Albufeira investe 350 mil euros para “criar” o Museu mais inclusivo do Algarve

Passados 21 anos da sua inauguração, esta é a primeira grande renovação do museu

Adriana Nogueira junto a uma das peças tácteis, com legenda em braille, pensadas para os cegos – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

Há peças tácteis para os cegos apalparem, o chão tem uma linha amarela saliente que indica o sentido da visita, facilitando a vida a quem tem dificuldades visuais, as legendas estão em braille, mas também em língua gestual portuguesa e inglesa, há um painel interativo com explicações, fornecidas com um jogo pelo meio, há realidade virtual, vídeos com linguagem simples, tablets com os quais se pode seguir a visita em cinco línguas – português, espanhol, francês, inglês e alemão -, uma nova entrada para pessoas com dificuldades de mobilidade e uma plataforma para acesso à cave.

Estes são, em resumo, os principais melhoramentos em termos de acessibilidade feitos no Museu Municipal de Arqueologia de Albufeira, que esta manhã foram inaugurados.

Carla Ponte, chefe da Divisão de Turismo, Desenvolvimento Económico e Cultural da Câmara de Albufeira, salientou mesmo que este deve ser, agora, «o único museu da Península Ibérica» com língua gestual inglesa.

O investimento, de cerca de 350 mil euros, financiados em perto de 50% pelo Turismo de Portugal, destinou-se a «dotar o espaço e zona envolvente de todos os meios necessários à criação de um percurso acessível para todos os públicos, com interpretação e fruição em iguais circunstâncias, independentemente das suas aptidões físicas, cognitivas, sociais ou culturais».

E, por aquilo que se viu na inauguração – com poucas pessoas, divididas em grupos para a visita, todos de máscara, com muitos dispensadores de desinfetante – o resultado é mesmo esse: Albufeira tem, neste momento, o Museu mais inclusivo do Algarve.

 

Visita ao Museu – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

É que o Museu de Arqueologia albufeirense, situado em pleno centro histórico da cidade, no edifício onde funcionou a Câmara Municipal durante muitos anos e onde antes tinha havido a primeira igreja matriz da então vila – arrasada pelo terramoto de 1755 – «faz, no dia 20 de Agosto, 21 anos que abriu. Desde aí, não teve grandes alterações. Passados vinte anos, o mote para estas alterações teve a ver com a acessibilidade», explicou ainda Carla Ponte.

«O que vão encontrar é um museu completamente acessível, quer em termos de mobilidade física, quer em termos de acessibilidade intelectual. Todos os conteúdos estão agora em cinco línguas diferentes, bem como em língua gestual portuguesa e língua gestual inglesa», acrescentou.

A vontade de tornar o museu inclusivo é tão grande que, na sala dedicada à antiga igreja matriz, depois da colocação de duas réplicas em vinil de painéis de azulejo desse templo hoje guardados no núcleo de Arte Sacra, vai ainda ser feito «um azulejo com esta mesma técnica, para as pessoas com deficiência visual poderem sentir como era», revelou Idalina Nobre, coordenadora do Museu.

Esta responsável, que guiou a visita do grupo onde estava o presidente da Câmara e a diretora regional de Cultura, entre outras personalidades, explicou que apenas num dos espaços não foi possível criar maior acessibilidade. «O Museu está instalado nas seculares casas da Câmara e tem algumas restrições sob o ponto de vista arquitetónico».

 

O presidente José Carlos Rolo na visita ao renovado e mais acessível museu de Albufeira – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

José Carlos Rolo, presidente da Câmara, além de anunciar os planos para construir uma extensão do museu, salientou a importância do investimento na acessibilidade: «Albufeira é uma cidade turística e sabemos que o turismo acessível é cada vez mais importante na Europa. Temos um riquíssimo património ambiental, nas nossas praias, mas temos também de complementar com o património construído».

Adriana Nogueira, diretora regional de Cultura do Algarve, lançou um outro desafio: que esse património construído seja «complementado pelo património imaterial. É preciso preservar as memórias e as histórias das pessoas mais velhas, para as transmitir não só aos albufeirenses, como aos turistas». Só assim, considerou, se criam «laços de pertença» a uma mesma humanidade.

Em 2019, apesar de ter estado metade do ano fechado para obras, o Museu Municipal de Arqueologia de Albufeira recebeu cerca de 6 mil visitantes. Este ano, com a quebra no turismo – e depois de ter estado meses encerrado devido à pandemia – os números poderão ser mais baixos.

E é pena, porque o museu albufeirense, pequeno mas com muita história para contar, merece bem uma visita. Até porque agora se pode complementar com uma subida à Torre do Relógio, situada no edifício em frente, onde funciona o Conservatório, e, dali do alto, admirar as vistas sobre as praias e o casario branco.

 

Horário do Museu Municipal de Arqueologia de Albufeira
Segunda-feira a sábado das 9h30 às 17h30

 

Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

 

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