«Algarve é das regiões mais expostas às alterações climáticas» alerta o primeiro ministro

Para que o Turismo possa continuar a crescer e a afirmar a sua importância na economia nacional, «o valor da segurança é absolutamente essencial»

«O Algarve é das regiões mais expostas às alterações climáticas – está exposto ao risco de erosão costeira, de seca, de incêndio», alertou este sábado o primeiro ministro António Costa, na inauguração da Base de Apoio Logístico (BAL) da Proteção Civil, em Quarteira.

O chefe do Governo sublinhou que «o processo das alterações climáticas tem vindo a criar novos riscos e a agravar os riscos pré existentes», sendo preciso estar atento, em especial em regiões como a algarvia.

António Costa, que já tinha estado em Loulé uma hora antes, para inaugurar um outro equipamento – o edifício do Comando Regional de Emergência e Proteção Civil (CREPC) do Algarve – salientou que «a Proteção Civil não existe só para combater os incêndios florestais, existe essencialmente para desenvolver uma cultura de segurança, assente na prevenção, na proteção e na reação perante situações de catástrofe, qualquer que seja a sua natureza».

Sobre os incêndios, o chefe de Governo manifestou o seu regozijo por já ter «finalmente o visto do Tribunal de Contas», permitindo que, «neste momento», já esteja «em curso em todo o país um conjunto de empreitadas para executar o plano nacional de faixas de interrupção, no valor total de 11 milhões de euros».

Lembrando que tem sido feito um «esforço de qualificação da nossa estrutura», Costa acrescentou que também «tem sido feito um grande esforço na última década, na qualificação, no equipamento, na formação e na modernização dos diferentes agentes da proteção civil». Exemplo disso é a inauguração do CREPC, em Loulé, que é «o primeiro Comando Regional que o país tem».

Quanto à Base Logística de Quarteira (BAL), o primeiro ministro explicou que esta irá servir «não só os bombeiros da região, mas em particular os grupos de reforço que são deslocados para dar apoio à região, em alguma situação de catástrofe».

 

Vítor Aleixo, presidente da Câmara de Loulé, acrescentou que esta BAL terá capacidade para alojar 120 operacionais. «As novas funções do edifício serão mais valias para Quarteira», disse ainda o autarca, nomeadamente porque a estrutura vem «reforçar o sentimento de segurança dos residentes e dos turistas».

De forma mais direta, há outro benefício para a cidade de Quarteira: é que «os Bombeiros Municipais, a partir de hoje, terão aqui instalações condignas», anunciou o presidente da autarquia.

No total, o CREPC do Algarve, em Loulé, e a BAL, em Quarteira, equipamentos com «dimensão regional», representam um investimento de cerca de 2,6 milhões de euros, que resultam, como salientou o ministro da Administração Interna, de uma «parceria», entre a Câmara de Loulé, a administração central e os fundos europeus.

E porquê todo este esforço no Algarve, uma região que até é das menos populosas do país?

Foi o próprio primeiro ministro que deu resposta, no seu discurso, a esta questão.

«O turismo é uma atividade económica que tem uma capacidade extraordinária de mobilização de toda a cadeia económica nacional. Mais turismo significa mais agricultura, mais atividade industrial, da indústria da construção, mais atividade na área dos serviços, seja nos transportes, nas agências de viagens, em toda a atividade comercial. E não é só aqui no Algarve. Porque o Turismo do Algarve faz parte de um todo da economia do país».

Para que o Turismo possa continuar a crescer e a afirmar a sua importância na economia nacional, «o valor da segurança é absolutamente essencial».

É que, disse António Costa, «o crescimento do nosso turismo não se deve só à excelência das nossas praias, à beleza da nossa serra, à nossa gastronomia, à simpatia dos portugueses e, em particular, dos algarvios, mas também a um outro fator que não é irrelevante para quem tem de decidir onde é que vai passar férias: é a segurança».

Por isso, acrescentou, «quando estamos, hoje, a investir na segurança, também estamos a investir no desenvolvimento económico e social de toda esta região».

«Se queremos um Algarve que seja uma região 365 dias por ano e não só aquela quinzena de férias no Verão, temos de perceber que a diversificação da oferta do turismo na região não pode assentar só no sol e praia. Há outras valências que esta região tem de aproveitar e que são fundamentais. Para isso, a preservação dos seus recursos naturais, designadamente das serras algarvias, é essencial. Porque é isso que oferece uma nova atividade de Turismo de Natureza, que é um turismo que funciona, aliás, na época baixa do turismo de sol e praia», salientou também o chefe do Governo.

Ou seja, se se quer um Algarve que funcione durante todo o ano, apostando igualmente no turismo de natureza, que é «o que mais contribui para o desenvolvimento e valorização dos recursos endógenos, do barrocal e da serra», há que apostar também na prevenção, para evitar que desapareçam os territórios e as paisagens que atraem os turistas.

«A valorização dos recursos endógenos é a melhor forma de termos um território que não está desocupado, antes pelo contrário, está povoado, e essa é a melhor garantia de prevenção e de valorização desse património, que não pode ser uma ameaça quando arde, tem de ser mais um fator a contribuir para o enriquecimento do Algarve», concluiu o primeiro ministro António Costa.

 

O chefe do Governo, acompanhado pelo ministro da Administração Interna e pelos três secretários de Estado algarvios – Jamila Madeira, José Apolinário e Jorge Botelho -, esteve hoje no Algarve para presidir às cerimónias do Dia Internacional da Proteção Civil (que se assinala amanhã). As cerimónias integraram a inauguração de duas novas infraestruturas da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, o CREPC do Algarve, situado na «cidadela de segurança» de Loulé, e da BAL, em Quarteira.

As novas instalações do CREPC, onde foram investidos 1,25 milhões de euros, vão agregar o comando de operações de emergência, proteção civil e socorro, a coordenação institucional e operacional da estrutura regional da Proteção Civil, o comando integrado de todos os corpos de bombeiros e a gestão de meios e recursos de emergência.

A BAL, que representa um investimento de 1,6 milhões de euros, vai apoiar as operações de emergência, proteção e socorro, com capacidade de armazenamento de equipamento, abastecimento e parqueamento de meios de reforço, bem como a instalação de uma força de resposta imediata dos Bombeiros Municipais de Loulé, com valências de socorro, combate a incêndios e emergência médica.

O investimento nas duas estruturas ascendeu aos 2,6 milhões de euros, suportados em 85% por fundos comunitários, tendo a Câmara de Loulé assegurado os restantes 15%.

 

Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

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