«Têm sido os piores dias da minha vida», diz o presidente da Câmara de Lagos

Presidente da Câmara de Lagos exige que o Ministério Público atue, instaure um inquérito e apure o que se passou

Hugo Pereira, presidente da Câmara de Lagos – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

Hugo Pereira, presidente da Câmara Municipal de Lagos, confessou, em declarações aos jornalistas, que, desde que foi detetado o surto de Covid-19 naquele concelho, tem vivido os «piores dias» da sua vida.

O autarca falava depois da conferência de imprensa que, esta sexta-feira à tarde, teve lugar na sede da Comissão Distrital de Proteção Civil, em Loulé, e onde o grande tema foi o resultado da festa ilegal de Odiáxere.

Até à meia noite de ontem, já tinham sido feitos 1222 testes a outras tantas pessoas, que estiveram na festa ou que têm ligações familiares, de amizade ou laborais com quem lá esteve. Desses testes, já tinham resultado, até à mesma hora, 76 casos confirmados de Covid-19, grande parte deles em Lagos, mas também em Portimão, Lagoa, Albufeira e Loulé. Nove dos casos são de crianças com menos de 9 anos.

Ana Cristina Guerreiro, delegada regional de Saúde, admitiu, na mesma conferência de imprensa, que o número total de casos deverá chegar «próximo de 100», mas salientou que o surto estará «contido».

O presidente da Câmara de Lagos acrescentou que, «até domingo, devemos ter à volta de 1500 testes feitos, pelas várias entidades, uns organizados pela Câmara de Lagos, outros pelo ABC, outros pelas entidades empregadoras privadas, outros ainda pela Autoridade de Saúde, junto do Laboratório de Saúde Pública da região». Isso permitirá «ter uma grande fotografia» do que aconteceu.

Hugo Pereira acrescentou que, até agora, as pessoas testadas fizeram-no de forma voluntária. «Não tem havido necessidade de obrigar as pessoas a fazer testes, de forma coerciva», garantiu.

Ainda assim, lançou um apelo para que, quem tenha estado na festa ou esteja ligado a pessoas que lá estiveram, e que ainda não tenha feito o teste de despistagem de Covid-19, se dirija voluntariamente às autoridades de saúde.

O autarca sublinhou o grande esforço que a Câmara de Lagos tem feito para conter este surto da doença. «Agarrámos o problema e, em conjunto com a autoridade de saúde e a proteção civil, fizemos aquilo que tinha de ser feito: atuar, para rapidamente identificar todos os focos de contágio, e, através de uma grande bateria de testes, tentar perceber por onde o vírus podia andar».

«Pensamos ter dado todos os passos, sem medo de testar. Assumimos que era isso que devia ser feito e que só por aí se poderia controlar e não deixar alargar o número de infetados, uma vez que o número de pessoas envolvidas no evento era grande e tinha passado uma semana desde a festa», acrescentou.

Mas o presidente da Câmara de Lagos exige que o Ministério Público atue, instaure um inquérito e apure o que se passou.

«A minha grande preocupação neste momento é a saúde pública, mas não tiramos de cima da mesa essa outra situação: a justiça terá de funcionar, como forma de retrair qualquer outro acontecimento semelhante, seja em Lagos, seja em qualquer outro sítio do país».

É preciso que a atuação da justiça mostre «que o crime não compensa, que a ilegalidade não compensa», repisou.

Hugo Pereira não esconde a sua mágoa face às consequências da festa ilegal de Odiáxere: «de uma pequena festa, criaram um caso muito complicado, e os números são evidentes: neste momento temos muitas crianças infetadas, que não foram à festa, temos algumas pessoas de idade, que também não passaram por lá e que também estão afetadas».

«E depois temos toda uma economia que, nesta última semana, andou sem saber para que lado se havia de virar, por causa de uma brincadeira de mau gosto e de uma irresponsabilidade».

«Era isto que eu queria que a justiça visse: que houve alguém que não cumpriu as normas, por isso a justiça deve fazer deste caso um exemplo, para que a situação não se repita», conclui o presidente da Câmara de Lagos.

 

 

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