Lethes tem Instruções para Abolir o Natal em 2020

«A arte tem uma palavra a dizer, de forma séria, vigorosa e persistente, neste processo de se afirmar como um elemento interventor na consciência social»

“Instruções para Abolir o Natal”, que falam da crise financeira de 2008 e do Brexit, e um “Memorial para Pedro e Inês” só com música e movimento. Estes são dois dos destaques da programação deste ano do Teatro Lethes, de Faro, apresentada este sábado, 11 de Janeiro, e onde também não faltarão concertos e uma exposição muito especial. 

«A arte tem uma palavra a dizer, de forma séria, vigorosa e persistente, neste processo de se afirmar como um elemento interventor na consciência social».

A frase de Luís Vicente, diretor artístico da ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve, dita ao Sul Informação, resume o «grande tema subjacente a todo o programa».

Este ano há, então, duas produções próprias da companhia que gere o Lethes: “Instruções para abolir o Natal” e “Ardente – Memorial para Pedro e Inês”.

A primeira vai estrear a 25 de Abril. O texto é de Michael Mackenzie, com encenação de Isabel Pereira dos Santos.

«A peça fala sobre a crise financeira de 2008 e o Brexit. Já tínhamos o texto traduzido quando o Michael Mackenzie nos disse que tinha convertido o texto para as problemáticas que ele advinha da saída do Reino Unido da União Europeia», explicou Luís Vicente, diretor da ACTA, ao Sul Informação.

 

Luís Vicente

 

Já “Ardente – Memorial para Pedro e Inês” tem uma grande particularidade: «é um espetáculo só com música e movimento, sem texto».

A ideia foi de Luís Vicente que pediu ao polaco Leszek Madzik para conceber o espetáculo que estará em cena até 8 de Novembro. «As pessoas normalmente não sabem, mas a história de Pedro e Inês é um dos temas mais abordados nas artes no mundo inteiro», disse o diretor artístico da ACTA.

Depois do Lethes, “Ardente – Memorial para Pedro e Inês” vai seguir para Portimão e Albufeira.

Apesar de serem apenas duas as produções da ACTA, o emblemático espaço farense receberá muito mais teatro, ao acolher companhias vindas de fora.

A 24 de Janeiro, o Teatro Art’Imagem levará a palco “Noites Brancas”, enquanto a Companhia de Teatro de Braga exibirá “Humidade” a 7 de Março. “Se isto é um homem”, da Companhia de Teatro de Almada, estará no Lethes no dia 14 de Março.

Na parte musical, «vamos continuar a ter o Palco Aberto». Será a 7 e 8 de Fevereiro (21h30) para «todas as pessoas que queiram fazer as suas demonstrações artísticas». «Só não é permitida propaganda e temas religiosos», alerta Luís Vicente.

No que diz respeito aos concertos, o Rancho de Cantadores da Aldeia Nova de São Bento (15 de Fevereiro), o Festival Internacional de Música Barroca de Faro, a 29 de Fevereiro, e um duplo concerto de Daniel Kemish (18 e 19 de Dezembro) são alguns dos destaques. 

Também continuará o ciclo Lethes clássico, com pequenos concertos ao longo do ano, numa parceria com a Orquestra Clássica do Sul.

O VATe – Vamos Apanhar o Teatro, iniciativa dedicada a crianças, prossegue igualmente neste ano, mas com o mesmo tema de 2019. “Uma Torneira na Testa” vai continuar a «fazer pensar sobre a problemática da água que é tão atual».

«A empresa Águas do Algarve pensou que a mensagem deveria ser expandida, inclusive para colaboradores, e para outras faixas etárias», explicou Luís Vicente.

Outro dos pontos altos será a 4 de Abril, data em que o Lethes assinala 175 anos de existência.

 

 

Nesse dia, às 17h00, será inaugurada uma exposição comemorativa que terá, por exemplo, objetos alusivos à história deste teatro que é o terceiro mais antigo de todo o país. A mostra conta com os apoios da Câmara de Faro e Direção Regional de Cultura do Algarve.

Em 2020, também haverá formações específicas sobre «problemáticas que merecem a nossa atenção, como as de género ou de défice cognitivo». Uma delas, sobre Linguagem Inclusiva, será a 17 de Fevereiro, para casos de identidade de género.

Desde 2012 que a ACTA é a estrutura residente no Lethes. Na opinião de Luís Vicente, o trabalho «parece que tem vindo a ser reconhecido».

No ano passado, os espetáculos receberam um total de 13.370 espectadores – ou «utentes e fruidores» como lhes chama.

«Hoje em dia, estas coisas têm outra amplitude. Não estamos só a falar de espectadores porque as pessoas atingem um outro nível de cumplicidade com os objetos artísticos», defendeu.

Certo é que os dados «são encorajadores e representam muito». «A nossa programação é artística, claro, mas visa também atingir cumplicidade com a dinâmica social e política», concluiu.

Para consultar todo o programa do Lethes para este ano, clique aqui.

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