ICNF embarga corte de pinheiros mansos centenários na praia do Ancão

Câmara de Loulé diz que este é um «crime ambiental» que «não pode passar impune»

O proprietário de um terreno no Ancão, ainda em território do Parque Natural da Ria Formosa, cortou «inúmeros» pinheiros mansos, alguns deles centenários, ao abrigo do Plano Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios. Para pedir autorização, alegou que seriam pinheiros decrépitos e secos, mas não eram, e os trabalhos foram embargados esta segunda-feira pelo ICNF.

Joaquim Castelão Rodrigues, diretor regional do ICNF adiantou ao Sul Informação que «o proprietário do terreno alegou que iria cortar pinheiros decrépitos e secos, mas ficámos a saber que é muito mais do que isso» e «ontem [segunda-feira] os trabalhos foram embargados».

Além do corte de árvores saudáveis, numa área que se estima que possa atingir os 5 hectares, «houve intervenção no solo, destruíndo um habitat», acrescenta o responsável.

 

Foto de Arquivo: Castelão Rodrigues

Segundo Castelão Rodrigues, «foi levantado um processo de contra-ordenação e temos a equipa de fiscalização no terreno ainda a avaliar a extensão e o número de árvores efetivamente abatidas, para aplicação de uma eventual coima».

Além disso, «estamos a ver se há medidas de mitigação que possam ser tomadas e que medidas são essas».

A Câmara de Loulé, que já veio a público repudiar o abate de árvores nos terrenos do Ancão, concorda com esta necessidade e, em comunicado enviado às redações, garante que «independentemente das medidas que venham a ser determinadas pelo ICNF, a Câmara Municipal de Loulé irá contactar o proprietário exigindo, como medida mitigadora, a imediata replantação de espécimes de porte idêntico, em todas as áreas afetadas pela intervenção».

Os moradores da zona, que denunciaram a situação, levantaram a possibilidade deste abate de árvores permitir a construção, naquele local, de habitações com vista privilegiada, mas a Câmara de Loulé garante que o corte «não foi realizado ao abrigo de qualquer operação urbanística, sujeita a controle prévio» da autarquia.

 

 

O município garante também que «sobre o terreno em referência não está, neste momento, nem esteve num passado recente, em apreciação nesta edilidade qualquer pedido de licenciamento de qualquer operação urbanística».

Para a autarquia liderada por Vítor Aleixo, a intervenção levada a cabo de corte massivo e indiscriminado de inúmeros pinheiros e outras árvores saudáveis de grande porte, a coberto de “trabalhos de limpeza”, configura um verdadeiro atentado ambiental que não pode passar impune».

 

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