Morreu Manuel Gamboa, artista lagoense de renome internacional

Manuel Gamboa era uma referência no mundo das artes

Manuel Gamboa, artista plástico natural de Lagoa, morreu esta quinta-feira, 13 de Fevereiro, aos 94 anos, no Hospital de Portimão. 

O artista já tinha a sua saúde debilitada há muito tempo.

Manuel Gamboa era uma referência no mundo das artes, tendo obras suas em várias coleções de pintura públicas e privadas de grande nível, em todos os continentes.

Expôs, em nome individual, em países como a Alemanha, por diversas vezes, bem como em vários locais de Portugal incluindo a Galeria de São Bento.

A sua dimensão internacional fez com que Lagoa lhe atribuísse, em 1983, a Medalha de Mérito Municipal do concelho, sendo o patrono da principal sala de exposições do Convento de São José.

Em 2017, por ocasião do seu 92º aniversário, a Arandis Editora publicou a obra biográfica «A Jornada de Mestre Gamboa», de Maria Helena Carmo.

Ainda recentemente, uma exposição sobre artistas plásticos do Algarve, que esteve patente no foyer do Teatro das Figuras, em Faro, integrava obras de Manuel Gamboa. 

Uma longa biografia dedicada a Manuel Gamboa foi publicada no blogue mgamboa, da autoria de João de Lagoa, amigo íntimo do artista.

Manuel Rosário Gamboa das Neves nasceu a 24 de Maio de 1925, em Lagoa.

Viveu em Lisboa, em casa de seu pai, desde 1932 a 1944 e voltou para o Algarve, aos 19 anos, de onde parte, rumo a Marrocos, onde permanece durante apenas um ano.

Desde a infância pré-escolar que revelou tendências e vocação para o desenho e a pintura.

Autodidata com elevado grau de exigência técnica e estética, inicia a carreira artística nos anos 50, frequentando os meios culturais e ateliers de vários artistas de Lisboa, salientando-se Artur Bual, Francisco Relógio, Rui Filipe, os irmãos Bronze, Charrua, M. Cargaleiro, D’Assumpção, Gonçalo Duarte, Figueiredo Sobral, Mário Silva e Hilário Teixeira Lopes …e com algumas das mais sólidas referências tradicionais, do modernismo e do futurismo, como Abel Manta, Jorge Barradas e Almada Negreiros.

Mantém, na altura, convivência estreita com poetas e escritores seus contemporâneos, como Manuel de Castro, J. Pressler, Herberto Helder. David Mourão-Ferreira e Natália Correia, lado a lado com Virgílio Ferreira e Sttau Monteiro, Aquilino e Tomaz de Figueiredo.

Em princípio de carreira, foi subsidiado pela Fundação Calouste Gulbenkian nos seus estudos e aprendizado e, em 1960, visita Paris, onde vive temporariamente em casa do pintor D’Assumpção.

Ao longo da sua obra, resultante heterogénea de imensa produção, cultiva dominantemente a Pintura, o Desenho e a Escultura, mas experimenta e, pontualmente, ensaia ou realiza, trabalhos, em quase todas as modalidades plásticas e visuais: cerâmica, tapeçaria, arte pública e monumental.

A sua obra gráfica é particularmente apreciável, quer no desenho, quer na gravura (linóleo, serigrafia), na monotipia e no batik (pintando sobre tecidos, em modelos originais de vestuário).

Perdidas, muitas vezes, sob o aspeto injusto do anonimato, são notáveis algumas das suas criações gráficas no campo (outrora menor) da ilustração da caricatura e do humorismo (cartoon) ou, mais esporadicamente, do grafismo mural e do cartaz.

Em 1964, assumindo uma recomendação do escultor e ceramista Hein Semke (radicado em Portugal) instala-se em Hamburgo, onde se fixa, frequenta o meio sociocultural e exerce intensa atividade artística profissional, permanecendo na Alemanha, até 1987.

Desde 1960 a 1964, dedicou-se ao estudo da História de Arte, frequentando ciclos de conferências-livres e seminários, na Universidade de Hamburgo.

Em finais dos anos 80, regressa a Portugal, construindo a sua casa-atelier em Vale d’el-Rei – Lagoa, sua terra natal.

Neste retiro – à margem do calendário – prosseguiu, dia-e-noite, o incessante trabalho de artista.

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