Com menos autocarros, são as Câmaras a transportar os alunos do Secundário para a escola

«O local mais seguro para os alunos estarem é na escola»

Uma aula na Escola Secundária Pinheiro e Rosa – Foto: Flávio Costa | Sul Informação

As aulas do Ensino Secundário regressaram já no passado dia 18 de Maio e, na retaguarda, tem havido uma ajuda crucial: as Câmaras Municipais. Com a supressão de autocarros da EVA e Frota Azul, nos sítios mais isolados, são os transportes das autarquias algarvias que têm assegurado o transporte dos alunos do 11 e 12º anos de casa para a escola e vice-versa. 

Na Escola Secundária Pinheiro e Rosa, em Faro, tudo estava pronto para que nada falhasse no regresso, mas acabou por surgir um contratempo.

«Logo no início, não tive conhecimento dessa supressão dos transportes, mas, assim que dela tomei conhecimento, fiz um levantamento exaustivo, tive tudo em conta e ajustei os horários» das aulas, começa por explicar o diretor Francisco Soares, ao Sul Informação. 

Tanto a EVA, que serve todo o Algarve, como a Frota Azul, empresa que só opera no Barlavento, reduziram o número de autocarros usando como argumento a atual pandemia da Covid-19. Há menos transportes, com menos pessoas a bordo, mas há quem continue a necessitar de se deslocar, sobretudo agora, com o desconfinamento.

Em Faro, o problema da falta de transportes afeta alunos do 11º e 12º anos, que moram em localidades do interior do concelho de Faro, como Bordeira, Santa Bárbara de Nexe ou Alcaria Cova (Estoi).

Numa fase inicial, apesar da ajuda de «alguns encarregados de educação», houve casos de alunos -«um número residual» – que não conseguiram mesmo ir à escola.

 

Torneiras para lavar as mãos, na Escola Secundária Pinheiro e Rosa – Foto: Flávio Costa | Sul Informação

 

«Ao serem suprimidos os transportes na sua generalidade, fiquei apenas com uma linha que liga Faro a São Brás, com passagem por Conceição e Estoi. Todos os que ficam fora desta rota, ficaram condicionados», enquadra o diretor Francisco Soares.

Até que, da parte da Câmara, veio a resposta: a «autarquia disponibilizou-se para ter um transporte para ir buscar os alunos e já está tudo a funcionar em pleno».

Agora, só não está a ir à escola… quem não quer. Os horários foram ajustados, de maneira a que os alunos frequentem as aulas presenciais de manhã e as à distância da parte da tarde.

«Até agora, não houve problema nenhum neste regresso, nem do ponto de vista pedagógico, nem de segurança. Os alunos estão muito responsáveis e eu até costumo dizer que o local mais seguro para estarem é na escola», diz Francisco Soares.

No concelho vizinho de Loulé, também foi a autarquia quem se chegou à frente para transportar os alunos de localidades mais isoladas. Isso está a acontecer para os estudantes da Secundária de Loulé e da Escola Profissional de Alte.

Ana Machado, vereadora da Câmara de Loulé com o pelouro da Educação, explicou ao Sul Informação que esse transporte foi «agilizado desde o início» e está a acontecer em todas as freguesias, à exceção do Ameixial. Além da resposta da autarquia, também há «transportadoras» a fazer este trabalho.

 

Foto: Flávio Costa | Sul Informação

 

O objetivo é que nenhum aluno fique para trás neste regresso condicionado às aulas. As próprias crianças do pré-escolar, que já reabriu, e que necessitem de transporte, também têm na autarquia uma resposta.

Tal como Loulé, que até é o maior concelho do Algarve, Silves é um município que «vai da serra até ao mar». Com a diminuição do número de autocarros, um aluno que, por exemplo, more em São Marcos da Serra, a cerca de 30 quilómetros de Silves, viu-se num impasse.

Foi por isso que, à semelhança do que acontece em Faro e Loulé, a autarquia decidiu dar uma resposta, mobilizando as suas carrinhas e autocarros para transportar os alunos que moram em locais mais isolados.

«No início, tivemos a colaboração do pais, mas, agora que estamos todos a retomar as atividades de trabalho, isto tornava-se um constrangimento», admite Rosa Palma, presidente da Câmara, ao nosso jornal.

Assim, a Câmara está agora a transportar alunos que moram, por exemplo, em São Marcos da Serra ou em São Bartolomeu de Messines, as duas freguesias mais periféricas do concelho.

E esta é uma realidade transversal a tantos outros municípios algarvios. Em Vila Real de Santo António, a Câmara também está a disponibilizar as suas viaturas para transportar os alunos de Monte Gordo e Vila Nova de Cacela. Em Vila do Bispo e em Aljezur…igual.

Nestes concelhos, não há escola secundária, pelos que os alunos do 11º e 12º anos estão a ser transportados, por veículos das autarquias, até Lagos.

Quanto a Monchique, tem feito mais ainda: a Câmara está a pagar e a assegurar o transporte de alunos até Portimão.

A autarquia, em parceria com a empresa Frota Azul, assegurou o transporte dos alunos para os estabelecimentos escolares em Portimão, bem como o transporte dos alunos das zonas rurais até às paragens do transporte público, suportando o município todas as despesas.

Com menos autocarros na estrada, a ajuda para que os estudantes do Secundário possam terminar as aulas tem vindo das Câmaras Municipais.

 

Fotos: Flávio Costa | Sul Informação

 

 

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