Hospitais do Algarve recebem 18 novos médicos especialistas

Balanço do concurso nacional é «positivo», mas faltou contratar ortopedista

O Centro Hospitalar Universitário do Algarve vai ser reforçado com 18 médicos especialistas, no âmbito do concurso de primeira época de 2019, que abriu em Maio. Alguns destes clínicos já iniciaram funções e outros estão em fase de elaboração de contratos.

Segundo dados da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, revelados ao Sul Informação, das 35 vagas para médicos especialistas, apenas foram ocupadas 18.

Assim, chegaram, ou vão chegar, ao Algarve dois especialistas de Cirurgia Geral, dois de Medicina Interna, um de Pediatria Médica, dois de Anestesiologia, um de Cardiologia, um de Cirurgia Pediátria, um de Ginecologia/Obstetrícia, dois de Medicina Física e Reabilitação, três de Psiquiatria, um de Estomatologia, um de Oftalmologia, e um de Radiologia.

Apesar de as vagas não terem sido todas preenchidas e de não ter sido possível contratar um ortopedista, uma das especialidades de que a região tem mais carência, Paulo Morgado, presidente da ARS Algarve, considera, em declarações ao Sul Informação, que «globalmente acabou por ser um resultado positivo».

O responsável explica que, «no Ministério da Saúde, quando fazemos estes concursos, desde há alguns anos, temos tido a política de abrir mais vagas para as várias especialidades do que o número de médicos que se formam. Temos a noção de que há um conjunto de médicos que, por razões pessoais, não concorrem no ano em que acabam especialidade. Numa tentativa de oferecer maior leque de escolha e de recrutar estes médicos, que não estão dentro do Serviço Nacional de Saúde, são abertas mais vagas do que o número de médicos que se formam, o que leva a que não se consiga preencher todas as vagas».

 

Paulo Morgado

Paulo Morgado diz que «essa é a razão pela qual ficaram 350 vagas por preencher  [a nível nacional]. No entanto, preenchemos 909 vagas, o que corresponde a mais de 70%. Nos outros anos, preenchemos 65, 66%. Por isso, podemos olhar para o copo 30% vazio ou 70% cheio».

Apesar das notícias que têm vindo a público sobre a falta de médicos nos hospitais do Algarve, o presidente da ARS garante que «no CHUA, o que temos assistido, desde 2015, é que, de forma paulatina, temos vindo a conseguir um incremento do número de médicos especialistas. Sem contar com este concurso, o CHUA já tinha mais 44 especialistas do que em 2015. Agora, com mais estes 18, ficará com cerca de 60 médicos especialistas a mais do que em 2015. Tem havido um aumento de médicos a trabalhar nos cuidados hospitalares no Algarve. E, se formarmos cá mais médicos, é provável que fiquem cá quando acabarem a especialidade. Isso é positivo e augura um futuro melhor».

Paulo Morgado considera que «temos a garantia que, nos próximos concursos, uma parte importante das vagas vai ser preenchida, porque os médicos que se formam aqui acabam por arranjar cá família e criar raízes e mais facilmente concorrem às vagas que abrimos».

Também nos cuidados primários «tem aumentado a cobertura de médicos de família. Com as novas colocações [de 20 clínicos], temos mais 34 médicos de família a trabalhar nos Centros de Saúde e mais 13 médicos em formação, do que tínhamos em 2015».

O presidente da ARS admite que esta é «uma questão dinâmica, porque há médicos que adoecem, que se reformam. No entanto, trabalham neste momento, no Algarve, na Saúde, 6000 profissionais, mais os prestadores de serviços. Há críticos que dizem que só se contabilizam os médicos que entram e não os que saem, mas estes são dados do sistema que gere as remunerações e, se estamos a pagar, é porque estão a trabalhar».

«Se podia ser melhor? Podia, mas estas são as condições que temos. Estamos numa fase difícil em que muitas pessoas se aposentam. Nestes anos que estamos a viver, há uma parte importante dos médicos que está a chegar à idade da reforma ou aparecem problemas de saúde», acrescenta Paulo Morgado.

Além disso, «é muito difícil mobilizar um médico de outra região para vir para o Algarve, para o Alentejo ou para o interior de Portugal. Os que escolheram o Algarve, foram formados aqui. Poucos vieram de fora e os que vieram tinham laços com região. É difícil mobilizar profissionais para saírem da zona de conforto», conclui o presidente da Administração Regional de Saúde.

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