Entidade Reguladora aponta erros ao CHUA em caso da morte de doente oncológico

«O processo do utente esteve, injustificadamente, em suspenso», considera a ERS

Créditos: Depositphotos

A Entidade Reguladora da Saúde aponta o dedo ao Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA) no caso de um doente oncológico que morreu sem sequer ter começado a fazer tratamentos de quimioterapia, em Março deste ano. 

A ERS divulgou esta quarta-feira, 27 de Novembro, um relatório onde constam as deliberações concluídas durante o terceiro trimestre de 2019.

Quanto a este caso, a Entidade refere que, apesar de o utente ter feito uma biópsia no CHUA, a 8 de Janeiro, com vista à posterior realização de um exame de deteção de mutações no gene EGFR, no IPO de Lisboa, esse pedido só foi enviado, pelo Centro Hospitalar e Universitário do Algarve, 15 dias depois.

O pedido acabou por ser «devolvido por falta de informação suficiente (que deveria constar de Termo de Responsabilidade), só voltando o CHUA a reenviar novo pedido de exame no dia 21 de Fevereiro, ao qual o IPO deu resposta no dia 27 de Fevereiro», enquadra.

Com base nestes dados, a Entidade Reguladora da Saúde não se inibe de apontar culpas ao CHUA. «O processo do utente esteve, injustificadamente, em suspenso, na medida em que os resultados da biópsia não foram, pura e simplesmente, diligentemente enviados pelo CHUA ao IPOLFG», considera.

Esta atitude, no entender desta entidade, revela «uma deficiente tramitação e agilização de processos» pois «acarretou prejuízos graves para a definição prospetiva de uma estratégia terapêutica para o utente».

A isto acresce o facto de o CHUA ter reconhecido «a carência de meios para a realização dos exames em causa e a possibilidade de existir um número indefinido de utentes na mesma situação».

Neste sentido, a Entidade Reguladora para a Saúde emitiu uma ordem ao Centro Hospitalar Universitário do Algarve para informar, «com identificação cabal dos nomes e respetivas situações, do número de utentes, por cada unidade hospitalar, que se encontrem a aguardar, e há quanto tempo, pela realização de exames e MCDT do foro
oncológico».

A ERS também quer saber quais as medidas adotadas para que esses exames «sejam realizados em entidades externas com a maior brevidade». O objetivo passa por evitar que novas situações destas voltem a acontecer.

Este caso de doentes oncológicos que estavam sem tratamento no Algarve, acabando alguns por morrer, foi denunciado pelo deputado Cristóvão Norte (PSD), em Maio deste ano.

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