Algarve já atingiu a fase de planalto, mas há que manter todos os cuidados [com mapa interativo]

Os próximos tempos «passarão sempre por uma vida diferente daquela que tínhamos antes desta pandemia»

 

«Da análise da situação epidemiológica do Algarve, podemos dizer que atingimos uma fase de planalto» quanto ao número de novos casos de Covid-19 na região, afirmou ontem Paulo Morgado, presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, durante a conferência de imprensa semanal na sede do Comando Regional de Emergência e Proteção Civil do Algarve, em Loulé.

É que, explicou este responsável, «nas últimas semanas temos tido um aumento de casos de 5% e na última semana, mesmo inferior a 5%». De ontem, dia 17, para hoje, dia 18, por exemplo, o boletim epidemiológico da Direção-Geral de Saúde apenas aponta um novo caso em todo o Algarve, cujos números totais passaram para 306 casos confirmados desde o início do surto na região.

Outra boa notícia é o facto de o rastreio que o Algarve Biomedical Center anda a fazer aos utentes e funcionários dos lares de idosos ainda só ter encontrado casos positivos no lar da Santa Casa da Misericórdia de Boliqueime. Todos os outros testes feitos em instituições de 12 dos 16 concelhos algarvios deram negativo.

Paulo Morgado acrescentou que a situação é «estável na região» algarvia, com um «aumento do número de casos muito ligeiro, mesmo comparando com os valores nacionais» que também parecem mostrar alguma estabilidade.

Esta é uma «situação que nos tranquiliza, mas que não nos pode fazer baixar a guarda», sublinhou. O principal objetivo agora é «continuar a reduzir o número de contactos que cada um tem com outras pessoas, reduzindo assim a possibilidade de a doença se transmitir».

«Podemos estar nesta situação [de planalto da curva de casos] ainda durante algumas semanas e depois chegaremos a uma fase onde, desejavelmente, a doença começará a reduzir-se. Quando o número de recuperados ultrapassar a progressão de novos casos, entraremos numa fase descendente, mas sempre não baixando a guarda e não reduzindo as medidas que são essenciais para ajudar a controlar esta transmissão«, acrescentou o presidente da ARS Algarve.

Paulo Morgado vaticinou que «vamos estar nesta situação muito provavelmente durante alguns meses, enquanto não tivermos um tratamento eficaz ou uma vacina».

De qualquer modo, avisou, os próximos tempos, de regresso à normalidade possível, «passarão sempre por uma vida diferente daquela que tínhamos antes desta pandemia».

E depois do dia 3 de Maio, quando, previsivelmente, for levantado o estado de emergência, como vão correr as coisas?, quiseram saber os jornalistas.

O presidente da ARS Algarve começou por dizer não ter dúvidas que «as limitações que foram impostas, não apenas nas fronteiras, mas também no aeroporto, à limitação da circulação das pessoas, foram muito positivas para o Algarve, trouxeram de facto uma redução da importação de casos a partir de outros países e de outras regiões».

Tendo em conta que «nós não estamos sozinhos no mundo», «se abrirmos as fronteiras, se abrirmos o aeroporto, se deixarmos de ter restrições e se não houver outras medidas que mitiguem ou pelo menos reduzam a transmissão, vão continuar a ocorrer mais casos, enquanto continuar a existir a doença à nossa volta».

Paulo Morgado deu mesmo o exemplo da China que, «depois de resolver o problema internamente, começou a ter casos importados, e a partir desses também alguns casos locais».

Por isso, avisou, «se a doença estiver noutros países, inevitavelmente poderá chegar ao Algarve e a Portugal».

Da mesma opinião é Ana Cristina Guerreiro, delegada regional de Saúde do Algarve: «se isto fosse um jogo, ficávamos todos em casa por tempo indefinido até acabar a pandemia. Mas não é, estamos a viver a vida real». Por isso, admitiu, «quando houver medidas mais permeáveis, é possível que voltemos a ter mais novos casos».

António Pina, presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil de Faro por inerência do seu cargo de presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), também presente na conferência de imprensa, pediu «um esforço adicional» aos algarvios. «São mais 15 dias até podermos ver a luz ao fim do túnel», mas são dias «determinantes para voltar à nossa vida com a normalidade possível».

«Não é para começarmos a sair de casa já, porque isto está quase», avisou. «Se queremos comer as caracoladas de Maio temos de ficar em casa nestas duas semanas».

António Pina também defendeu que a «organização a nível regional é determinante, não só para a fase de crise, mas para o que aí vem». Tem mesmo de haver «políticas diferentes de região para região», frisou, aludindo ao facto de o Algarve parecer mais bem preparado para o regresso a uma certa normalidade que outras regiões do país.

 

Veja aqui o mapa ampliado

 

 

Nota 1: o mapa é atualizado sempre que necessário com dados fornecidos pela DGS, Câmaras Municipais, Delegada Regional de Saúde, Administração Regional de Saúde e/ou outras fontes contactadas pelo Sul Informação.

Nota 2: Pode haver discrepância entre o número total de casos e aqueles que são, no mapa, distribuídos por concelho, uma vez que a informação divulgada pela DGS, apresentada por concelho, se «refere ao total de notificações clínicas no sistema SINAVE, correspondente a 82% dos casos confirmados». Leia as restantes explicações constantes do mapa.

 

 

Ajude-nos a fazer o Sul Informação!
Contribua com o seu donativo, para que possamos continuar a fazer o seu jornal!

Clique aqui para apoiar-nos (Paypal)
Ou use o nosso IBAN PT50 0018 0003 38929600020 44

 




 

 

Comentários

pub