Marcelo defende que decisões sobre fronteiras devem ser tomadas bilateralmente

O presidente do governo espanhol Pedro Sánchez anunciou ontem, dia 23, que vai abrir fronteiras em Julho

O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa comentou, este sábado, 23 de Maio, a decisão do Governo espanhol de abrir as fronteiras em Julho, considerando que temas como esse devem ser tratados «num clima bilateral», sob o risco de «não dar certo».

O presidente do governo espanhol Pedro Sánchez anunciou ontem, dia 23, que vai abrir fronteiras em Julho e promete dar garantias de segurança sanitária aos turistas, desafiando os espanhóis a planificarem as suas férias, desde já, em território nacional.

«Eu não queria falar desse tema, porque é um tema que nós entendemos que deve ser tratado num clima bilateral. Se é um clima bilateral, tudo o que unilateralmente seja feito por um lado, sem ser em conversa com o outro, tem fortes probabilidades de não dar certo», advertiu o chefe de Estado português.

Falando aos jornalistas à margem de uma visita ao Banco Alimentar Contra a Fome, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa destacou que prefere «seguir o caminho que tem sido seguido na parte portuguesa, que é o caminho bilateral».

«Fecha-se de comum acordo e depois os passos são dados, quaisquer que eles sejam, são passos que não devem ser unilaterais. Não pode ser um Estado a dizer ‘eu entendo’ – ou não deve ser – ‘eu entendo isto’, sem haver uma concertação como outros», defendeu o Presidente da República.

Na ocasião, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado também sobre as negociações com Espanha e com o Reino Unido, com o objetivo de criar corredores que facilitem as deslocações de emigrantes e turistas a Portugal sem terem de cumprir a quarentena imposta por aqueles países, decorrente da pandemia da Covid-19.

Aos jornalistas, o Presidente adiantou que estas negociações estão a decorrer também «com outros países» e concretizou que Portugal «tem estado a fazer diligências diplomáticas» para «perceber se há, ou não, outros países, no domínio do turismo, em que haja interesse para se criar qualquer coisa como corredores para o turismo».

Instado a detalhar com que países estão a ser feitos esses contactos, o Presidente respondeu: «provavelmente sei [quais são], mas agora não me ocorre».

«Ou se começa a tratar disso com antecedência, ou depois é tratado em cima da hora. Faz sentido começar a tratar agora, mesmo que a questão se coloque daqui a um mês, dois meses, três meses, quatro meses”, defendeu, considerando que “o pior que pode haver na política, como na vida, é deixar para o último minuto o começar a falar desses temas».

No final da visita, o Presidente foi também questionado sobre a TAP e o facto de o Governo não excluir o cenário de insolvência da companhia aérea.

«Tudo o que o Presidente da República disser sobre isso só dificulta, não facilita. E nas situações que já são complexas, estar o Presidente da República a opinar – qual cidadão Marcelo Rebelo de Sousa – sobre que TAP é que gostaria, que capital para a TAP, que solução financeira, qualquer um de nós com a experiência que tem na vida – eu como sou um bocadinho mais velho tenho mais experiência – nós sabemos que isso não vai facilitar nada, só vai dificultar», defendeu.

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