Silves investe 1,4 milhões para acabar com perdas de águas «escandalosas»

Município de Silves perde 2 milhões de euros por ano por causa do desperdício de água na rede

A Câmara de Silves vai investir 1,4 milhões de euros para acabar com as perdas de água no concelho, que atingem «números escandalosos», na ordem dos 47%.

Francisco Martins, chefe de gabinete da presidente da Câmara Rosa Palma, disse ao Sul Informação que se trata da «candidatura mais importante nos últimos seis anos, não só em termos quantitativos (quase um milhão e meio), mas sobretudo em termos qualitativos», uma vez que «vai gerar um enorme salto tecnológico na gestão da rede de água do concelho».

O investimento resulta de uma candidatura da autarquia ao Programa Operacional da Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR), relativa à Operação “Controlo e Redução de Perdas no Sistema de Abastecimento de Água do Município de Silves”, que foi aprovada em 9 de julho, «após extraordinário trabalho técnico realizado em tempo record, sendo a única Câmara do Algarve que o conseguiu até ao momento».

O investimento ascende a 1,4 milhões de euros, beneficiando da contribuição do FEDER/Fundo de Coesão, no montante de 559 mil euros.

Francisco Martins acrescentou que, «de 2015 para cá, têm vindo a ser reduzidas as perdas de água, que então eram de 53% e em 2017 se situavam nos 47%». Mesmo assim, admitiu, o desperdício «é muitíssimo grande».

«Os números da perda de água são escandalosos», disse ainda o responsável pelo acompanhamento do processo, por parte do executivo camarário. «A água entra cá, é comprada às Águas do Algarve, só que depois não é faturada aos consumidores, porque se perde pelo caminho. Metade da água não é faturada».

Com isso, «por ano, perdemos cerca de 2 milhões de metros cúbicos de água, se pensarmos que cada metro custa 1 euro, são pelo menos 2 milhões de euros».

Além das perdas económicas para a autarquia, Francisco Martins fala ainda das questões ambientais, uma vez que a água é «um bem precioso e escasso, o petróleo do século XXI».

No entanto, «com a execução física dessa candidatura, as perdas vão baixar significativamente». A autarquia de Silves, comandada pela comunista Rosa Palma, definiu um Plano Estratégico de Combate às Perdas de Água, «a 10 anos, mas nos primeiros cinco anos vai haver logo uma melhoria nos indicadores».

Atualmente, temos perdas de 440 litros/ramal/dia e, ao fim de cinco anos, as perdas têm que baixar para um máximo de 100 litros/ramal/dia», acrescentou Francisco Martins.

 

 

A candidatura de Silves, que a autarquia classifica como «importante e estratégica», previa duas empreitadas, mas uma delas até já foi concluída em final de Junho, em Armação de Pêra: «na avenida marginal, substituímos as condutas de água, que eram velhas e em fibrocimento, por condutas de ferro fundido dúctil, que é o melhor material que existe no mercado».

Com essa obra, «acabou-se com o autêntico cancro das ruturas naquela zona de Armação de Pêra», garantiu. Aliás, explicou «temos vindo a intervir desde o depósito de Vale de Lousas, que é o reservatório que abastece Armação de Pera».

A segunda empreitada, «na ponte nova em Silves, já está adjudicada e vai começar dentro de pouco tempo». «Vamos desativar e retirar as condutas da ponte velha de Silves, que estão a afetar a estabilidade deste monumento, e passá-las sobre a ponte nova. Depois, vamos fechar o anel entre as pontes, pelo lado da avenida, substituindo a conduta que é velha. Porque da ponte velha até ao Lidl já o fizemos».

Outro investimento destacado por Francisco Martins é em «equipamentos de controlo e medição», garantindo que serão instalados «dos melhores do mercado, para controlar as pressões».

Esses equipamentos «vão permitir à Câmara combater sobretudo as ruturas não visíveis, que são a parte mais significativa das perdas de água. As perdas visíveis são logo reparadas com muita rapidez».

«Com a implementação desses equipamentos em todo o concelho de Silves, vamos conseguir detetar essas fugas invisíveis»,

Todo o investimento de perto de milhão e meio de euros «culmina com a criação da central de comando». Para isso, os técnicos da Câmara de Silves foram há uns meses visitar a central instalada em Almada, e que «acompanha o estado da rede em tempo real».

Francisco Martins não tem dúvidas em dizer que, com estes investimentos, «ficamos no topo do Algarve».

«Em 2015, encetámos esta revolução. Encontrámos este setor num estado zero, calamitoso. Havia a ideia de privatizar, então deixaram de investir. Mas depois não fizeram nem uma coisa, nem outra», acrescentou.

«Atualmente temos quatro engenheiros, que fizeram o projeto de tudo isto em tempo recorde de três meses, o que nos permitiu submeter a candidatura com êxito».

São objetivos da operação a otimização e gestão eficiente dos recursos e infraestruturas existentes, garantindo a qualidade do serviço prestado às populações, a sustentabilidade do sistema de abastecimento e dos recursos hídricos, no âmbito do ciclo urbano da água.

 

A operação inclui as seguintes componentes e ações:

>>Controlo e redução de perdas no sistema de abastecimento de água (empreitada “Dispositivos de controlo e redução de perdas no sistema de abastecimento de água”, no montante de 1 milhão de euros, contemplando a criação e gestão de Zonas de Medição e Controlo, Zonas de Gestão de Pressões, etc.;
>>Substituição de condutas com perdas elevadas (remodelação da rede de abastecimento de água da Av. General Humberto Delgado à Rua Maria José Correia – Armação de Pêra, com empreitada já concluída;
>>Passagem de condutas de abastecimento de águas e esgotos sobre o Rio Arade, com empreitada já adjudicada;

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