Cidadãos marcham em Tavira contra a falta de ação para travar alterações climáticas

Trata-se de uma iniciativa «coletiva, pedestre e intergeracional»

Foto: REconomia Tavira

Cidadãos, residentes e estudantes de Tavira vão marchar na sexta-feira, 13 de Março, «para protestar contra a falta de ação global e local relativamente às alterações climáticas».

A marcha começa às 17h00 no Centro de Experimentação Agrícola, em frente à Estação Ferroviária  de Tavira. Seguirá até à Praça da República, onde fará uma pausa para breves declarações em  frente à Câmara Municipal. Terminará no Jardim do Coreto no local da controversa ponte.

Esta marcha «coletiva, pedestre e intergeracional» tem o objetivo de assinalar as manifestações globais pelo Clima nomeadamente a “Greve Climática Geral” e a “Greve Climática Estudantil” suportadas pelo movimento global “Fridays4Future” liderado pela jovem sueca Greta Thunberg.

Esta iniciativa acontece em sintonia com os propósitos da cimeira do clima da ONU, nomeadamente com a próxima Cop26 em Glasgow, Reino Unido.

Às 19h00, será exibido o documentário «The Story of Plastic», no Clube de Tavira.

Os promotores da iniciativa salientam que as alterações climáticas são bem reais. «A ciência das alterações climáticas não deixa margem para dúvidas. O relatório do IPCC de 2018  confirmou o que se sabe há décadas: o aumento da frequência e gravidade de fenómenos  climáticos extremos, como tempestades violentas e secas prolongadas, são resultado das  alterações climáticas e a humanidade precisa de agir para as travar», explicam.

Mas qual é a resposta do Algarve, e mais especificamente de Tavira? Simon Pannett, presidente da REconomia Tavira, diz que «os pareceres de peritos exigem não só  a redução de carbono, mas também a plantação de mais árvores. O clima algarvio necessita  estar muito atento à água, e no entanto, a monocultura agrícola e turística esgotam cada vez  mais os nossos recursos hídricos».

Por isso, salienta Simon Pannett, «caminharemos a 13 de Março para pedir mais uma vez a  regeneração local, a resiliência, e a necessidade de os políticos agirem, em vez de apenas  falarem».

«Aqui em Tavira, o centro de experimentação agrícola pode ajudar a fornecer respostas,  mas a sua própria existência é ameaçada por subfinanciamento, pela construção de uma nova  estrada e por mais um projeto de urbanização», acrescenta.

Por seu lado, Lionel Kafcsak, de Tavira em Transição, acrescentou outra preocupação: «embora seja claro que  o trânsito rodoviário necessita de ser desviado, é incompreensível que as autoridades tenham  escolhido a pior opção possível. A estrada não apenas secciona um importante centro de  pesquisa, uma reserva de biodiversidade, mas potencia também trânsito e poluição junto aos  portões das nossas escolas».

«Que exemplo é este para os nossos filhos, para a sua perspetiva  de um futuro mais verde e seguro?», interroga Lionel Kafcsak.

Tavira em Transição, REconomia Tavira e Cidadãos pelo CEA Tavira, lado a lado com outros  cidadãos ativos, estão reunidos desde a última Marcha Global de Tavira, em Setembro de 2019.

Nessa marcha, mais de 250 pessoas reuniram-se «lado a lado com políticos locais em prol desta  questão global».

Mas agora, defendem os cidadãos, «as ações da autarquia local contradizem evidentemente todas as suas  promessas de trabalhar por um futuro que beneficie o Planeta, o Ambiente e as pessoas».

E aconselham mesmo a que se olhe para a vila de Mértola, «logo do outro lado da fronteira regional, no Alentejo», que «demonstra  que as coisas podem ser feitas de uma maneira bem diferente».

«O projeto interdisciplinar de  Mértola integra um centro de investigação, um centro de residências para cientistas, um museu  que combina artes, ciências e património agrícola. Até 2050, Mértola pretende ser um caminho  para a regeneração de ecossistemas, e para a produção resiliente e saudável de alimentos».

Ora, defendem as organizações de cidadãos, «Tavira, capital da dieta mediterrânica, pode e deve liderar uma iniciativa semelhante para  Portugal, tendo o CEA Tavira como base».

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