Cidadãos de Loulé aprendem a ser «donos da sua saúde»

Loulé lança projeto inovador de literacia em saúde e inclusão digital

Ensinar a população mais idosa de Loulé a usar as ferramentas online disponibilizadas pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas também sensibilizar os demais cidadãos para o uso destes serviços. Este é o objetivo do Projeto de Literacia Informática e Inclusão Digital, que deu os primeiros passos hoje, em Loulé.

O Centro Académico de Investigação e Formação do Algarve (ABC – Algarve Biomedical Center), a Câmara de Loulé e os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde são os parceiros deste projeto pioneiro em Portugal, cujo objetivo é, desde logo, ensinar e ajudar a população infoexcluída, nomeadamente os mais idosos, a utilizar o serviços de saúde online.

Ao mesmo tempo, serão realizadas campanhas para divulgar os serviços que já existem e como funcionam à população em geral.

É que já existem serviços online, proporcionados pelo SNS, que permitem ao utente «marcar consultas, pedir receitas e aceder a um alargado conjunto de informação utilizando apenas um smartphone», enquadrou Vítor Aleixo, presidente da Câmara de Loulé, entidade que terá um papel central no trabalho a ser realizado.

 

 

«Este é um projeto inovador na área de prestação de serviços de saúde. A iniciativa surge no âmbito do programa de trabalho que o município estabeleceu com o Algarve Biomedical Center e que começa aqui a dar os primeiros frutos», enquadrou o edil louletano.

«No fundo, estamos a falar de um projeto de literacia na saúde e de inclusão digital. Há muitas aplicações na área da saúde já disponíveis, mas que as pessoas não sabem usar ou nem sequer sabem da sua existência», reforçou Nuno Marques, presidente do Algarve Biomedical Center.

É que, salientou Ana Paula Almeida, diretora de recursos humanos dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, «não basta criar os sites e as aplicações, é preciso dizer às pessoas que eles existem e sensibilizar para a sua utilização».

O presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve foi mais longe e disse que este projeto vem ajudar os cidadãos a ser «cada vez mais donos da sua saúde». O «empoderamento do cidadão» será, na visão de Paulo Morgado o que marcará o SNS do futuro, assente na digitalização e que terá na população «parceiros» e não apenas utentes.

E, em alguns casos, o futuro já chegou, daí a importância deste tipo de projetos. «O nosso sistema de prescrição de medicamentos é único no mundo. Quando o apresentamos lá fora, as pessoas ficam espantadas, pois andam a tentar há anos e não conseguiram nada de funcional», assegurou.

 

 

Hoje, além da assinatura do protocolo que formalizou o arranque do projeto, decorreu no Palácio Gama Lobo, em Loulé, uma ação de formação e capacitação daqueles que vão levar a literacia informática à população.

«Hoje estiveram aqui várias pessoas que fazem parte da estrutura orgânica da Câmara e das suas empresas municipais, bem como a Junta de Freguesia de Alte, a receber formação específica do ministério da Saúde, para que possam passar essa informação a outros cidadãos», explicou Vítor Aleixo.

«O que foi hoje aqui feito foi a formação de pontos de contacto, que vão estar disponíveis junto da população, nas aldeias, nas IPSS, nos lares e nas Juntas de Freguesia, que vão dar apoio à população que tem mais dificuldades na utilização destes meios eletrónicos e digitais, para que possam ter os mesmos benefícios do que estão mais à vontade no uso da tecnologia», acrescentou Nuno Marques.

«Estamos a falar, do ponto de vista clássico, daquelas pessoas mais idosas e que não usam os meios eletrónicos. Os pontos de contacto são pessoas que eles já conhecem e que os ajudam a usar os serviços online», explicou o presidente do ABC.

 

Nuno Marques

 

Para além disso, «haverá campanhas de sensibilização dirigidas aos que têm mais facilidade em usar a tecnologia e que poderão fazer o download das aplicações».

Nesta primeira fase, este será um projeto piloto, a implantar apenas no concelho de Loulé, mas a ideia é alargá-lo. «Dentro de dois meses contamos estender o projeto ao resto do Algarve e, no final do próximo ano, iniciar de forma gradual a extensão ao resto do país. Esperamos estar em todo o país em 2021», disse Nuno Marques.

 

Fotos: Hugo Rodrigues|Sul Informação

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