Sucesso dos 10 anos do programa de reprodução do lince-ibérico foi celebrado em Silves

Festa do 10º aniversário do Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico decorreu hoje

Foto: Hugo Rodrigues|Sul Informação

O trabalho feito ao longo de dez anos e, acima de tudo, o «sucesso que tem sido o programa de reprodução» do lince-ibérico foram celebrados hoje, no Castelo de Silves.

O monumento silvense foi palco da cerimónia oficial de celebração do 10º aniversário do Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico, situado perto de Vale Fuzeiros, na freguesia de São Bartolomeu de Messines, concelho de Silves, onde se juntaram responsáveis por diferentes entidades, nomeadamente do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), da Câmara de Silves e da empresa Águas do Algarve, que construiu o centro como medida compensatória pela Barragem de Odelouca e é, ainda hoje, uma grande financiadora deste projeto.

O contributo desta empresa foi, de resto, salientado pelo João Paulo Catarino, secretário de Estado da Conservação da Natureza, Florestas e Ordenamento do Território.

«É muito importante ter a parceria com a Águas do Algarve. É ela que permite dar continuidade ao programa, sem depender dos ciclos de apoios da União Europeia», ilustrou o membro do Governo.

Afinal, são «cerca de 300 mil euros com que a Águas do Algarve contribui, anualmente» para o funcionamento do centro. O resto da verba necessária é garantida pelo ICNF, um instituto público, e por Fundos da União Europeia.

 

 

Créditos: CNRLI/ICNF

 

«Os fundos comunitários são determinantes para o investimento e para mantermos estes projetos cada vez com mais força, na salvaguarda e proteção dos interesses ambientais. Mas, muitas vezes, estão condicionados pela intermitência dos quadros comunitários, nomeadamente nos períodos em que um acaba e outro começa», acrescentou João Paulo Catarino.

«O que é importante aqui é termos um orçamento anual definido, que possa garantir a continuidade das políticas e das condições de trabalho das pessoas, que não podem, obviamente, ver-se privados do seu vencimento em nenhuma ocasião», resumiu.

Esta manhã, em Silves, foi dia de fazer um balanço e recordar a história do centro e do projeto de conservação que deu os primeiros passos em 2004 e que teve o seu ponto alto com a inauguração do CNRLI, em Novembro de 2009.

A construção do centro foi financiada pela Águas do Algarve, no âmbito das medidas compensatórias pelo impacto ambiental da construção da Barragem de Odelouca, na sequência de uma forte pressão feita por associações de defesa do Ambiente.

 

Rosa Palma e o secretário de Estado João Paulo Catarino

 

Desde o momento em que o primeiro lince, a fêmea Azhar, entrou no centro de reprodução, no dia 26 de Novembro de 2009, até hoje, nasceram nesta maternidade de Silves 122 linces, 89 dos quais sobreviveram e 69 foram reintroduzidos no seu habitat natural, primeiro apenas em Espanha e, desde há cinco anos.

O centro algarvio é, de resto, aquele que tem a taxa de reintroduções mais elevada, de entre todas a infraestruturas dedicadas à reprodução de linces existentes na Península Ibérica. Segundo Rodrigo Serra, diretor do CNRLI, 28% dos 247 animais nascidos em cativeiro que foram libertados no campo vieram de Silves.

Apesar de o centro português se destacar neste e noutros parâmetros, Rodrigo Serra relativiza os números e salientou que este «é um verdadeiro programa ibérico, em que todos partilhamos protocolos e conhecimentos uns com os outros. Os resultados são uniformemente bons. Os resultados dos diferentes centros estão em linha, não há aqui melhores ou piores».

«Acima de tudo, há que fazer o reconhecimento do trabalho que foi feito nos últimos dez anos e o sucesso que foi o programa de reprodução: o número de crias que conseguimos até hoje e o modo como estamos a conseguir libertar novos exemplares desta espécie, que quase se perdeu», ilustrou, por seu lado, João Catarino.

 

Fotos: Hugo Rodrigues|Sul Informação

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