Portimão investiu forte e «está preparado» para o período crítico de incêndios

Portimão apostou forte na prevenção, mas também está preparado para os fogos que possam atingir o concelho

Muitos meses de trabalho de prevenção e de planeamento, novas valências operacionais e um grande empenho de todos os envolvidos. Estes são os trunfos com que Portimão conta para enfrentar novo período Crítico da Defesa da Floresta Contra Incêndios (DFCI), que começou ontem, dia 1.

O executivo camarário de Portimão dedicou esta segunda-feira à proteção civil e foi até ao terreno verificar in loco o que já foi feito para proteger a floresta contra os incêndios e conhecer algumas novidades.

O périplo começou no Porto de Lagos, uma das sete localidades do concelho com o estatuto de “Aldeia Segura, Pessoas Seguras”, e contou com passagens em diversos locais do interior das freguesias de Portimão e da Mexilhoeira Grande, para assistir aos trabalhos que foram e estão a ser feitos no terreno. No final, houve ainda tempo para empossar novos bombeiros.

«Aquilo que eu esperava e imaginava que fosse feito está a ser executado no terreno e vimos hoje aqui a prova de que temos uma proteção civil que garante a segurança aos nossos concidadãos e àqueles que nos visitam», considerou, no final da visita, Isilda Gomes, presidente da Câmara de Portimão, que diz que Portimão «está preparado» para enfrentar a época de incêndios.

«Todos pudemos ver que o dinheiro que a Câmara tem disponibilizado para a proteção civil está ser bem empregue e que as medidas que estão a ser tomadas são as que se exigem para que possamos fazer face a imprevistos, que, infelizmente, hão-de acontecer sempre», acrescentou.

 

 

E o investimento tem sido considerável, nomeadamente em ações de prevenção e limpeza das zonas rurais e florestais. Só na atual campanha, foi investido perto de meio milhão de euros na criação de faixas de gestão de combustível, de faixas de interrupção e na limpezas de terrenos e ribeiras.

Neste campo, como explicou Richard Marques, comandante dos Bombeiros e da Proteção Civil de Portimão, a Câmara teve o cuidado de dar o exemplo, «avançando desde logo para a limpeza dos terrenos municipais».

No que toca à limpeza de ribeiras, que é uma «responsabilidade dos proprietários», o município não ficou à espera e fez a intervenção, com meios próprios, em «14 situações críticas».

Já noutros casos em que os donos dos terrenos não os limparam dentro do prazo previsto na lei, foram enviadas notificações. No total, foram avisados 168 proprietários, 117 dos quais efetuaram a limpeza pelos seus próprios meios.

Nos casos restantes, em sete situações, a Câmara aceitou pedidos de apoio social e, noutras 44, substituiu-se aos proprietários, estando a efetuar a limpeza, enviando, depois, a conta aos donos.

Este foi um trabalho de prevenção, ao qual se juntou um de planeamento, para que tudo corra da melhor forma, quando se derem os inevitáveis acendimentos.

Além de apostar na preparação dos bombeiros e de outros agentes de proteção civil, bem como no pré-posicionamento de meios – há uma máquina de rastro estacionada entre o Porto de Lagos e Rasmalho e uma equipa de intervenção rápida em permanência junto à fronteira com o concelho de Monchique -, Portimão também apostou forte no pós-fogo.

É que, como ilustrou Richard Marques e Isilda Gomes reforçou, muitas vezes os reacendimentos «são piores que o fogo original».

«Para muitas pessoas, o rescaldo parece que é um coisa menor, mas não: é importantíssimo! Com um rescaldo bem feito, pode-se evitar um segundo incêndio. Muitas vezes, os reacendimentos acabam por ser mais perigosos ainda e por dar pior resultado que o incêndio inicial», disse Isilda Gomes.

Mas, por vezes, esta parte é descurada, tendo em conta que «os bombeiros querem combater o fogo. Quando este é dominado, acabam por descomprimir e não ter aquela vontade para fazer o rescaldo».

 

 

É aqui que entra a recém criada Equipa de Operações de Rescaldo de Portimão, um grupo operacional único no Algarve e uma valência que a edil portimonense considera «fundamental».

A Equipa de Rescaldo de Portimão, que só vai para o terreno quando as chamas são apagadas, «é composta por bombeiros e por sapadores florestais. Sabendo eles o que é preciso fazer, pois são as pessoas mais bem preparadas para tal, permite que a equipa fique no terreno, após o final do incêndio, evitando que haja um reacendimento».

Outra novidade é o drone da Proteção Civil de Portimão, que está equipado com uma câmara térmica que permite ver quais são os pontos quentes no terreno.

Isto é particularmente útil na altura em que se está a fazer o rescaldo, pois «indica-nos, exatamente, quais são os locais onde a intervenção deve ser feita e onde terá melhores resultados. E, claro, permite ter uma perceção muito mais ampla daquilo que está a acontecer no terreno, sem pôr em risco os nossos homens», segundo Isilda Gomes.

Outra nova valência em que Portimão apostou foi na preparação de uma Zona de Concentração e Apoio às Populações (ZCAP), na escola EB 2,3 da Mexilhoeira Grande. O ginásio deste estabelecimento de ensino foi preparado para acolher mais de uma centena de pessoas, com tudo pensado ao pormenor.

Desta forma, o município de Portimão está mais bem preparado para dar resposta a solicitações como a que recebeu no ano passado, durante o incêndio de Monchique, em que acolheu no Portimão Arena pessoas que tiveram de sair das suas casas, devido à ameaça do fogo.

No final, ainda houve tempo para ficar a conhecer a equipa de resgate especial do Corpo de Bombeiros de Portimão e para uma cerimónia de formatura de novos elementos de corporação.

«Estou muito orgulhosa da nossa proteção civil e dos agentes que a compõem e, sobretudo, dos nossos bombeiros e bombeiras, bem como do nosso comandante. São um exemplo a nível nacional», rematou Isilda Gomes.

 

Fotos: Hugo Rodrigues|Sul Informação

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