Conversa com Ramos-Horta marca arranque da Bienal do Humanismo em Loulé

Iniciativa vai-se prolongar por 10 anos: de 2020 a 2030

José Ramos-Horta, o timorense que foi Nobel da Paz em 1996, é o convidado da sessão de apresentação da Human XXI, uma bienal dedicada ao Humanismo, na próxima quinta-feira, 12 de Setembro, a partir das 21h30, no Cine-Teatro Louletano. 

No palco, Ramos-Horta será entrevistado por Adelino Gomes, nome maior do jornalismo em Portugal.

A conversa com o Presidente de Timor entre 2007 e 2012, com transmissão na Internet, será o momento inaugural de uma iniciativa que visa a reflexão sobre os valores do Humanismo e os desafios que se colocam à Humanidade neste século.

Atenta às transformações do mundo, a autarquia louletana diz que «assume a sua responsabilidade por preservar e aprofundar o legado de homens como Erasmo de Roterdão», um teólogo e filósofo humanista que viajou por toda a Europa, passando por Portugal.

Em 2020, a Human XXI arranca com o tema “A Nova Inteligência”, com direito a uma grande homenagem ao algarvio Mariano Gago, cuja ação estará no centro de uma exposição documental biobibliográfica.

«O tema é de grande atualidade e concita a preocupação de todos, dado que se assiste a uma iminente mudança do conceito do Humano», diz a Câmara de Loulé.

Pela primeira vez, «o artificial, criado pelo Homem», pode também «desfigurar a Humanidade, tal como a conhecemos», acrescenta.

São os avanços dos tempos – e todos os desafios que lhe serão inerentes – os grandes temas desta Bienal que se vai estender ao longo de 10 anos, mas, sempre, com temas diferentes.

A programação da Bienal de 2020 e das iniciativas conexas, bem como o esboço temático das bienais dos próximos anos, será descrita, de forma genérica, pela direção da iniciativa, durante a primeira sessão.

As migrações, a criatividade premonitória e o Ambiente são, para já, os temas agendados para as bienais e que vão contar com significativa participação internacional, designadamente dos países do Mediterrâneo Ocidental.

Também relevantes serão as parcerias em desenvolvimento com a Universidade do Algarve e universidades da Andaluzia e Marrocos.

Além dos encontros e jornadas com cientistas, escritores, artistas, pedagogos e pensadores que se vão realizar, ao longo do próximo ano, a Human XXI vai procurar o diálogo a propósito dos temas no quadro das bienais, com os vizinhos mediterrânicos de Portugal, como  Marrocos, França, Espanha e Argélia.

«É desejável, e esse é o objetivo, que a Bienal não seja apenas um festival de cultura que se realize em circuito fechado, mas que atinja o maior número de cidadãos, criando-lhe o desejo do conhecimento e promovendo a consciência cívica e a robustez ontológica», diz a Câmara de Loulé.

«Pela sua singularidade, no meio, esta Bienal não se destina a competir com outras realizações culturais, dentro do município ou nos municípios circundantes. Apenas pretende oferecer às populações instrumentos de conhecimento e síntese de que o ambiente cultural moderno, muito dispersivo e não contextualizado, carece», acrescenta.

No encerramento de cada Bienal será entregue um prémio, num valor a determinar, atribuído a uma personalidade portuguesa ou estrangeira, que se tenha distinguido, de forma marcante, na área do Humanismo.

Vítor Aleixo, presidente da autarquia louletana, considera que «a realização desta Bienal do Humanismo, que será dirigida por Carlos Albino, insere-se no trabalho que tem vindo a ser realizado pelo município na área da cultura, educação, emergência climática, saúde, inovação social e criação de conhecimento».

Este é, de resto, um trabalho que «pretende contribuir para que Loulé e os louletanos possam enfrentar com maior capacidade e alicerçados nos valores do Humanismo os desafios constantes do mundo contemporâneo».

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