Cidadãos acusam Governo de impedir avaliação de impactos do abacate

Grupo de cidadãos denuncia contaminação de aquífero por glifosato em Barão de São João

Os impactos negativos das explorações de abacate no Algarve não estão a ser avaliados e a culpa é do Ministério da Agricultura, acusou o grupo “Terra Saudável”.

O movimento de cidadãos, que nasceu em Lagos para lutar contra a proliferação de monoculturas prejudiciais para os solos e para o ambiente e com elevado consumo de água, diz que é uma orientação da tutela que está a impedir que as explorações de abacate tenham de ser sujeitas a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), contra a vontade de outras entidades oficiais.

É que, enquanto a CCDR do Algarve e a Agência Portuguesa do Ambiente defendem que deve haver uma AIA prévia à plantação, o Ministério da Agricultura diz que «(…) em função da localização, da natureza e, sobretudo da pequena dimensão do projeto em causa (…) não estão reunidos os pressupostos que poderiam fundamentar a sujeição do projeto a procedimento de AIA».

«E à conta desta posição minoritária do Ministério da Agricultura, os aquíferos vão desaparecendo e/ou são envenenados», diz o “Terra Saudável”.

O grupo dá um exemplo concreto de uma exploração que, alegadamente, está a está a pôr em causa a disponibilidade de água e a contaminar os aquíferos com glifosato, em Barão de São João, desde 2018.

Esta plantação, asseguram, «implica impactos negativos para os recursos hídricos, bem como outros fatores ambientais».

«A preparação do terreno para que esta plantação pudesse acontecer, com as necessárias despedregas (remoção de rochas) e mobilização dos solos, tem como consequência a redução da capacidade de infiltração dos solos, o que vai reduzir a disponibilidade hídrica subterrânea e vai afetar a qualidade da água dos aquíferos», disse o “Terra Saudável”.

«Junta-se a isto a utilização de pesticidas como o glifosato, algo que já começou a contaminar os lençóis freáticos. Aliás este grupo tem provas de que a contaminação já está a ocorrer, uma vez que através de analises à água, levadas a cabo em 2018, os níveis de glifosato mostraram ser superiores em 25 vezes aos permitidos por legislação comunitária», acrescentou.

Este movimento de cidadãos de Lagos tem-se vindo a bater pelo desaparecimento das plantações de abacates e «de outros tipos de monocultura que contribuem para a destruição dos solos, para o agravar do problema hídrico por que passa o Algarve, agravando o problema da seca, e pelo envenenamento de solos e aquíferos pela utilização de químicos como o glifosato».

«Este grupo vai pugnar pela defesa da Terra e pela defesa da legalidade, seja junto da administração pública, seja junto dos Tribunais, caso tal seja necessário», concluem.

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