Docapesca nega qualquer irregularidade na compra de sardinha na lota de Quarteira

Docapesca vai agir judicialmente contra o autor do post

Imagem de Arquivo

A Docapesca garante que não houve qualquer irregularidade, nem situações menos claras, na compra de sardinhas na lota de Quarteira, apesar de um lote de 600 quilos desta espécie ter sido, efetivamente, comprado por 7 cêntimos ao quilo, na terça-feira, dia 16.

A empresa que gere todas as lotas do país veio a público defender-se de acusações que constam de um post na rede social Facebook, feito por um alegado sobrinho do dono da embarcação «Nossa Senhora dos Remédios», em que era colocada em causa a idoneidade da empresa, por ter pago aquele valor por cada quilo de sardinha a um armador local.

A publicação era acompanhada por uma imagem de um mapa de vendas, que comprova a transação pelos valores referidos, cuja veracidade foi confirmada pela própria Docapesca.

Mas a acusação esbarra, desde logo, no facto de não ser a empresa pública a comprar o pescado. «A Docapesca não consegue fazer nada. Eles só fazem a avaliação da frescura e definem o preço inicial do leilão. Depois, só pára de descer quando os compradores quiserem», explicou ao Sul Informação Hugo Martins, da Quarpescas, associação de armadores e pescadores à qual embarcação «Nossa Senhora dos Remédios», que vendeu o pescado, está ligada.

Ou seja, são os compradores privados que acabam por definir os preços, muitas vezes de forma injusta, na visão do dirigente associativo, como aconteceu na terça-feira.

«A Docapesca não tem culpa dos 7 cêntimos. Mas, no fundo, foi um roubo legal ao pescador» por parte do comprador que, na visão de Hugo Martins, «devia ter consciência» e não pagar um valor tão irrisório pelas sardinhas.

«Infelizmente, isto acontece muito, durante todo o ano, e não apenas com a sardinha. Se calhar, há que alterar o sistema de leilões que temos», defendeu o dirigente da Quarpesca.

Já a Docapesca referiu que o baixo valor pago por «quatro dornas de sardinha com o peso total de 600 quilos» se deveu à pouca procura, motivada pelas restrições a festas devido à Covid-19, que impedem a realização dos tradicionais arraiais dos Santos Populares, mas também à falta de qualidade do pescado em causa, por apresentar baixo grau de frescura, e ao facto da sardinha ser pequena.

«O tamanho varia entre 1 (maior) e 4 (menor) e o grau de frescura pode ser E (Extra, com maior frescura), A ou B (menor frescura). Neste caso específico, a sardinha vendida foi tamanho 3, grau de frescura B, ou seja, uma sardinha mais pequena e de pior qualidade».

A Docapesca revela mesmo que, nesse mesmo dia, o preço médio da sardinha, na lota de Quarteira, foi de «66 cêntimos» e o máximo de 1,19 euros.

Na semana anterior (8 a 12 de Junho), em que houve dois feriados e o dia de Santo António, os preços foram bem mais elevados: preço médio 2,97 euros por quilo e preço máximo 6 euros por quilo.

Apesar de, como frisou Hugo Martins, a Docapesca ser «apenas um intermediário» entre os pescadores e o comprador, as acusações do post feito na terça-feira, acompanhado pela fatura da venda do pescado por um valor global de 41,6 euros, dirigem-se à empresa.

«Quanto cobrou a Docapesca aos vendedores de mercado? Quanto lucrou?», questiona, defendendo que «o caso devia de ser investigado».

No mesmo post, é colocada em causa a conduta da empresa, uma vez que é referido que a embarcação «descarregou 1000 quilos de sardinha, dos quais só pesaram 600. Dos outros 400, nem rasto».

A Docapesca «repudia veementemente estas afirmações» e explica porquê.

«No dia 16 de Junho, a referida embarcação descarregou e vendeu 1524 quilos de sardinha na lota de Quarteira e não só os 600 quilos (conforme referido no post), tendo todo este pescado sido vendido neste dia», diz a empresa.

«Trata-se de uma “denúncia” que revela uma manifesta ignorância face à realidade, má fé e grande leviandade ao colocar em causa, não só o bom nome da empresa, como o dos seus trabalhadores. Porque não podemos compactuar com esta forma de estar, tão fácil e acessível nos dias de hoje, somos forçados a agir judicialmente sobre os autores dos comentários difamatórios», acrescentou a Docapesca.

A empresa, aliás, vai agir judicialmente contra o autor da publicação no Facebook.

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