Banco Alimentar começa hoje campanha inovadora em 22 supermercados algarvios

Pandemia da Covid-19 trouxe mais pedidos de ajuda

Os pedidos aumentaram e, de um momento para o outro, o Banco Alimentar Contra a Fome no Algarve teve de duplicar o número de pessoas que ajuda. Em mês e meio, tudo mudou, mas a instituição não baixou os braços e, a partir desta sexta-feira, 22 de Maio, está em 22 supermercados da região a recolher alimentos, numa iniciativa diferente do habitual, mas pioneira à escala nacional. 

O final de Maio ou início de Junho costumam ser sinónimo de campanha do Banco Alimentar, em todo o país, à porta dos supermercados. Este ano, devido à pandemia da Covid-19, o momento teve de ganhar novos moldes.

Para já, é possível contribuir de duas maneiras: através da campanha online ou comprando vales de produtos disponíveis nas caixas dos supermercados.

Estas são iniciativas que estão a acontecer em todo o país, mas, no Algarve, pensou-se «em mais qualquer coisa».

«Decidimos lançar um desafio a nós próprios e vamos estar, até 31 de Maio, presentes em 22 lojas do Algartalhos, Apolónia e Jafers, as cadeias de supermercado da região», começa por explicar Nuno Cabrita Alves, presidente do Banco Alimentar Contra a Fome no Algarve, ao Sul Informação.

 

 

«Desenvolvemos uns cartazes próprios e as lojas vão ter um local para a colocação de alimentos (ou um carrinho ou um contentor, devidamente identificado). A próprias lojas vão criar ilhas com produtos, identificados, para o Banco Alimentar», acrescenta.

Esta iniciativa decorrerá em todas as lojas do Apolónia (Lagoa, Galé e Almancil) e em três do Jaffers (a de Vilamoura e duas em Quarteira – Largo do Mercado e Rua 25 de Abril).

No Algartalhos, as lojas escolhidas são a dos Olhos de Água, Quarteira, Almancil, Faro (Montenegro, Largo do Carmo, São Luís e Santo António), Olhão (Bairro dos Índios, Rodoviária, Bairro Cavalinha e CHASFA), São Brás de Alportel, Fuzeta, Tavira, Conceição de Tavira e Manta Rota.

Em todos estes supermercados, os voluntários serão «os próprios funcionários». «São eles que vão pedir para as pessoas doarem ao Banco Alimentar porque não teremos os voluntários à porta, como é hábito», enquadra Nuno Cabrita Alves.



Esta é mesmo uma iniciativa inovadora à escala nacional. «Foi uma ideia nossa e estamos expectantes em relação ao resultado final. Se correr bem, até poderemos continuar, no futuro, com isto, em lojas de pequena dimensão, onde nem sempre é possível é ter voluntários durante as campanhas ditas normais», explica.

Apesar de não fazer estimativas quanto ao número de toneladas de alimentos que poderão ser angariadas, Nuno Cabrita Alves reconhece que, neste período de maior carência, toda a ajuda é bem-vinda.

«O Banco Alimentar criou uma Rede de Emergência Alimentar há cerca de mês e meio e, aqui no Algarve, temos uma equipa de 9 voluntários. Passámos a receber, todos os dias, o número de pessoas que pede ajuda e a equipa, que está organizada por concelhos, faz a triagem das pessoas, junto das instituições e das câmaras municipais», explica.

 

 

De resto, desde que esta Rede foi criada, o Algarve já recebeu «741 pedidos de ajuda, ou seja: o equivalente a 1918 pessoas».

Estamos a falar de pessoas que contactaram diretamente o Banco Alimentar, algo que espelha as dificuldades pelas quais muita gente está a passar, na região.

«É, digamos, uma pobreza diferente. São pessoas que tinham negócios, tinham atividade, comerciantes ou profissionais liberais que, de um momento para o outro, viram os seus negócios parar, sem qualquer tipo de aviso prévio», lamenta o presidente do Banco Alimentar Contra a Fome no Algarve.

Esta é, de resto, uma característica especial da crise que vivemos. «A diferença é a imprevisibilidade e a forma abrupta como aconteceu. Se uma pessoa tiver noção de que as coisas ficarão difíceis, tenta-se sempre adaptar, mas, neste caso, o que se passou foi que, de repente, as pessoas deixaram de poder trabalhar», refere.

De momento, o Banco Alimentar ajuda cerca de 18700 pessoas na região algarvia, um número que «duplicou» em mês e meio. «Ainda não chegámos aos valores do tempo da crise, onde chegámos a ajudar 23 mil pessoas, mas, infelizmente, é provável que lá cheguemos», lamenta Nuno Cabrita Alves.

Mas, também há boas notícias: «o lado bom disto é que as doações aumentaram, mais do que nunca». O Banco Alimentar no Algarve tem recebido «apoio de empresas agrícolas, das cadeias de supermercados e das próprias empresas de distribuição que estão diariamente a fazer entregas aqui no Banco Alimentar», exemplifica Nuno Cabrita Alves.

Durante este mês e meio, houve cerca de 7500 quilos de alimentos doados. «Há mais 35 toneladas que já começaram a chegar e, ainda este mês, vamos receber mais 20. Com todos os donativos que chegaram e vão chegar, é que vamos sobreviver», diz.

 

 

A juntar a isto, há também pessoas a fazer donativos em dinheiro. Até 13 de Maio, o Banco Alimentar recebeu 6695 euros e há um grupo de cidadãos estrangeiros que também já doou mais 5000 euros.

«Queremos comunicar isto de forma transparente porque as pessoas não podem ter dúvidas de que este dinheiro será mesmo usado para comprar alimentos», realça o presidente do Banco Alimentar no Algarve.

No meio desta pandemia, Nuno Cabrita Alves também faz questão de vincar o trabalho «de todos os que estão a colaborar connosco e às instituições que, mesmo em situação de pandemia, não baixaram os braços».

«Muitas vezes, não se dá o valor a esta rede silenciosa que todos os dias ajuda a alimentar milhares de pessoas», conclui.

 

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