Quinta da Rocha é um «projeto novo» com «vícios antigos», dizem ambientalistas

A Rocha acusa promotores de introduzirem «elementos técnicos falsos» no Estudo de Impacte Ambiental

Apesar de concordar «globalmente» com o conceito de Turismo em Espaço Rural do novo projeto para a Quinta da Rocha, situada no coração da Ria de Alvor, os ambientalistas da associação A Rocha alegam que «os promotores insistem na repetição de alguns vícios da anterior administração» daquela área sensível.

Esta que é a segunda consulta pública sobre o projeto de criação de um empreendimento turístico (TER) na Quinta da Rocha, na Ria de Alvor, em Portimão, termina precisamente hoje, dia 17 de Outubro, depois de ter sido reformulado pelos seus promotores, os novos donos de uma empresa que já foi condenada por crimes ambientais naquela mesma zona.

A associação de defesa do ambiente, que desde há décadas se tem dedicado a estudar e proteger a Ria de Alvor, participou nesta consulta pública e tece algumas críticas, sobretudo ao que não é dito ou é escamoteado no processo, pelos promotores.

«Finalmente, a Quinta da Rocha é objeto de um projeto que, como conceito (Turismo em Espaço Rural), classificamos como globalmente positivo e que consideramos ser compaginável com os valores do património natural e construído que possui no seu interior e no sítio Natura 2000 em que está inserido», diz A Rocha num comunicado enviado ao Sul Informação.

 

No entanto, defende a associação na nota assinada por Marcial Felgueiras, diretor executivo d’A Rocha, «os promotores insistem na repetição de alguns vícios da anterior administração que consiste em introduzir elementos técnicos falsos, ignorando as cartografias oficiais da Rede Natura 2000 e optando por apresentar os “seus próprios” mapeamentos».

Nesses «mapeamentos», constata-se «a eliminação de um habitat de conservação prioritária», «entre outras alterações».

Por isso, alerta Marcial Felgueiras, «com o histórico destes promotores é apenas lógico antecipar que estas cartografias pretendam funcionar como “Cavalos de Tróia”, na expectativa de que com a aprovação do projeto, sejam também aprovadas e oficializadas convenientes alterações às cartografias oficiais».

A associação denuncia também que «outro elemento falso (e particularmente importante) neste projeto é a alegação de que a Quinta da Rocha integra apenas parcialmente a área da Retaguarda da Zona Terrestre de proteção (o que, a ser verdade, permitiria futuramente avançar com novas construções)».

Ora, defende A Rocha, «como qualquer cidadão pode verificar através da ferramenta http://idealg.ccdr-alg.pt/ren.aspx, a realidade é que 99.9% da propriedade está inserida na Zona Terrestre de Proteção, onde não são permitidas novas construções», fazendo cair por terra a alegação dos promotores.

 

A associação de defesa do ambiente acrescenta, no comunicado assinado por Marcial Felgueiras, que «é nossa esperança que as autoridades competentes não deixem passar estes “Cavalos de Troia” e exijam que estes elementos sejam corrigidos, para que mentiras repetidas muitas vezes não se transformem em verdades».

E isto porque, acrescentam, «estas correções (1) são fáceis, (2) não implicam quaisquer custos para a promotora, (3) permitem a implementação deste projeto e (4) traduzem-se em ganhos evidentes para a conservação dos valores naturais em presença e para um turismo claramente diferenciador e sustentável».

A empresa que se propõe construir o empreendimento da tipologia “Turismo em Espaço Rural” na Quinta da Rocha, a Water View SA, é nada mais, nada menos que a sucessora da Butwell – Trading, Serviços e Investimentos, que mudou de nome em 2016, já depois de ter sido condenada ao pagamento de uma elevada multa e à reposição dos valores naturais que destruiu ao longo de anos.

No início de 2016, a Butwell, do empresário Aprígio Santos, viu rejeitado pela Câmara de Portimão o seu projeto para o Núcleo de Desenvolvimento Turístico (NDT) da Ria de Alvor.

 

Conheça mais detalhes sobre este processo e acesso à participação pública completa submetida por A Rocha, clicando nesta ligação (PDF).

Clique aqui para ter acesso à plataforma Participa.pt, através da qual pode participar na consulta pública sobre o projeto

 

 

 

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