Comissão Vitivinícola e Região de Turismo unem-se para promover enoturismo algarvio em Portugal e Espanha

Procura primária de viagens associada à gastronomia e vinhos tem vindo a crescer ao ritmo de 5% a 8% ao ano

Enoturismo – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

«Metade dos produtores do Algarve têm já uma oferta de enoturismo», totalizando 30 quintas produtoras em toda a região, onde os turistas podem ir experienciar os vinhos algarvios e a forma como são produzidos, disse Sara Silva, presidente da Comissão Vitivinícola do Algarve (CVA).

Esta responsável falava esta quinta-feira, na Praia do Carvoeiro, durante a assinatura de um protocolo que junta a Região de Turismo do Algarve (RTA) à Comissão Vitivinícola do Algarve (CVA) com o objetivo de impulsionar o enoturismo.

Promover a região vitivinícola do Algarve no mercado interno alargado (Portugal e Espanha), mostrando a residentes e turistas a qualidade dos vinhos de Denominação de Origem Lagos, Portimão, Lagoa e Tavira, é o que pretendem as duas entidades regionais.

Sendo uma região vitivinícola muito pequena, com produtores na sua maioria de quinta, «a nossa dimensão cria constrangimentos, mas também traz benefícios: o turista que visita uma quinta muitas vezes é recebido pelo próprio produtor», o que confere outro interesse à experiência, acrescentou Sara Silva.

 

João Fernandes, presidente da RTA, salientou que este organismo «há muitos anos que tem, associada à sua promoção internacional, a gastronomia». A relação com os produtores de vinho «é mais recente», admitiu, mas já há bastante tempo que se incluiu «o vinho na cadeia de valor do turismo», sendo esse «um trabalho que não tem fim» e que «nos envolve a todos».

Mas o responsável pela RTA salientou ainda ser necessário «que o vinho não seja apenas um complemento, mas se torne o próprio mote para visitar o Algarve».

Aliás, como salientou Luís Encarnação, presidente da Câmara de Lagoa, que foi o anfitrião da assinatura do protocolo, nas novas e provisórias instalações do Posto de Turismo da Praia do Carvoeiro, estudos internacionais mostram que «há mais gente a viajar motivada pela gastronomia e pelo vinho que pelo sol e mar».

Por isso, salientou o autarca, «o município de Lagoa apadrinha com muito gosto o enoturismo, para ajudar a mitigar a sazonalidade e a fidelizar os turistas que nos visitam».

Mesmo num Verão difícil para o turismo no Algarve, no país e no mundo, o presidente da RTA explicou a aposta que tem passado por «trabalhar a integração de produtos regionais na cadeia do turismo», criando assim uma «oferta mais identitária e diferenciadora».

 

Quanto ao protocolo assinado entre RTA e CVA, João Fernandes explicou que o enoturismo no Algarve será agora promovido «no mercado interno alargado, de Portugal e Espanha», as áreas onde se estende a promoção do destino promovida pela Região de Turismo. No país vizinho, recordou, já têm tido lugar «ações conjuntas» no Consulado de Portugal em Sevilha, na Embaixada portuguesa em Madrid, na Fitur (Feira de Turismo de Madrid), ou ainda, por cá, na BTL, a Bolsa de Turismo de Lisboa.

Mas o objetivo agora é ir mais longe. Para isso, garantiu o presidente da RTA, «temos o apoio do Cônsul em Sevilha e do Embaixador em Madrid, para podermos ser um bocadinho mais ambiciosos nesta vertente do enoturismo». Mesmo com as restrições impostas pela pandemia, em breve haverá ações promocionais.

João Fernandes deu o exemplo da zona da Cidade do Cabo, na África do Sul, considerada como uma das mais importantes no enoturismo, a nível mundial. «Eles têm uma dimensão muito superior à nossa, mas têm os mesmos mercados que nós – ingleses, alemães, irlandeses -, só que numa época diversa». Por isso, até já foram feitos contactos para promover «cross-selling» com a Cidade do Cabo.

Mas, mais importante que isso, são os ensinamentos que conhecer a realidade da África do Sul trouxe: «o produtor de vinho tem de mudar o seu mindset para se tornar produtor de enoturismo», já que, se este produto estiver bem estruturado, «50% da produção é vendida na própria quinta», permitindo «um preço mais competitivo» e interessante para o produtor, mas também «fidelizar o cliente».

 

Por seu lado, Sara Silva, presidente da CVA, defendeu a necessidade de promover a qualificação do setor, através da «formação profissional do setor do enoturismo». Tudo para que, quem recebe o turista, o saiba fazer da melhor forma. «É preciso divulgar bem a nossa oferta em enoturismo, mas é preciso tê-la muito qualificada», sublinhou.

Luís Encarnação, presidente da Câmara de Lagoa, salientou mesmo o protocolo a assinar entre o IEFP e o Turismo para «dar formação aos profissionais da hotelaria e restauração na área dos vinhos», especificamente nos da região. «Temos de ser capazes de propor e aconselhar os turistas a provarem os nossos vinhos e harmonizá-los com a nossa gastronomia».

À margem da assinatura do protocolo, Sara Silva disse ao Sul Informação que o setor do vinho no Algarve tem sofrido um forte impacto com a quebra do turismo provocada pela pandemia. «Aqui no Algarve a exportação, ou mesmo a venda para outras regiões do país, têm ainda fraca expressão e dependíamos muito da venda à restauração regional e aos turistas». A quebra no setor foi «enorme», na ordem dos 80 a 90 por cento.

Mais uma razão para serem também os próprios algarvios a dar uma ajuda, não só consumindo o vinho da região, como divulgando-o. Como disse o autarca Luís Encarnação, «não é a mesma coisa acompanhar uma cataplana, como as que tão bem se fazem por aqui, com um bom vinho branco do Algarve ou com uma cerveja».

 

Fotos:  Elisabete Rodrigues | Sul Informação

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