Cabe num bolso, tem informação útil e variada e pode dar uma grande ajuda aos profissionais de saúde, principalmente em situações de catástrofe natural. O Passaporte de Saúde, um documento idealizado pela enfermeira Patrícia Carneiro, coordenadora da Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC) Mons Cicus, foi apresentado na sexta-feira em Monchique e já começou a chegar às mãos da população mais idosa do concelho.
A ideia de criar esta inovadora ferramenta surgiu na sequência do grande incêndio de 2018, que afetou Monchique e obrigou à evacuação de muitas casas neste concelho.
Os deslocados, muitos deles idosos, chegaram aos locais de acolhimento com pouco mais do que a roupa que traziam no corpo. «Em muitos casos, os profissionais de saúde depararam-se com situações em que as pessoas não se lembravam da medicação que tomavam», enquadrou Paulo Morgado, presidente da Administração Regional de Saúde, que dinamiza este projeto em parceria com a UCC Mons Cicus e com a Câmara de Monchique.
Por outro lado, nem sempre se conseguia obter outras informações básicas, como problemas crónicos e contactos de emergência, nem se conseguia aceder aos dados que se encontram informatizados.
Desta forma, surgiu «a excelente ideia de criar o Passaporte de Saúde».
No fundo, trata-se de um pequeno livro, com 22 páginas, idealizado para ser facilmente transportável. Nele, os utentes são convidados, com a ajuda de profissionais de saúde, a colocar uma vasta panóplia de informação.
Além dos dados pessoais e de contacto de emergência, também constam do passaporte informações sobre a medicação que o utente faz, se tem alergias, sobre a última vez que levou a vacina do tétano e relativas a doenças que já tenha, entre outras. Tudo isto é «essencial para nós, profissionais de saúde», ilustrou Patrícia Carneiro.
O livro conta ainda com oito páginas para registar os resultados da medição da tensão, do nível de colesterol e da glicémia. Ao todo, há espaço para 128 medições.
Outra valência desta ferramenta é ajudar a informar a população sobre boas práticas em saúde, nomeadamente sobre hábitos saudáveis ao nível da alimentação e da vida ativa. Há, ainda, conselhos sobre como agir em situações de muito calor ou frio.
E nem sequer faltam dicas sobre kits de sobrevivência, mais precisamente, sobre o que colocar numa mala que esteja sempre pronta a levar, que os utentes são aconselhados a ter.
A versatilidade deste Passaporte de Saúde convenceu, desde a primeira hora, o presidente da Câmara de Monchique. «Um dia, a enfermeira Patrícia Carneiro desafiou-me para fazer uma coisa nova e arrojada. E eu disse: Vamos lá!», revelou Rui André.
O edil lembrou que na sexta-feira, dia 9 de Agosto, fez um ano do término do incêndio que deixou marcas profundas no concelho de Monchique e nos seus habitantes. Desde então «tem sido feito um esforço enorme para repor a situação» e acautelar o futuro, sendo o lançamento deste documento mais um passo nesse sentido.
«Quem vive num concelho como o de Monchique tem de estar preparado para tudo», acredita Rui André.
Nesta primeira fase, os passaportes serão distribuídos pela população mais idosa de Monchique. Na sexta-feira, foram já muitos os munícipes que receberam o documento, na sessão de apresentação. Este livrinho é gratuito e pode ser solicitado no centro de saúde.
Para já, o Passaporte de Saúde só existe em Monchique, mas Paulo Morgado admite que poderá ser alargado «a outros pontos da região e, até, do país».
Fotos: Hugo Rodrigues|Sul Informação
Comentários