Dona Niza é mãe de João Raposo e João Raposo é o pai do Dona Niza. Confuso? Nós explicamos

Empresário lagoense criou vinho em homenagem à sua mãe

Foto: Rodrigo Damasceno|Sul Informação

Chama-se Dona Niza, “nasceu” em Carvoeiro e é o mais recente vinho branco algarvio. O gosto de João Raposo pelo processo de produção de vinho foi herdado da família, intensificou-se na adolescência, mas esteve adormecido até há três anos, quando, depois de ter herdado um terreno, decidiu plantar vinha. Agora, está aí o primeiro néctar e a receção tem sido boa.

João Raposo, empresário na área do design, lembrou, em conversa com o Sul Informação, que, ainda na juventude, «quando andava no liceu, aproveitava a altura das vindimas, na Adega de Lagoa, para trabalhar, porque eles precisavam de pessoal. Então, ficava no laboratório a tirar a medição do mosto, na expetativa para ver qual a uva mais forte, com maior grau alcoólico. A partir daí, comecei a ver também todo o processo de vinificação da adega e o ambiente da vindima».

Além disso, «os meus avós tinham vinha, os meus pais também e comecei a ter curiosidade e vontade de um dia fazer um vinho. Passaram-se uns anos, as coisas foram evoluindo e, há algum tempo, herdei uns terrenos que estavam abandonados, com amendoeiras e alfarrobeiras. Um dia cheguei lá, olhei para aquilo e pensei: “é agora!”. Comecei a plantar a vinha e pronto. Isto foi há três anos e agora chegou o primeiro vinho: o Dona Niza».

 

João Raposo com o irmão Fernando Raposo | Foto: Elisabete Rodrigues|Sul Informação

 

O nome do vinho é uma homenagem à mãe de João Raposo: «lembrei-me da forma como a tratava e o vinho ficou batizado com este nome», revelou.

Apesar de ter começado como um projeto seu, nesta altura também o seu irmão, o arquiteto Fernando Raposo, se associou à produção, uma vez que «arrancou com a plantação das mesmas castas e de uma nova, a negra mole. Neste momento, em conjunto, temos quatro hectares de vinha plantada».

A propriedade fica mesmo às portas da Praia do Carvoeiro e essa é uma das «mais-valias» do Dona Niza. «Temos o mar a 1000 metros e temos também a exposição à Serra de Monchique. É uma zona com um potencial interessante, alta e ventosa e com alguma salinidade do solo. As cepas gostam desse tipo de clima.», explicou o produtor.

Além disso, «em termos comerciais, estamos a criar uma ligação umbilical com Carvoeiro. É a única vinha ali e queremos tirar algum partido disso, associando o vinho a uma região turística conhecida internacionalmente. Toda a gente conhece Carvoeiro».

Para já, estão no mercado dois vinhos brancos monocastas: crato e arinto, que foram lançados, a 13 de Junho, no Lagoa Wine Sessions. «Optei por fazer dois lotes. As pessoas estão a provar e acho piada porque há quem goste muito do crato e quem goste muito do arinto. Ou gostam muito de um ou de outro. Não dizem que estão os dois mais ou menos».

A receção está a ser «muito boa. Ainda não tive nenhuma opinião negativa, só positivas, de ambos os vinhos», destaca João Raposo.

 

Foto: Rodrigo Damasceno|Sul Informação

 

No total, foram feitos 6500 litros das duas castas, sendo que «são mil e tal litros de arinto e o resto de crato branco, o que dá cerca de 8000 garrafas. Somos o produtor mais pequeno do Algarve, mas, independentemente da quantidade, achámos que devíamos avançar com o projeto».

Para o próximo ano, «esperamos produzir um pouco mais, com os três hectares que já plantámos».

No futuro, surgirá também o vinho tinto, uma vez que «já plantámos negra-mole também. Daqui a mais dois anos, no mínimo, quando as cepas estiverem fortes, vamos ter também tinto», feito a partir dessa casta tradicional algarvia.

O nome desse novo vinho também «vai seguir a mesma lógica familiar e será um nome dentro do mesmo enquadramento», revelou João Raposo.

A comercialização do Dona Niza está a ser feita pelo próprio produtor, porque «quis passar por todas as fases do vinho, desde a plantação, a vindima, e agora também a comercialização. Estamos para já a distribuir para restaurantes. Ainda não entrámos no circuito dos supermercados».

Ainda assim, em Lagoa, é possível adquirir o mais jovem vinho do Algarve, na Mercearia da Paula, junto à Piscina e ao Pavilhão Desportivo Municipal.

 

Fotos: Rodrigo Damasceno|Sul Informação

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