Obras de requalificação da Basílica Real de Castro Verde já começaram

Investimento total ascende a 446.300 euros

A primeira fase das obras de requalificação da Basílica Real de Castro Verde, que contempla a limpeza manual do telhado, o arranjo de portas e janelas e a pintura total do monumento, num investimento superior a 65 mil euros, começaram no passado mês de Agosto e deverão estar prontas em breve.

Mas está também já assegurada a verba de 381.300 euros para a 2ª fase da intervenção neste monumento nacional, após a aprovação da candidatura submetida ao Programa Alentejo 2020, que garante 85% do investimento, financiado por fundos comunitários.

A candidatura foi articulada entre a Câmara Municipal, a Paróquia de Castro Verde e a Direção Regional de Cultura do Alentejo.

Esta 2ª fase, como anunciou ontem, em conferência de imprensa, aquela autarquia do Baixo Alentejo, prevê a conservação e o restauro do teto pintado em madeira da Basílica Real.

Os restantes 15% (57.195 euros), correspondentes à contrapartida nacional, estão já assegurados ao abrigo da Lei do Mecenato, pela empresa mineira Somincor, que opera no concelho, explorando as Minas de Neves-Corvo.

 

Quanto à primeira fase, que tem um prazo de conclusão de 60 dias, o investimento conta com o apoio de 28.285 euros da Câmara Municipal de Castro Verde, cabendo o restante ao Governo (26.225 euros), à União de Freguesias de Castro Verde e Casével (5.245 euros) e à Paróquia de Castro Verde (5.245 euros).

Esta primeira intervenção foi definida no âmbito do Programa de Equipamentos Urbanos de Utilização Coletiva (PEUUC) e nos termos do acordo celebrado pelas entidades referidas.

A Basílica tem estado fechada ao culto desde Março de 2017, devido ao estado de degradação quer do teto pintado, onde há tábuas a despregar-se, quer das próprias paredes, onde alguns dos azulejos estão a desagregar-se, estando presos com fita cola, para evitar que caiam e se partam. As visitas também estão condicionadas, havendo mesmo zonas do edifício interditas.

 

A Basílica Real antes das obras

 

Histórica da Basílica Real

A Requalificação da Basílica Real de Castro Verde decorre no âmbito de uma ação que está a ser coordenada pela Câmara Municipal de Castro Verde e que, no total das duas fases de intervenção, representa um investimento que ascende a 446.300 euros.

Erigida sobre a antiga matriz de Castro Verde, a Basílica Real de Nossa Senhora da Conceição data dos inícios do século XVIII e tem a sua existência associada ao discurso de glorificação da lenda da Batalha de Ourique, inscrita, desde há muito tempo, no imaginário português e na matriz histórica da realeza.

O título de Basílica Real foi concedido por D. João V, em homenagem à vitória do primeiro rei de Portugal – D. Afonso Henriques – sobre os cinco reis Mouros, no dia 25 de Julho, dia de Santiago, de 1139.

D. João V corporizou e traduziu esse espírito no favorecimento que deu à obra: no título de Basílica Real atribuído à nova matriz e nas mais diversas encomendas régias com que enriqueceu e valorizou o seu recheio.

O seu altar-mor é revestido a talha dourada e o interior coberto por riquíssimos painéis de azulejos do século XVIII que retratam a Batalha de Ourique.

A escala do edifício, a proteção da coroa à sua construção e, as afinidades que revela com outras igrejas da época, sustentam a hipótese da sua traça se dever a João Antunes, arquiteto régio e das três ordens militares.

Estando ou não a matriz de Castro Verde ligada a este nome maior da arquitetura barroca portuguesa (se o projeto, porventura, foi seu, então não pôde acompanhar a sua execução, dado que faleceu em 1712), trata-se de uma obra grandiosa, de fachada robusta, compartimentada, com alçado dominado pela presença de duas torres sineiras.

Composição que contrasta com o espaço interior, elegante, de uma só nave, na qual se exibe, preenchendo as superfícies parietais, um conjunto notável de painéis Joaninos historiados de exaltação da Batalha de Ourique e um magnífico altar-mor de talha dourada, da mesma época.

 

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