Bares e discotecas vão poder abrir, mas terão «prejuízo danado»

Os bares e discotecas têm permissão para abrir, a partir de 1 de Agosto, mas convertendo-se em cafés e pastelarias

Foto: Flávio Costa | Sul Informação

Um «prejuízo danado» devido a uma decisão «que não faz qualquer sentido». Os bares e discotecas até vão poder abrir, a partir de 1 de Agosto, mas, no Algarve, os empresários do ramo estão contra os moldes definidos pelo Governo.

A decisão foi tomada esta quinta-feira, 30 de Julho, pelo Governo, em Conselho de Ministros: os bares e discotecas têm permissão para abrir este sábado, 1 de Agosto, convertendo-se em cafés e pastelarias, «sem necessidade de alteração da classificação de atividade económica», lê-se no documento do executivo de António Costa.

Ainda assim, estes estabelecimentos, tal como os restaurantes, só podem admitir pessoas até às 00h00, fechando obrigatoriamente à 1h00 (na região de Lisboa e Vale do Tejo têm de encerrar até às 20h00). Quanto às discotecas são mesmo proibidas de ter as pistas de dança abertas como tal.

Estas podiam parecer boas notícias para um setor que continua a sofrer as consequências da Covid-19, mas será assim que os empresários algarvios as encaram?

 

Liberto Mealha – Foto: Liberto’s Club

 

Liberto Mealha é uma das referências da noite algarvia. Ouvido pelo Sul Informação, o dono do Liberto’s Club e da discoteca Kiss, em Albufeira, não foi brando nas críticas.

«Para as discotecas, isto não faz sentido nenhum. São horários incompatíveis. Para os bares, pode ser viável, mas o fecho às 1h00 é sempre um prejuízo danado. Não dá para nada. Se o vírus está acordado até à 1h00, também está até às 4h00», disse.

É que, explicou, «até agora, os bares estavam a trabalhar até às 2h00, com a tal questão de não admitir mais ninguém depois das 23h00».

Agora, há mais uma hora para admitir pessoas, mas também menos uma hora de trabalho, o que faz com que a discoteca Kiss nem vá abrir – apesar de já o poder fazer legalmente.

«Não vale a pena. Abrir implica uma grande envergadura. Tenho de comprar mobiliário para ocupar a pista de dança, equipa para trabalhar, segurança. Isto para quê? Para admitir pessoas até à meia noite? Em condições normais, à meia noite era quando eu abria a porta para começar a trabalhar. Mais vale mantê-la fechada», disse, sem rodeios.

Quanto ao Liberto’s Club, em Albufeira, que também tem um restaurante, continuará aberto, mas os impactos económicos «têm-se notado».

«É complicado. A limitação dos lugares caiu para um terço, anulámos a pista de dança. Temos mesas e cadeiras e os lugares ocupados são os sentados. Há pouca gente de pé, só mesmo em caso de irem às casas de banho. Nota-se uma afluência menor. O Algarve está condenado este ano, há falta de turistas estrangeiros e, com isso, nota-se logo menos pessoas nas ruas», disse.

 

Foto: Flávio Costa | Sul Informação

 

Pela capital algarvia, os impactos no setor da restauração e dos bares também se sentem. Miguel Gião é um dos donos do Columbus (bar) e dos restaurantes Aperitivo e Lodo, em Faro.

«Estamos muito abaixo do normal, estamos a trabalhar a 25% do que seria normal. As pessoas, nesta altura, aproveitam a praia até mais tarde e torna-se muito difícil trabalhar devido às restrições de horários. A economia não mexe», começou por considerar ao Sul Informação.

As novas regras, que permitem a reabertura de discotecas e bares, também não são bem vistas por este empresário, nomeadamente devido à mudança dos horários. «Basicamente, estão-nos a tirar uma hora de trabalho. Estamos ainda mais condicionados», disse.

«Quanto às discotecas, quando as pessoas começam a chegar, já têm de ir embora. Isto é pior ainda», atirou.

Tomé Mangas, de Portimão, nem equaciona reabrir a histórica discoteca Katedral, na Praia da Rocha.

«Na minha opinião, com estas medidas, estão a tapar o sol com a peneira. Parece anedótico. Se não fosse verdade, dava-me vontade de rir», considerou ao Sul Informação.

«Quem vive só deste negócio vai fazer o quê? As pessoas não podem dançar, não há pista», acrescentou.

O bar Mixx, na Praia da Rocha, que também é gerido por Tomé Mangas, continuará aberto, mas longe da normalidade. «Por exemplo, os reforços de Verão vão ser muito menos do que é habitual. Apenas meterei alguns trabalhadores devido às esplanadas, porque quase não se justifica em termos de faturação», disse.

Na ótica do empresário, é natural que, quem vem de férias, se queira divertir. Numa altura em que segurança é a palavra de ordem, espaços com regras, como bares e discotecas, seriam os mais adequados, até porque, de outra forma, «estamos a promover o que é ilegal».

«Este setor, quer se goste quer não, é um dos pilares da economia do Algarve. A saúde pública está em primeiro lugar, como é óbvio, mas com isto estão também a promover as festas ilegais, sem condições de segurança, nem vigilância», concluiu.

 

Fotos: Flávio Costa | Sul Informação

 

 

 

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