Presidente da AMAL diz que «questão da seca é preocupante»

«Chova muito ou não, esta questão não pode ser abandonada»

«A questão da seca no Algarve é preocupante. Temos de ser proactivos e começar já a desenvolver, no terreno, medidas de curto prazo para a mitigação das alterações climáticas que assolam a nossa região». Esta foi a opinião deixada por António Pina, presidente da AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve, numa reunião, realizada na passada sexta-feira, 20 de Dezembro, e que juntou os 16 autarcas algarvios, o vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente e Joaquim Peres, presidente da empresa Águas do Algarve.

O encontro decorreu na sequência de uma reunião de trabalho, realizada no final de Novembro, com a presença dos ministros do Ambiente, Agricultura, secretária de Estado do Turismo e empresas ligadas ao setor do turismo.

O foco da reunião foram os efeitos da seca na região e as medidas necessárias para o combate aos efeitos das alterações climáticas a curto, médio e longo prazo. É que mesmo a chuva que caiu nos últimos dias, não foi em quantidade suficiente para encher significativamente as barragens.

Pimenta Machado, vice-presidente da APA, começou por dar conta, em traços gerais, da capacidade atual das barragens na região, revelando que a zona do sotavento é a que traz mais preocupações e que, «se não chover, teremos, com toda a certeza, um problema de falta de água no próximo ano».

Para aquele responsável é fundamental continuar, e reforçar, as medidas de contingência já identificadas, como a sensibilização da população para esta problemática, a reutilização das águas residuais e as restrições no licenciamento de novas captações de água subterrânea, medidas que, acredita, já estão em vigor.

 

António Pina

 

O documento, que contemplará as medidas para mitigar esta questão, o “Plano Regional de Eficiência Hídrica do Algarve”, já identifica algumas medidas que devem ser, desde já, postas em prática, nomeadamente a medição exata das disponibilidades de água na região, os consumos hídricos atuais, e ações que promovam soluções, a curto e médio prazo, como seja a reutilização de água tratada.

Joaquim Peres não escondeu que o problema existe «e é estrutural».

Aludindo ao trabalho que a empresa já começou a desenvolver, este responsável considerou que é mesmo fundamental que se equacione de forma mais estruturada a questão da reutilização e que se avance com um combate mais apertado às perdas de água e intrusões salinas na rede.

Outras soluções que estiveram em cima da mesa foram a construção de uma nova barragem no Algarve, medida aliás já preconizada no estudo este ano apresentado publicamente pela AMAL, o PIAAC – Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas no Algarve, e a questão da criação de uma central de dessalinização da água do mar.

Para António Pina é claro que, a curto prazo, os 16 municípios do Algarve devem em conjunto e em primeira linha ter o compromisso de mitigação destas medidas para combate à seca, no que à escala dos municípios poderá ser feito.

Ou seja: controlar e combater as perdas de água, apostar numa mudança de hábitos de consumo da água, apostar na promoção da reutilização das águas residuais para usos urbanos e de rega ou equacionar a alimentação de aquíferos.

«Chova muito ou não, esta questão não pode ser abandonada. Cabe-nos, a nós autarcas, fazer o que estiver ao nosso alcance para pôr em prática soluções que possam, a curto prazo, minimizar os efeitos da seca», concluiu.

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