Consulta pública de central solar na Reserva da Biosfera de Castro Verde termina dia 27

Presidente da Câmara diz que há «implicações que advêm» do facto de ser Reserva da Biosfera

 

Termina a 27 de Novembro a fase de consulta pública do projeto de uma Central Solar, que irá ocupar mais de 50 hectares dos concelhos de Castro Verde e Almodôvar e afetar zonas integradas na Reserva da Biosfera e na Rede Natura 2000.

O presidente da Câmara de Castro Verde, em entrevista ao Sul Informação (ver a conversa completa no vídeo acima), diz que, apesar de até poder fazer «sentido que um concelho que é reserva da biosfera e também potencia a preservação do ambiente, seja um espaço de produção de energias limpas», há limitações.

É que, sublinha António José Brito, há «implicações que advêm» do facto de ser Reserva da Biosfera, existindo, por isso, «constrangimentos» e «situações que têm de ser respeitadas».

Revelando que a Câmara de Castro Verde vai «participar na consulta pública» e dar «a sua opinião», o edil daquele concelho do Baixo Alentejo garante que o seu Município «nunca irá patrocinar situações que sejam incompatíveis, muito longe disso!». «A Câmara estará sempre do lado da legalidade e da preservação do nosso território», frisou.

Mas qual será então a posição da autarquia? António José Brito considera que, estando ainda o processo a decorrer, é «prematuro» revelar a posição, mas garante ser necessário «ver se teremos a capacidade de conciliar a instalação de uma central solar» com o respeito pelas condicionantes de ordem ambiental.

 

O projeto agora posto em consulta pública pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo refere-se à construção de uma central fotovoltaica, promovida pela Power & Sol, na freguesia de Santa Bárbara de Padrões (Castro Verde), e respetiva ligação à rede (corredor com extensão de 13,5 quilómetros), que atravessa aquele concelho e o vizinho de Almodôvar (União de Freguesias de Almodôvar e Graça dos Padrões e freguesia do Rosário).

A Central Solar de Castro Verde consiste na construção de uma central fotovoltaica de 19,4 MW e respetiva ligação à rede a 60kV, com 13,5 quilómetros de comprimento.

O Estudo de Incidências Ambientais (EIncA) do projeto de licenciamento da Central Solar de Castro Verde, pode ser acedido no site Participa.pt clicando aqui.

O Estudo admite que a área de implantação prevista coincide com zonas com estatuto de proteção em termos de Conservação da Natureza, nomeadamente a Zona de Proteção Especial (ZPE) de Castro Verde (PTZPE0046), a Important Bird Area (IBA) de Castro Verde e São Pedro de Sólis e a Rede de Reservas da Biosfera (Castro Verde).

«No que respeita a avifauna, registou-se uma percentagem muito elevada (cerca de 19%) de espécies com elevado estatuto de conservação, nomeadamente, 4 com estatuto de Criticamente em Perigo (abutre-preto, tartaranhão–cinzento, águiaimperial e rolieiro), 5 com estatuto de Em Perigo (tartaranhão-caçador, águia-real, águia de Bonelli , abetarda e cortiçol-de-barriga-preta) e 15 com estatuto de Vulnerável (cegonha-negra, falcão-abelheiro, milhafre-real, açor, francelho, esmerilhão, ógea, falcão-peregrino, grou, sisão, alcaravão, perdiz-do-mar, cuco–rabilongo, noitibó-de-nuca-vermelha e chasco-ruivo)», pode ler-se no Resumo Não Técnico do Estudo de Impacte Ambiental.

O maior risco para toda esta avifauna, cuja importância, aliás, levou à integração do Campo Branco de Castro Verde na rede internacional de Reservas da Biosfera, é precisamente o de eletrocussão e colisão das aves com a linha elétrica de alta tensão a ser instalada.

A «presença física da Central Solar na paisagem» e a linha elétrica que terá de ser construída «aumentam a mortalidade por colisão e eletrocussão de aves», admite mesmo o EIA.

 

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