Será um Verão «atípico», sem os tradicionais grandes eventos e com muitas incógnitas quanto ao número de turistas que vão visitar a região, mas isso não é razão para que o Algarve deixe de ter o habitual reforço de elementos das forças de segurança e de proteção civil no atual período estival.
O programa Algarve Seguro 2020 foi ontem apresentado em Faro na sede da Região de Turismo do Algarve, numa sessão que contou com Eduardo Cabrita, o ministro da Administração Interna, bem como com responsáveis pelas diferentes entidades que estão envolvidas neste dispositivo.
Em 2020, salta à vista a ausência dos habituais reforços pontuais da GNR, que costumam mobilizar meios adicionais para os grandes eventos, tendo em conta que estes não vão realizar-se. Também não haverá, este ano, equipas mistas, que englobam forças policiais de outros países, nomeadamente de Espanha, França e Itália.
No entanto, assegurou o ministro, há um aumento, em relação ao ano que passou.
«Há um reforço relativamente aos meios que estão disponíveis, quer pela intervenção conjugada das várias forças – GNR, PSP – e uma presença acrescida da dimensão do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. Há também uma dimensão de Proteção Civil que, como foi verificado no passado fim de semana, tem uma forte capacidade aérea imediata que visa prevenir e responder a ocorrências», revelou o membro do Governo.
Durante a sessão, Eduardo Cabrita já havia salientado que o Algarve deverá ter «uma particular exigência» em relação a comportamentos de risco, lembrando «o caso que queremos isolado e irrepetível, o de Odiáxere».
O ministro aproveitou, ainda, para fazer a apologia do Algarve enquanto «um dos destinos mais seguros do mundo», não só ao nível da segurança pública, mas também «do ponto de vista sanitário».
No entanto, mostrou-se consciente que isso não será suficiente para salvar o ano turístico, nomeadamente na região.
«Não, 2020 não vai ser o melhor ano de sempre. Vai ser um ano em que, com o empenho de todos, construiremos a confiança para acolher bem cidadãos nacionais, que terão uma presença muito significativa, e aqueles que do estrangeiro queremos bem receber», disse Eduardo Cabrita.
À margem do evento, o membro do Governo manifestou aos jornalistas «a viva discordância em relação a alguns países dentro da União Europeia que, sem qualquer fundamento, mantêm práticas discriminatórias que violam o que foi definido nas reuniões a nível dos 27 Estados-membro».
«Estamos, com o Reino Unido, a evidenciar aquilo que é óbvio: Portugal tem melhores indicadores de saúde pública e de resposta à pandemia que este país e, como tal, não há nenhuma razão, de acordo com os critérios comparativos, para a existência de qualquer aplicação de regras de quarentena no regresso ao Reino Unido», afirmou.
No caso particular do Algarve, a região «carateriza-se por índices baixíssimos de casos da Covid-19, tem cerca de 1% dos casos a nível nacional».
Já quanto à ponte aérea entre o principal mercado emissor de turistas para o Algarve, cuja implantação será decidida na segunda-feira pelo Governo britânico, o ministro prefere esperar para ver e não antecipa nenhum cenário.
Quanto ao reforço de Verão, os cerca de 900 militares da GNR com que a região conta em permanência serão reforçados por operacionais vindos de fora.
«Vamos receber aqui no Algarve, em apoio permanente, cerca de 2650 militares», anunciou o coronel Guerra Rodrigues, diretor de Operações Nacionais da GNR.
Estes homens e mulheres serão afetos «à ordem pública», mas também vão integrar «patrulhas de motos e ciclo [bicicleta], cavalaria e binómios cinótécnicos [equipa homem e cão]». O Algarve irá, igualmente, contar com 52 candidatos a guardas, «para fazer a formação em exercício, no terreno».
No que toca à PSP, que, no distrito de Faro conta em permanência com «três divisões especiais, quatro esquadras destacadas e uma força destacada da Unidade Especial de Polícia, num total de 838 elementos», vai ser reforçada com duas equipas do Corpo de Intervenção da Unidade Especial de Polícia, «que permanecerão até Setembro no Algarve», e com quatro Equipas de Prevenção e Reação Imediata, duas das quais ficarão em Faro e as outras em Portimão.
«Casuisticamente, de acordo com uma avaliação do risco que está inerente a todas as operações que prosseguimos, através da identificação dos ativos críticos, das vulnerabilidades e nível de impacto, iremos disponibilizar ao Comando Distrital de Faro equipas de Trânsito, equipas de Intervenção Rápida, ‘drones’ e outros meios e equipamentos policiais», acrescentou o subintendente Pedro Grilo, chefe da divisão de Policiamento e Ordem Pública da PSP.
No que à Proteção Civil diz respeito, Vítor Vaz Pinto, comandante da Proteção Civil no Algarve, que já havia apresentado o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) em Maio, falou num reforço «670 operacionais» e salientou a existência de uma nova equipa de sapadores florestais na região, elevando o total para 12, e mais duas equipas municipais de intervenção florestal, que são agora sete.
Na área da saúde voltarão a ser instalados 32 postos de praia, espalhados pela região, e os serviços de urgência também estão preparados para o Verão, assegurou Paulo Morgado, presidente da Administração Regional de Saúde.
Quanto à pandemia, estão em funcionamento áreas de atendimento Covid-19 em cinco centros de saúde da região, mas há a possibilidade de abrir mais quatro.
O SEF também terá um reforço e estará «particularmente atento a desembarques ilegais, segundo Conceição Bértolo, a diretora regional deste serviço.
No campo da prevenção rodoviária, serão realizadas campanhas de sensibilização, dirigidas a automobilistas, mas também a motociclistas, segundo Rui Ribeiro, dirigente da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária.
Fotos: Hugo Rodrigues|Sul Informação
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