Manifestação reivindica reposição do bom funcionamento do CMR Sul

Associação diz que a inexistência de materiais de consumo básico no CMR Sul «é ridícula»

Foto: Fabiana Saboya|Sul Informação

A Movimento Determinante (Associação de Cidadãos com Deficiência, seus Cuidadores e Amigos) vai fazer uma manifestação, no próximo dia 20 de Setembro, às 11h00, à entrada do CMR Sul – Centro de Medicina Física e de Reabilitação do Sul, em defesa da restauração da «sua qualidade e bom funcionamento».

Para a associação, «as promessas da administração do CHUA – Centro Hospitalar Universitário do Algarve de que o CMR Sul estaria a funcionar em pleno em Dezembro de 2018 e de que, nesse mesmo ano, já teria autonomia própria não se concretizaram».

Além disso, considera a Movimento Determinante, «não foi cumprido o previsto no Decreto-Lei nº 101/2017, de 23 de Agosto, que garante «uma governação clínica com o grau de autonomia adequado, que assegure e potencie a elevada diferenciação do perfil assistencial na área da medicina física e reabilitação» e estipula que «a governação dos polos de prestação de cuidado deve ter a autonomia adequada para maximizar a eficiência na utilização dos recursos, fazendo uso de modelos inovadores de gestão, nomeadamente através de Centros de Responsabilidade Integrada, a concretizar no respetivo regulamento interno, que deverá ser adaptado em conformidade».

Segundo a associação, «o que se observa é que os recursos humanos e os meios materiais têm vindo sistematicamente a decair, não permitindo a intervenção necessária e adequada à reabilitação dos seus utentes regulares e à assistência a novos. Do mesmo modo, também o compromisso da administração e da direção do CMR de operacionalizar a proposta da Movimento Determinante de assistência e hospitalização domiciliárias não se cumpriram».

«Desde a integração no CHUA, o CMR Sul não tem tido um modelo de gestão financeira e de recursos humanos que permita estabilizar o corpo de técnicos (enfermeiros e terapeutas) e admitir assistentes operacionais, pelo que a sobrecarga de trabalho, os maus salários e a desorganização funcional têm motivado uma constante saída para outras instituições de saúde (sobretudo as particulares), tanto de técnicos antigos como dos recentes», acrescenta a Movimento Determinante.

Esta situação, segundo os promotores da manifestação, «tem implicações no internamento, limitado na ocupação e funcionamento, e nas terapias, que deixaram de poder ser intensivas ou adequadas às necessidades dos utentes ou de ser alargadas a novos utentes».

A associação realça que «a inexistência de materiais de consumo básico é ridícula: há tratamentos e terapias que não se podem fazer porque faltam seringas, plásticos ou as pilhas requeridas. E, quanto às ajudas técnicas (próteses, cadeiras de rodas, etc.), necessárias, e muitas vezes imprescindíveis, à independência funcional e melhoria da qualidade de vida dos deficientes, não têm tido a resposta adequada, sendo que a demora nas entregas ultrapassa já um ano e meio».

Para a Movimento Determinante «tudo se deve a duas razões: a dotação orçamental insuficiente, agravada pela retenção financeira nas fontes, e os critérios políticos na nomeação dos cargos dirigentes do Serviço Nacional de Saúde, incluindo os do CHUA e do CMR Sul».

«Não deixaremos de lutar pela qualidade do CMR Sul, em particular, e do Serviço Nacional de Saúde, em geral, assim como não deixaremos de enaltecer os esforços praticados pelos médicos, enfermeiros, terapeutas, auxiliares e administrativos do CMR Sul que, pela sua dedicação e empenho, têm contribuído para minimizar males maiores», conclui a associação.

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