As obras de musealização dos Banhos Islâmicos de Loulé, um dos mais completos do seu género no panorama da arqueologia da Península Ibérica e que funcionaram entre os séculos XII e XIII, devem arrancar «até ao final do ano». O investimento ascende aos 1,3 milhões de euros e, se tudo correr bem, a obra estará concluída em 2021.
O concurso público para a empreitada foi publicado no passado dia 12 de Julho, em Diário da República, e foi o primeiro passo para o avanço da obra.
Em entrevista ao Sul Informação, Dália Paulo, diretora municipal de Loulé, disse que, «após as candidaturas, a empreitada começará, se tudo correr bem, até ao final do ano».
A obra vai musealizar este complexo de banhos públicos islâmicos, mas também o paço quatrocentista: uma casa nobre do final do século XV que foi construída por cima dos Banhos.
Assim, a intervenção que aqui irá decorrer será realizada dentro da “Casa das Bicas” e o projeto pretende levar a cabo a valorização dos vestígios arqueológicos dos banhos islâmicos, da casa nobre e da muralha medieval e moderna, tornando, inclusive, o torreão aí existente visível do lado das Bicas Velhas.
«Temos ali dois edifícios, de épocas diferentes, que não existem no património algarvio e que temos de aproveitar», realçou Dália Paulo ao nosso jornal.
A organização funcional dos espaços vai contemplar uma receção/átrio, espaço expositivo, espaço para serviços educativos e área exterior de lazer, além da área musealizada, que terá informação no percurso da visita.
Organizado no piso térreo, o espaço dos banhos deverá manter-se delimitado pelas estruturas que permanecem da casa nobre quatrocentista.
O projeto vai integrar quatro áreas distintas: a zona de entrada, com um banco onde os visitantes poderão ter um momento de pausa antes ou após a visita ao núcleo, e a entrada interior que articula a receção com três áreas específicas, respetivamente os espaços museológicos, a sala dos serviços educativos e o núcleo de sanitários.
Haverá, ainda, uma terceira zona, composta pela sala de exposição, complementada com um conjunto de informações sobre os banhos islâmicos, a casa senhorial, o conjunto muralha-torreão e, por fim, um quarto espaço complementar, constituído pelo quintalão, ou seja, uma zona exterior onde até está previsto haver projeção de cinema.
A obra de musealização dos Banhos Islâmicos (ou hamman) terá uma componente inovadora: um levantamento 3D que dará ao possibilidade, ao visitante, de conhecer o complexo tal como era.
«Vamos poder ver como funcionavam os banhos, na altura. O levantamento 3D vai ser essencial no trabalho com o público», explicou a diretora municipal de Loulé ao Sul Informação.
Nas últimas escavações arqueológicas, levadas a cabo pelo Campo Arqueológico de Mértola, foi encontrado «algum material, mais peças do quotidiano, como cerâmicas e metais». «O protocolo com o Campo Arqueológico de Mértola foi muito importante pela experiência que têm», acrescentou.
«Já temos selecionadas 20 peças para contar a história daquele espaço. Vamos mostrar também um pouco a diacronia, perceber qual foi a evolução daquela zona da cidade ao longo dos tempos», disse Dália Paulo.
«Além da empreitada, há outro trabalho em curso que é a preparação dos conteúdos museográficos do Centro Interpretativo e o restauro das peças que vamos ter em exposição, bem como a escrita dos textos para a exposição», salientou.
Toda a empreitada custa perto de 1,3 milhões de euros e deverá estar terminada em finais de 2021, naquele que é visto como «mais um passo da afirmação cultural da cidade de Loulé».
Fotos: Rodrigo Damasceno | Sul Informação
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