Pais algarvios contestam orientações do regresso às aulas e queriam ensino à distância

FRAPAL «está a equacionar» a hipótese de pedir aos pais «que não permitam que os alunos regressem à escola»

A Federação Regional das Associações de Pais do Algarve (FRAPAL) contesta as orientações, enviadas às escolas, esta terça-feira, 5 de Maio, pelo Ministério da Educação, acerca do regresso presencial das aulas às disciplinas de exame do 11º e 12º ano. Ao invés, «deveria continuar o ensino à distância».

A FRAPAL é uma das entidades signatárias de uma posição da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE) que foi tornada pública hoje, 6 de Maio.

Em declarações ao Sul Informação, Nuno Sousa, presidente da FRAPAL, mostrou-se preocupado com o regresso das aulas, marcado para o próximo dia 18. «Continuar o ensino à distância era, para nós, a melhor decisão a ser tomada», disse.

Para este responsável, há «orientações dadas que serão difíceis de cumprir, como a questão do distanciamento social e do espaçamento dentro da sala de aula».

O regresso das aulas presenciais para alunos do 11º e 12º ano, para disciplinas de exames, teve como base uma melhor preparação dos estudantes para estas provas, um argumento que não colhe a aceitação da CNIPE e da FRAPAL.

«Este regresso será alegadamente para que os alunos tenham contacto com os seus professores antes dos exames. Contudo, prevê-se uma dinâmica diferente daquela a que os alunos estão habituados desde há muitos anos, o que não contribui para o objetivo previsto», contesta a Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação.

A CNIPE vai mais longe e diz que os alunos serão um género de «grupo-alvo de estudo em meio semi controlado para que se teste a imunidade coletiva. Não se pode permitir isto, pois os nossos filhos e educandos não são cobaias», acusa.

De acordo com as orientações do Ministério, conhecidas ontem, as aulas devem ter «um aluno por secretária», privilegiando «a utilização de salas amplas e arejadas».

As aulas também devem ser concentradas, «sempre que possível, durante o período da manhã ou da tarde», definindo o funcionamento das atividades letivas das 10h00 às 17h00 e «criando horários desfasados entre as turmas, evitando, o mais possível, a concentração dos alunos, dos professores e do pessoal não docente no recinto escolar».

Será obrigatório o uso de máscara, as mãos devem ser desinfentadas ou lavadas frequentemente e devem ser definidos circuitos e procedimentos no interior da escola, que promovam o distanciamento físico entre os alunos, no percurso desde a entrada da escola até à sala de aula, nos acessos ao refeitório, às entradas de pavilhões e às casas de banho.

A própria utilização dos refeitórios terá normas de funcionamento, como períodos de almoço desfasados entre turmas, sempre que possível, lavagem/desinfeção das mãos antes e após o consumo de qualquer refeição e preparação do tabuleiro e entrega, a cada aluno, por um funcionário, à entrada da linha do refeitório.

As Forças Armadas já estiveram em escolas algarvias para promover ações de sensibilização e formação aos funcionários sobre a desinfeção dos espaços, mas, apesar disto, a CNIPE levanta dúvidas sobre a eficácia da medida – «pelos relatos conhecidos, ainda não estão reunidas as condições de desinfestação e higienização das escolas», considera, em comunicado.

Nuno Sousa, da FRAPAL, acrescenta outro ponto ao rol de contestações. Este responsável considera «ambígua» a decisão do Ministério de permitir «faltas justificadas» aos alunos que não frequentem as aulas presenciais, por opção dos encarregados de educação.

«Quem não for às aulas presenciais, a escola não é obrigada à prestação de serviço remoto, o que nos preocupa», considera.

O facto de ser recomendado que os alunos permaneçam na sala de aula, mesmo durante os intervalos, também é visto com maus olhos, pois os alunos ficarão «muito tempo fechados, o que nos parece grave».

Por enquanto, a FRAPAL ainda não pensa em medidas mais drásticas, mas Nuno Sousa assumiu que «está a ser equacionada» a hipótese de pedir aos pais «que não permitam que os alunos regressem à escola».

«É algo que teremos em conta se não houver mudanças da parte do Ministério», concluiu.

Para conhecer as orientações todas do Ministério da Educação, clique aqui.

 

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