Infraquinta “ensina” à Câmara de Loulé caminho para o uso inteligente da água

Câmara de Loulé já criou gabinete de eficiência hídrica, que vai integrar técnicos da Infraquinta

A Infraquinta inaugurou ontem um sistema inteligente de gestão da rega, que permitirá racionalizar e tornar mais eficiente a irrigação dos cerca de 127 mil metros quadrados de áreas de jardins da Quinta do Lago. A empresa municipal irá agora ajudar  a Câmara de Loulé a seguir o mesmo caminho.

Segundo Pedro Pimpão, vice-presidente da autarquia louletana, «a Câmara de Loulé já criou um gabinete de eficiência hídrica, que irá dotar de técnicos que virão da Infraquinta, para que estes processos de uso inteligente da água, seja ao nível do abastecimento às populações, seja ao nível da rega de espaços públicos, sejam cada vez mais eficientes».

Isto significa que o município quer replicar em larga escala aquilo que já é uma realidade em Vale do Lobo e na Quinta do Lago e, em breve, será também em Vilamoura.

A gestão de cada uma destas conceituadas zonas turísticas algarvias está a cargo de uma empresa municipal. A Infralobo foi a primeira a ter um sistema inteligente de gestão da rega, inaugurado no início do ano.

Esta terça-feira, foi a vez da Infraquinta. «Sabemos, igualmente, que a Inframoura vai avançar em breve para a implantação de tecnologia inteligente no sistema de rega. Assim, todos os espaços verdes destes territórios ficarão dotados de sistemas inteligentes», disse Pedro Pimpão.

 

 

Para já, os holofotes estão voltados para a Infraquinta, onde ligar e desligar a rega em determinada zona do empreendimento pode agora ser feito à distância, em qualquer local e com qualquer dispositivo ligado à Internet.

«Com o sistema IQ que implantámos, podemos gerir a rede remotamente. Também passámos a contar com sensores de pluviosidade que desligam automaticamente a rega, assim que se justifique e, acima de tudo, podemos perceber se há anomalias na rede, como ruturas, fugas ou avarias, já que o sistema emite alarmes», revelou à margem da sessão Miguel Piedade, o presidente do Conselho de Administração da Infraquinta.

Para isso, foram instalados controladores especiais que, através de retransmissores que também foram colocados no terreno, estão ligados ao mundo.

«Antes, tínhamos um sistema obsoleto, em que tínhamos de programar manualmente os nossos 115 controladores da rega», ilustrou Miguel Piedade.

Não se pense, no entanto, que bastou chegar e instalar nova tecnologia, para fazer deste um sistema inteligente. «Tivemos de dar uma série de passos antes de chegar a este momento. Esse caminho foi feito, através da preparação dos espaços verdes para a resiliência. Agora, montámos o sistema que nos ajuda a gerir melhor essas zonas», explicou o administrador da Infraquinta.

Um bom exemplo foi o trabalho feito nas rotundas da Quinta do Lago, de onde se retirou, em muitos casos, relva, para a colocação de espécies vegetais endémicas e adaptadas ao nosso clima ou, até, de pedra ou casca de pinheiro.

Isto permitiu diminuições drásticas das necessidades hídricas em muitas zonas ajardinadas do empreendimento.

Também foi feito, em 2015, um grande investimento na rede de abastecimento de água, que permitiu colocar a Infraquinta na liderança de entidades gestoras com menor percentagem de perdas de água.

«A nossa estratégia é o combate ao desperdício. A água é um bem escasso, seja qual for a sua origem. Nós como utilizadores já o fazemos. Agora, é procurar sensibilizar os nossos clientes, aqueles que nos compram água e os que têm furos, a diminuir ao máximo o desperdício», resume Miguel Piedade.

A adaptação às alterações climáticas é, de resto, uma das grandes bandeiras do executivo municipal louletano.

«A Câmara de Loulé foi das primeiras do país a adotar uma estratégia municipal de adaptação às alterações climáticas e em boa hora as empresas municipais apostaram num dos seus vetores, que é o uso eficiente da água, e resolveram implantá-lo de forma muito mais rápida», lembrou Pedro Pimpão.

«As empresas municipais têm não só a vantagem de operar num território muito mais pequeno, como estão dotadas de meios técnicos que permitiram acelerar o processo», acrescentou.

Agora, a ideia é expandir as boas práticas já implantadas nas empresas municipais a todo o concelho. Tudo para tornar a utilização da água mais racional e eficiente, «para que dê para todos e por muito tempo».

 

Fotos: Hugo Rodrigues|Sul Informação

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