Viveiros de plantas do Algarve estão em «situação crítica» e pedem apoio do Governo

Empresas faturaram apenas 10% do que seria normal nas últimas semanas

Os grandes produtores de plantas ornamentais do Algarve estão a atravessar uma «situação crítica» devido à crise Covid-19 e pedem ao Ministério da Agricultura um «apoio a fundo perdido à retirada do mercado, para compensar a destruição da produção».

José Dâmaso, diretor dos Viveiros Monterosa, em nota enviada às redações, explica que «os Viveiros Monterosa, Viplant, Bayflor, Citrina e Flores Pendulares são dos principais exportadores de plantas ornamentais do nosso país, gerando cerca de 30 milhões de euros de riqueza para a região do Algarve e empregando 500 trabalhadores na sua maioria permanentes. Estas empresas fornecem os principais grossistas, cadeias de garden centres e floristas da Europa, tendo igualmente um importante papel no abastecimento do mercado nacional».

No entanto, «com os principais mercados de exportação bloqueados, nomeadamente a França, Holanda, Alemanha, Inglaterra e Espanha os produtores não conseguem escoar o seu produto, faturando nas últimas duas semanas aproximadamente 10% do que seria normal».

José Dâmaso

O mesmo está a acontecer nas vendas no mercado nacional, uma vez que «o período de Março-Maio está para o setor das plantas mediterrânicas como o Junho-Agosto está para o turismo», afirma José Dâmaso. Estas empresas «fazem 75% da sua faturação anual na Primavera».

As plantas ornamentais são um produto perecível com um tempo muito curto de venda. «Normalmente após estarem prontas deverão ser expedidas num prazo máximo de duas a três semanas, caso contrário deixam de ter a qualidade exigida pelos nossos clientes e temos que as jogar para o “lixo”», afirma José Dâmaso.

Nos últimos dias, estas empresas «já começaram a destruir plantas não vendáveis e a fazer as suas contas. Se a situação se mantiver, estimam perder cerca de 12 milhões de euros nas próximas semanas».

José Dâmaso realça que este setor tem uma «particularidade», uma vez que «os produtores não podem fechar temporariamente. A produção das plantas é contínua. Se pararmos, além do curto prazo, estaremos a comprometer as vendas do médio e longo prazo, pois já iniciamos a produção das plantas para colocar no mercado no segundo semestre deste ano, assim como uma parte das da primavera de 2021».

Estas empresas, algumas delas com quase meio século de existência, «estão a fazer tudo o que está ao seu alcance para manterem a suas atividades em funcionamento e garantir os muitos postos de trabalho».

No entanto, para José Dâmaso, «as várias medidas de apoio lançadas recentemente pelo Governo são insuficientes. Além dos apoios de tesouraria de curto prazo já lançados, estes produtores necessitam urgentemente da parte do Ministério da Agricultura da criação de um apoio a fundo perdido à retirada de mercado para compensar a destruição da produção. Caso contrário estaremos a adiar a crise, pois as empresas ficarão com um problema estrutural», conclui.

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