Com a 8950, usar um sabão ou champô nunca mais será igual

A 8950 é uma das empresas incubadas no CRIA – Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia da Universidade do Algarve

Foto: Sanda Vuckovic

Quem é que nunca levou para casa um sabão ou champô de um hotel? Mas nunca terá pensado, porventura, no facto de essas serem recordações «de má qualidade, com produtos químicos autorizados, mas que têm efeitos nocivos». Para combater essa realidade, Eglantina Monteiro decidiu criar a sua própria marca de amenities, produzida a partir de matérias-primas 100% nacionais e naturais.

Chama-se 8950 e o nome não podia ser mais adequado – esse é o código-postal de Castro Marim, o local que está na origem da marca, lançada em Novembro de 2019, e que lhe serviu de inspiração.

A ligação de Eglantina Monteiro à hotelaria  não é nova. Ela e o marido têm, desde 2008, a Companhia das Culturas, um turismo rural em Castro Marim.

 

 

«A ideia como surgiu? Não é que não haja imensa oferta no mercado, mas tudo o que existe é feito por uma multinacional que serve a hotelaria quase a nível mundial. Essas amenities – aqueles produtos que a hotelaria oferece em termos de higiene – são de má qualidade, com produtos químicos autorizados, mas que têm efeitos nocivos», começa por explicar ao Sul Informação. 

«Esta é uma marca que usa produtos de qualidade, com óleos essenciais biológicos, e que passou por todos os crivos. Pensámos: não há? Vamos fazer. Por isso, definimos aquilo que são os óleos essenciais que foram trabalhados pela Pharmaplant, uma spin-off da Universidade do Algarve», acrescenta, sorridente.

Assim nasceram o sabão líquido, cuja espuma provém exclusivamente de extratos de Quilaia (Quillaja saponaria), também conhecida como casca-de-sabão, um champô (a presença da proteína de trigo hidrolisada atua como condicionador e é um nutriente capilar) e um creme de corpo que tem óleo de grainha de uva, glicerina vegetal, triglicérido cáprico e ácido esteárico.

A isto junta-se, ainda, um gama de acessórios (escova de dentes em bambu, pasta dentífrica biológica, bálsamo labial, touca de banho compostável, cotonetes e discos de algodão biodegradáveis).

 

No fundo, esta é uma marca que celebra todo um ecossistema.

O aroma – desenvolvido pelo perfumista Lourenço Lucena – é produzido com óleos essenciais e extratos de plantas autóctones do ecossistema constituído pela Serra do Caldeirão, Barrocal e Litoral, conjugando plantas alimentares, com medicinais e de cosmética.

Há alfarroba (Ceratonia siliqua), esteva (Cistus ladanifer), murta (Myrtus communis), funcho do mar (Crithmum maritimum), alecrim (Rosmarinus officinalis) e macela (Helychrysum stoechas).

Outra das grandes particularidades destes produtos é que tentam terminar com um dos grandes males das amenities: «são um dos maiores poluidores em termos de plástico», diz Eglantina, que é antropóloga de formação e foi professora universitária de 1985 a 2007.

«Isso é de tal maneira verdade que a Comissão Europeia vai proibir, a partir de Janeiro de 2021, a utilização de plástico nesses produtos. Voltando atrás, tendo nós, na Companhia das Culturas, uma premissa de sustentabilidade, eu tinha a consciência de que aquilo que colocava para os meus clientes era mau», considera.

Na 8950, o sabão líquido, o champô e o leite de corpo apresentam-se em frascos de cerâmica de Alcobaça, desenhados pela ceramista Sofia Magalhães, e estão isentos de plástico.

 

O champô – Foto: Sanda Vuckovic

As embalagens de papel de algodão são de Sofia Areal, que trabalhou a identidade visual da marca, convocando o rigor do trabalho da ciência, as preocupações ecológicas e a dimensão estética.

Por agora, a 8950 já está presente, por exemplo, no “TAG – The Art Gate”, em Lisboa, uma guesthouse de luxo, que também tem um restaurante fine dining e uma galeria de arte, bem como no restaurante “Epur chef Vincent Farges”, na capital portuguesa, detentor de uma estrela Michelin.

Os produtos também são usados no estúdio de beleza “Sisu”, em Cascais. Além disto, a empresa está a fechar «acordos com outros hotéis».

A 8950 é, desde Julho, uma das empresas incubadas no CRIA – Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia da Universidade do Algarve, algo que é visto como essencial.

«Tem sido um apoio inestimável. Ter à disposição um espaço como este para desenvolver um projeto é uma grande mais-valia. O facto de estarmos aqui incubados permite-nos esta coisa essencial que é a relação e a troca de conhecimentos com outras empresas, como a Pharmaplant», diz Eglantina Monteiro ao nosso jornal.

Da parte dos consumidores, há uma consciência cada vez maior da importância de usar produtos locais e amigos do ambiente. «Noto que as pessoas são cada vez mais ativistas, querendo saber qual a origem dos produtos e como chegam estes até nós», considera.

Assim, apesar dessa vocação maior para a hotelaria, a verdade é que os produtos da 8950 podem ser comprados por qualquer um. Por agora, o público pode encontrar estes artigos à venda na Companhia das Culturas e, no futuro, na loja do hotel Vila Joya (Albufeira).

O sabão líquido, champô e creme de corpo custam 28 euros, para a edição especial com relevo, ou 25 euros, no caso dos frascos em cerâmica cinza. Depois de comprar o primeiro, pode adquirir-se recargas, de 200 mililitros, por 9,60 euros.

Para encomendas ou mais informações, pode clicar aqui.

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