Grupo de cidadãos quer travar nova ponte em Tavira

Obra vai custar 1,47 milhões de euros

O projeto da nova ponte sobre o rio Gilão, em Tavira, está a ser alvo de críticas pelo Tavira Sempre Movimento Cívico. As obras de desmantelamento da antiga ponte militar já começaram, mas as imagens conhecidas e as valências da nova travessia levaram este grupo de cidadãos a enviar uma carta aberta a Ana Paula Martins, presidente da Câmara Municipal. O objetivo é que a obra não avance.

Em nota enviada às redações, o movimento considera que a nova ponte, que foi adjudicada em Abril, «vai trazer mais carros para o centro histórico» e que «é semelhante a um mero viaduto, com 10 metros de largura».

O Tavira Sempre Movimento Cívico queixa-se ainda que o projeto «nunca foi alvo de discussão pública» e que não obedece «a qualquer preocupação estética de integração da arquitetura típica da baixa tavirense».

A nova ponte terá uma faixa para automóveis que, segundo o grupo de cidadãos, «vai causar uma sobrecarga de trânsito e poluição no centro histórico ao arrepio daquilo que é a tendência mundial de retirar pressão sobre as cidades. Mais ainda, vai obrigar ao corte da zona pedonal do icónico Jardim do Coreto e conduzir carros para zonas onde não há soluções de estacionamento e em que deveriam ser privilegiadas as zonas pedonais, geradoras da fruição do espaço».

O movimento cívico acusa ainda a Câmara de Tavira de ter ignorado, «ao longo dos últimos anos, todas as críticas e perguntas, nunca explicando a escolha deste projeto, nem divulgando os estudos que o sustentam. A população viu-se completamente arredada do debate público e da decisão tomada pelo executivo camarário».

Imagem do projeto

O Tavira Sempre Movimento Cívico diz ser constituído «por cidadãos preocupados que desejam que a sua cidade não seja alvo de um retrocesso civilizacional. Composto por elementos dos mais variados quadrantes políticos e profissionais, pretende ver travada esta obra e deixar a debate a melhor opção para o futuro do Rio Gilão e da baixa da cidade».

«Enquanto tavirenses e amigos de Tavira, não aceitamos que, em pleno coração do centro histórico, seja despejada uma peça de betão que não reflete em nada o cunho cultural da cidade», realça o movimento na sua página oficial de Facebook.

Em Janeiro do ano passado, Jorge Botelho, então presidente da Câmara de Tavira, garantiu ao Sul Informação, numa altura em que o projeto já era alvo de críticas, que «a ponte é mais bonita na realidade do que nos desenhos apresentados».

«Quando se faz uma obra de engenharia no centro de Tavira, nunca há consenso. Há quem defenda que devia ser um projeto de um arquiteto à escala internacional, outros defendem que devia ser uma coisa a desaparecer na paisagem, e há quem diga que devia ser uma obra de engenharia e arquitetura excecional, uma peça única. No entanto, a nossa ideia é que nenhuma ponte deve desvirtuar, ou fazer concorrência, à ponte medieval, ou romana, como se costuma chamar. Essa é o nosso ex-libris, faz parte do nosso património e todas as outras são formas de travessia da cidade», disse Jorge Botelho.

O agora secretário de Estado considerava que a construção da nova ponte «foi validada expressamente pelas pessoas nas Eleições Autárquicas», porque «a ponte estava no programa eleitoral e foi um tema discutido».

Jorge Botelho realçou ainda que a uma via de trânsito se justifica «porque este é um investimento projetado ao longo dos anos. Assim tem a possibilidade de estar aberta ou fechada» à circulação automóvel.

A nova ponte, que liga o Largo da Caracolinha à Rua do Cais, vai custar 1,47 milhões de euros aos cofres do município e vai substituir a ponte militar, uma estrutura provisória que é utilizada há 28 anos.

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