer a prova rainha do desporto automóvel ao circuito algarvio, a Câmara de Portimão já tem «pré-aprovado» um apoio de 200 mil euros, mas são necessários 500 mil.

Os restantes 300 mil euros serão garantidos pelos outros 15 municípios da região algarvia, como confirmaram ao nosso jornal António Miguel Pina e Rui André, presidente e vice presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), presentes na conferência de imprensa. «Falta apenas decidir qual o montante que caberá a cada município, de acordo com a sua capacidade financeira», disse António Pina.

Mas há ainda o apoio que virá do Estado central. A secretária de Estado Rita Marques disse que o Turismo de Portugal tem um pré-acordo com o Autódromo Internacional do Algarve, para financiar a repavimentação da pista, numa obra «estimada em 1,5 milhões de euros».

João Paulo Rebelo, secretário de Estado do Desporto, pegou nesta cooperação para chamar a atenção para este «aparente paradoxo»: que se estivesse «a falar de um dos desportos mais competitivos do mundo, mas cuja prova no Algarve resulta da maior cooperação entre entidades».

E isso acontece porque, como salientou Isilda Gomes, incluir o Algarve no circo do Mundial de Fórmula 1 «traz frutos para o Algarve e para o país».

Falando sobre o impacto económico da prova no país e na região, a secretária de Estado Rita Marques anunciou que ele será, «no pior das hipóteses», de 30 milhões de euros e, na melhor das hipóteses, «muito superior a isso».

João Fernandes, presidente da RTA, concretizou: «é um enorme evento que acontece na época baixa, a 25 de Outubro, e que provoca um impacto direto e indireto que pode chegar aos 80 milhões de euros».

Mas há mesmo um economista, Paulo Reis Mourão, que hoje já estimou que o impacto da realização de um grande prémio de Fórmula 1 em Portugal pode chegar aos 130 milhões de euros, entre ganhos diretos e indiretos.

 

Rita Marques, secretária de Estado do Turismo – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

Certo é que, em Outubro, só as equipas movimentam cerca de 5000 pessoas, que permanecem na região «durante uma semana», acrescendo a isso «o público que vem especificamente por esta prova, que irá transmitir ao mundo as qualidades do nosso destino turístico. É um valor incalculável».

Por isso, o responsável pelo Turismo do Algarve não hesita em dizer que, «quer pela altura do ano, quer pelo ano em concreto em que estamos, a Fórmula 1 será um tónico muito forte para continuarmos a batalhar e a trabalhar sempre com muita força para ultrapassarmos as adversidades».

O ex piloto Ni Amorim, agora presidente da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK), que é coorganizadora da prova, confessou ser aquela a primeira vez em que estava no Autódromo do Algarve «de fato e gravata». «Geralmente, é de fato de prova que aqui tenho estado».

Este responsável recordou os meses de trabalho que agora culminaram com a escolha da pista algarvia para este Grande Prémio. Tudo começou ainda em Março, no auge da pandemia, quando outras provas começaram a ser canceladas por esse mundo fora. Foi então que a FPAK enviou à FIA e aos organizadores do Mundial de F1 uma carta «dizendo que tínhamos uma infraestrutura fantástica em Portugal, capaz de receber a Fórmula 1, se necessário fosse».

 

Paulo Pinheiro – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

A maior ovação da tarde foi para Paulo Pinheiro, diretor do Autódromo Internacional do Algarve e o homem que sonhou este circuito e a Fórmula 1 na região. A autarca Isilda Gomes já tinha salientado a sua «força» e «capacidade de sonhar», Ni Amorim disse que ele «é um lutador, não é só um sonhador». E a secretária de Estado do Turismo salientou que este pode ser o concretizar do «sonho de uma vida», mas também «do sonho de muitos milhões de portugueses que ansiavam por ter cá esta prova».

E o que pensa o próprio Paulo Pinheiro? Deixando que a emoção por vezes transparecesse na sua voz, o CEO do Autódromo frisou que «vamos ter uma corrida de Fórmula 1 por direito próprio. Não é uma corrida de substituição. Nós escolhemos a data que queríamos e vamos fazer a corrida como sempre quisemos fazer, com regras, respeitando todos os procedimentos sanitários, mas com público. Um evento de Fórmula 1 tem que ter público. Não iríamos aceitar de bom grado ter aqui a F1 outra vez no nosso país, pela primeira vez no nosso circuito, mas sem público. Seria uma festa que não era festa, seria apenas mais um evento».

Paulo Pinheiro elogiou o «trabalho extremamente duro e competente de todas as entidades envolvidas: a Câmara de Portimão que sempre esteve ao nosso lado, o Turismo do Algarve, o Turismo de Portugal, a DGS», enfim , «toda a gente que trabalhou para definir o processo para conseguirmos ter público, uma condição muito importante para todos».

«Foi uma vitória nossa, porque, em plena pandemia, vamos ter público de forma correta e segura», salientou.

 

O abraço prolongado entre Isilda Gomes e Paulo Pinheiro, sob o olhar de dois presidentes (do Turismo do Algarve e da FPAK) e dois secretários de Estado – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

Em declarações ao Sul Informação, Paulo Pinheiro considerou que a vinda do Mundial de Fórmula 1 para o Algarve «é um prémio merecido», para «os portugueses, para os algarvios, que, num ano tão difícil, tanto lutaram por isto».

Mas será também um prémio para pilotos, equipas e adeptos: «O nosso circuito está catalogado como um dos melhores do mundo. E na Formula 1 vamos ver este circuito a ser explorado ao máximo, em que metade das curvas é feita a mais de 230 km/hora. É um circuito de média/alta velocidade muito exigente, muito difícil e que vai agora acolher uma corrida de Fórmula 1 da era moderna. Toda a gente vai ter uma experiência única».

O circo da F1 já começou a mexer com o Algarve. O nosso jornal sabe que já há reservas a ser feitas, por adeptos deste desporto, em hotéis desde o litoral de Loulé até Lagos. No vizinho concelho de Monchique, cuja capacidade hoteleira não é grande, «já há muita coisa reservada», disse o autarca monchiquense Rui André.

João Fernandes, presidente da RTA, também confirmou: «há vários hotéis já com procura por causa desta prova que só hoje foi confirmada oficialmente, mas que já está a gerar economia no território».

E no futuro, como será? A Fórmula 1 vai regressar ao Algarve?

Ni Amorim, presidente da FPAK, garantiu que «este Grande Prémio está muito bem entregue, não tenho dúvidas de que vai correr bem. Só espero que este não seja o único».

Por seu lado, Isilda Gomes foi mais veemente: «Tenho absoluta certeza de que vamos ter aqui uma grande prova e que os pilotos e as equipas vão ficar com tantas saudades que vão querer voltar no próximo ano. É isso que nós queremos».

Os secretários de Estado do Turismo do Desporto e o presidente do Turismo de Portugal levaram do Autódromo do Algarve muitos recados para o primeiro ministro.

 

Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

 

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