Morreu o Coronel Bota Filipe, criador do ZEFA – Centro de Arte Contemporânea em Almancil

Depois de se reformar do exército, dedicou-se às artes

A Câmara Municipal de Loulé manifestou «publicamente o mais profundo pesar» pela morte, no passado dia 25, de Coronel Bota Filipe, ilustre cidadão louletano, natural de Vale d’Éguas, Almancil, onde nasceu a 17 de dezembro de 1930 e fundador do ZEFA – Centro de Arte Contemporânea, na sua vila natal.

António Bota Filipe Viegas, do seu nome completo, fez o ensino primário em Almancil, a Escola Comercial em Faro e o Instituto Comercial em Lisboa, ingressando, depois, na Academia Militar, onde foi graduado em oficial, tendo sido posteriormente colocado na Administração Militar, onde exerceu funções de apoio logístico ao nível da alimentação, finanças e economia.

Em pleno período de guerra colonial, foi destacado para missões de combate, tendo completado três comissões de serviço, duas em Moçambique e uma em Timor, país onde, segundo o próprio, despertou a sua enorme “criatividade brutal”.

Depois de se reformar do exército, dedicou-se às artes, tendo estudado pintura, desenho, gravura, cerâmica e escultura no IADE e no Ar.Co, ambos em Lisboa, durante a década de 80. Em 1991, foi bolseiro em S. Paulo (Brasil) e professor convidado no Ar.Co em 1992.

Regressou à sua terra natal em 1993, tendo construído, num terreno que pertenceu à sua avó Josefa, ou simplesmente Zefa, um Centro de Arte Contemporânea com fundos integralmente seus, no mais puro altruísmo possível, perpetuando, pelas artes, o nome da sua ascendente.

No ZEFA – Centro de Arte Contemporânea, deu largas ao seu potencial criativo, tendo ainda convidado diversos artistas plásticos para se associarem ao projeto, o qual, além de ter proporcionado a realização de diversas exposições com entrada gratuita, foi inspirador para a realização de uma curta-metragem, bem como para o desenvolvimento de uma tese de mestrado.

Quis também registar de forma indelével a sua presença “terrena” noutros locais, tendo para o efeito sido o autor de um conjunto significativo de pinturas no Morgado de Salir.

Em nota de pesar, a Câmara de Loulé destaca também «o seu contributo para a valorização do calçadão da cidade de Quarteira, uma vez que Bota Filipe foi o autor dos desenhos de calcetaria inscritos naquele espaço público e que tanta beleza lhe dão».

Foi um homem sempre atento à contemporaneidade cultural, facto que o levou a frequentar, em 2007, numa fase já tardia da sua vida, um curso de Artes e Programação Cultural no Instituto Universitário D. Afonso III em Loulé.

«Desta forma, em virtude do seu falecimento ocorrido no passado dia 25, não poderia a Câmara Municipal de Loulé deixar de registar o seu percurso de vida e exemplo de cidadania, através de uma breve referência à obra cultural que nos deixou», salienta a autarquia, na sua nota de pesar.

 

 

 


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