Ricardo Luz fez «caminho longo» até ser Chefe Cozinheiro do Ano

Novo Chefe Cozinheiro do Ano trabalha no Bon Bon, em Carvoeiro, e tem feito a sua carreira no Algarve

Foto: Restaurante Bon Bon

Foi um «caminho longo», mas feito em boa companhia, que conduziu Ricardo Luz à conquista do prémio de Chefe Cozinheiro do Ano.

O chefe de cozinha há muito radicado no Algarve, que atualmente trabalha no Bon Bon, restaurante com uma estrela Michelin situado em Carvoeiro, Lagoa, venceu a 30ª edição deste que é considerado o maior concurso de cozinha para profissionais em Portugal. O prémio foi entregue na quarta-feira, numa cerimónia que decorreu no Centro de Congressos da Alfândega do Porto.

«Este prémio é, para mim, um orgulho enorme e um motivo de grande satisfação. Foi o realizar de um sonho e um forte desejo. Sempre quis fazer mais e melhor e fazer parte deste restrito leque de 30 grandes chefs que ganharam este galardão, em 30 edições do concurso», contou Ricardo Luz ao Sul Informação.

«O meu chef [Louis Anjos, o chefe executivo do Bon Bon], por exemplo, ganhou em 2012 e quis que eu ganhasse. Deu-me conselhos e matou-me a cabeça a dizer: vais lá e vais fazer o mesmo que eu, que é ganhar! Tenho uma grande admiração por ele e agradeço-lhe tudo o que fez por mim», afirmou.

Para chegar aqui, Ricardo Luz, de 31 anos, teve de fazer «um caminho que já é longo. Comecei com 15 anos, na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa. Mais tarde, trabalhei no Vela Latina, no Tavares Rico e na Vila Vita, onde fiquei durante cinco anos. Depois, passei pelo Hotel Pestana Palace, pelo Penha Longa, Vila Itália e pelo Macdonald de Monchique. Agora, estou como sub-chefe do restaurante Bon Bon».

 

Ricardo Luz e Louis Anjos

 

Natural de Almada, «filho de pais alentejanos», Ricardo acabou por escolher o Algarve como local privilegiado para fazer a sua carreira, apesar de também ter trabalhado em restaurantes e hotéis de Lisboa.

«Passei a maior parte do meu percurso no Vila Vita, com os chefs Paulo Fortes e Manfred Kickmaier. Ainda estive um período em Lisboa, mas depois voltei para trabalhar no Macdonald Monchique e por cá continuo, no Bon Bon», recordou.

Nestas duas últimas casas, trabalhou com Louis Anjos, com o qual, confessa, gosta muito de trabalhar. «Quero continuar a trabalhar com o chef Louis Anjos. Numa cozinha, temos de nos dar bem e eu e ele temos ambos uma intuição de cozinha muito forte. E, por isso, entendemo-nos. Já trabalhamos juntos há 4 ou 5 anos».

Antes, Ricardo Luz já havia trabalhado com alguns dos nomes mais sonantes da cena gastronómica nacional. «Também trabalhei com o [José] Avilez , com o chef Aimé Barroyer, com o chef Vasco Lello, com o Paulo Carvalho, que hoje está com o chef Kiko, no Vila Vita, e com o Pedro Almeida e o Bruno Augusto, todos eles da alta gastronomia em Portugal».

«Sempre quis trabalhar com os melhores. Daí ter sempre escolhido bons restaurantes e bons hotéis, com grandes chefs, para um dia fazer parte desse leque», disse ao Sul Informação.

 

Foto: Chefe Cozinheiro do Ano

 

Em quase década e meia de carreira, Ricardo aprendeu muito e sabe bem qual o caminho que quer seguir. «O meu tipo de cozinha é comida portuguesa, com um toque de inovação, conhecendo as raízes e respeitando o produto português», revelou.

Isso notou-se bem na ementa que apresentou e com a qual convenceu o júri do concurso Chefe Cozinheiro do Ano. O chefe de cozinha algarvio venceu a prova com um menu composto por Caldeirada de Bacalhau, Ravioli de Sames e Língua (entrada), Salmonete e seus Fígados, Ervilhas e Milhos Aferventados (peixe), Presa de Porco, Rabo, Nabo e Couve (carne), Arroz de Cherne e Gamba da Costa (prato tradicional de tacho) e Sericaia de Morangos e Poejo (sobremesa).

«Usei os milhos de Monchique, que hoje quase ninguém usa, só nos restaurantes típicos desta vila. Consegui fazer um prato de peixe. Normalmente, em Monchique, usam-se os milhos aferventados com carne, mas eu consegui virá-los para o peixe. Foi uma coisa um pouco fora da caixa», ilustrou.

Apesar de estar na ribalta e com as luzes a si apontadas, devido à vitória no conceituado Chefe Cozinheiro do Ano, Ricardo afirmou que, para já, não pensa em novos projetos. «Quero continuar a aprender e, um dia, sei que outras portas se abrirão», concluiu.

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