“Lavrar o Mar” serve medronho e ouve a cantora deitada

Dois espetáculos ao mesmo tempo em dois fins de semana

Inês, Marta e Sofia são três atrizes que encarnam o papel de mulheres da serra, falando, em duas destilarias de medronho e uma casa, da sua relação com Carlos, o Urso. Já Alice é uma menina que adora cantar ao ar livre e deitada. O que será que têm em comum estas histórias que parecem tão diferentes?

À partida, nada… não fosse o “Lavrar o Mar”. É que estas são as duas novas produções deste programa que percorre Aljezur e Monchique, tendo a particularidade de serem exibidas, em dias iguais, em dois fins de semana. Falamos de “A Cantora Deitada” e mais uma saga de “Medronho”, desta vez com o subtítulo “Fermentação e Destila”.

Comecemos pela “Cantora Deitada”, um espetáculo dedicado a toda a família, com base num livro escrito por Sandro William Junqueira, com ilustrações de Maria João Lima.

«Esta história fala sobre Alice, uma menina que adora cantar, mas que não gosta de o fazer no duche ou no coro da igreja, mas apenas ao ar livre e deitada», começa por explicar Madalena Victorino, ao Sul Informação.

E porquê?

«Para que, quando lança a sua voz para o ar, as árvores possam apanhar as notas das suas canções. Quando o fazem, ficam ali com algo de muito interessante que querem logo transmitir às nuvens para que, quando chove, ao ouvirmos as gotas de água, haja música», conta.

Este é um espetáculo para «participar em pleno». «A história vai acontecer nas mãos, na boca das crianças e dos adultos. Os mais pequenos vão ser desafiados a desenhar e a pintar, em folhas, esta história», explica Madalena.

A “Cantora Deitada” estreia este sábado, 8 de Fevereiro, às 15h00, no Espaço +. No mesmo local haverá, também no sábado, uma sessão às 17h30. Já no domingo, dia 9, os espetáculos são às 11h00 e às 15h00.

Em Monchique, “A Cantora Deitada” só terá uma exibição para o público em geral. Será no dia 15, às 15h00, na Sala Multiusos da Junta de Freguesia. Ainda há bilhetes para todas as sessões.

«Estão dias muitos bonitos e é perfeito para as famílias rumarem a Aljezur, passearem e, depois, assistirem ao nosso espetáculo!», convida Madalena Victorino.

E, como se não chegasse, o Lavrar o Mar tem ainda uma outra proposta para estes dias – esta vocacionada para um público mais adulto. É a saga “Medronho”, um ciclo de espetáculos que já deixou uma marca em Monchique, terra deste néctar.

 

Madalena Victorino

 

«É sempre mais um capítulo novo, mas ligado aos anteriores. Desta vez, o Afonso Cruz escreveu três histórias para três mulheres da serra. Todas podiam ser a mesma, mas acabam por ser diferentes umas das outras», diz, sorridente, a programadora cultural.

Desta vez, “Medronho” tem uma grande novidade. «Vamos subir mais para dentro da serra, com duas novas destilarias e uma casa», adianta Madalena Victorino. Onde?

«É mais interessante as pessoas serem surpreendidas! Temos um ponto de partida, no Heliporto de Monchique, e daí iremos, de autocarro, rumo à serra. O público chegará a um ponto da serra onde começará a caminhar. Encontrará a primeira destilaria, pára, ouve, vê, come e bebe a primeira história e será sempre nesse ritmo: cada história num espaço», diz.

Nas duas destilarias e na casa serão contadas as histórias de três mulheres da serra, encarnadas pelas atrizes Marta Gorgulho, Inês Rosado e Sofia Moura.

«Fermentam-se as histórias das mulheres enquanto a destila está a ser feita nas caldeiras», explica Madalena Victorino.

Haverá comida da serra e, claro, o medronho sempre a acompanhar estas histórias.

«As três mulheres vão falar sobre o Carlos, a quem chamam o Urso, alguém que vai balizar toda a história. Falarão da visão que têm dele, dos seus amigos, do pai… São todos homens que têm um papel na vida destas mulheres. No fundo, isto é uma metáfora sobre o papel que as mulheres têm na serra e da sua relação com os homens», diz.

Por isso, preparem-se: estes são textos «bonitos, mas duros» porque a vida na serra é assim mesmo.

«É uma ficção enraizada na verdade de como as pessoas vivem e sentem na serra, com tudo o que ela tem de romântico e de cruel», conclui.

“Medronho” começa hoje, 7 de Fevereiro, e terá exibições nos dias 8, 9, 14, 15 e 16. O ponto de encontro é sempre às 19h30, no Heliporto de Monchique.

As sessões de sábado (dias 8 e 15) já se encontram esgotadas. As outras todas ainda têm bilhetes disponíveis, a 10 euros, que podem ser comprados  aqui.

O“Lavrar o Mar” é um projeto que conta com os apoios do 365Algarve e CRESCAlgarve2020.

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