Praia de Faro terá campismo «aberto a todos» e «com rotatividade»

Parque de campismo terá muitos lotes para tendas para garantir a rotatividade, mas também que o parque é acessível a todos

Um parque de campismo «aberto a todos» e no qual será «garantida a rotatividade». Estes são duas das caraterísticas do projeto do novo camping da Praia de Faro, que o Sul Informação lhe mostra aqui, em primeira-mão.

O nosso jornal pediu para ter acesso ao projeto de construção do novo parque de campismo na Praia de Faro, que está aprovado e pronto a implantar. A Câmara de Faro acedeu e forneceu a planta, que pode ver abaixo.

A intervenção, orçada em 430 mil euros, contempla a renovação total do espaço onde funcionou, durante décadas, o parque de campismo da Praia de Faro e que nos últimos anos estava a ser gerido e ocupado exclusivamente pelos membros da Associação de Utentes e Amigos do Parque de Campismo da Praia de Faro (AUAPCPF).

O projeto contempla a criação de 200 lotes para tendas e de 21 para autocaravanas, bem como a arborização do espaço, para criar sombreamento.

«A maioria são tendas, porque o objetivo é que as pessoas estejam aí, no máximo, algumas semanas. Não queremos que seja ocupado por estruturas fixas», explicou ao Sul Informação Rogério Bacalhau, presidente da Câmara de Faro.

A opção por criar muitos lotes para tendas visou, por um lado, garantir a rotatividade e, por outro, a acessibilidade a todos. «É relativamente acessível comprar uma tenda. Já comprar uma autocaravana para usar duas semanas por ano não é para qualquer um», explicou o edil farense.

 

Clique para descarregar o projeto em PDF

 

O novo parque de campismo terá, ainda, «todas as comodidades para quem queira lá passar algumas semanas», nomeadamente «um posto médico, a receção, uma lavandaria, parque infantil, um espaço multiusos, wcs e chuveiros».

As obras deveriam começar amanhã, dia 1 de Outubro, mas tudo indica que isso não vai acontecer, tendo em conta que os atuais ocupantes, que há cerca de um ano receberam ordem de despejo por parte da Câmara, apresentaram uma Providência Cautelar ao Tribunal Administrativo de Loulé, que suspendeu a tomada de posse do espaço por parte da Câmara.

Em Setembro de 2018, a Câmara de Faro decidiu denunciar o contrato de comodato que mantinha com a AUAPCPF, para avançar com as obras de renovação do espaço, que há muito tinha perdido o estatuto de parque de campismo, por falta de condições.

Aos utentes, foi dado um ano para saírem do local, um prazo bem acima daquele que o contrato e a lei obrigavam, até ao dia 15 de Setembro de 2019. Ainda assim, a autarquia farense concedeu mais 15 dias aos utilizadores do espaço, depois destes se queixarem que não teriam condições para sair do local «antes do final de 2020».

Há cerca de duas semanas, os utentes anunciaram que iriam para tribunal tentar travar a saída do espaço, alegando que havia dois casos sociais para resolver, de pessoas que não tinham outra habitação nem meios para arrendar uma casa, e que havia autocaravanas que não poderiam ser retiradas da Praia, por não caberem na ponte, cujas laterais foram elevadas há alguns anos para colocar condutas de água e saneamento básico.

Independentemente da Providência Cautelar, da qual a Câmara já foi notificada, ou de eventuais ações futuras em tribunal, a Câmara de Faro diz que não irá «alterar um milímetro» a sua decisão de retirar os atuais utentes do espaço.

 

Rogério Bacalhau

 

«Este será um espaço aberto a toda a gente, mediante inscrição e sujeito à lotação. Neste momento, é um espaço que é utilizado apenas por algumas pessoas, fruto das contingências verificadas ao longo dos anos: pelo facto de ter perdido o estatuto de parque de campismo, por não ter as condições necessárias», resumiu Rogério Bacalhau.

Quanto às dúvidas que foram levantadas pela associação de utentes de que o que seria construído no local não era um parque de campismo, Rogério Bacalhau é taxativo.

«Eu tenho projeto aprovado para um parque de campismo, com todos os pareceres e autorizações necessários. E é isso que vai ser», disse.

Quanto à viabilidade financeira do espaço, o presidente da Câmara de Faro acredita que o novo parque de campismo terá «taxas de ocupação anuais muito elevadas».

«De Verão, será dirigido a famílias e às pessoas que vão para a Praia de Faro. De Inverno, será muito de apoio ao Centro Náutico, ao clube de surf e a outras atividades. Um dos pontos fracos que temos no Centro Náutico e no clube de surf é não termos alojamento. As pessoas vêm às provas e gostariam de ficar na praia, mas têm de ir dormir ao Montenegro ou a Faro. Penso que será uma mais valia não só no Verão, mas também na época baixa», concluiu Rogério Bacalhau.

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