O céu de Julho “oferece” um eclipse lunar e uma chuva de estrelas

Será apenas um eclipse parcial, mas poderá ser avistado de Portugal Continental

A Lua Nova é a primeira efeméride astronómica relevante do mês, ocorrendo ao final da segunda tarde de Julho. A interposição da Lua entre o Sol e a Terra causará um eclipse solar total, que apenas será apreciado na sua plenitude ao longo de uma faixa estreita que se estende do norte da Argentina e do Chile até ao sul do oceano Pacífico.

Ao anoitecer de dia 4, a Lua será vista na constelação do Caranguejo, junto com os planetas Mercúrio e Marte. Este evento marca a chegada da Terra ao seu afélio (ponto da órbita mais afastado do Sol) já na madrugada seguinte. Mas, como por estes dias o hemisfério norte terrestre está voltado na direção do Sol, nesta parte do globo o Sol parece mais alto, e ilumina mais, do que há seis meses.

A maior aproximação entre Mercúrio e Marte dar-se-á na no dia 6, distando cerca de 4 graus um do outro (pouco menos da largura de três dedos vistos com o braço esticado). Mercúrio será o planeta mais à esquerda e o mais brilhante dos dois.

Estes astros serão visíveis na primeira quinzena do mês, passando depois a ser ofuscados pelo Sol. Nessa noite, a Lua estará ao lado de Régulo, um sistema estelar quádruplo situado a 79 anos-luz de nós, que associamos ao coração da constelação do Leão.

Aquando do quarto crescente de dia 9, o planeta Saturno estará em oposição, i.e. a posição diametralmente oposta à do Sol. Este é o período em que estamos mais perto desse planeta e em que o vemos completamente iluminado.

 

Céu a oeste ao anoitecer de dia 4. Igualmente é visível a posição de Mercúrio no dia 9 e da Lua nos dias 6 e 9.

 

Na noite de dia 13 para 14, a Lua será vista ao lado de Júpiter, enquanto na madrugada de dia 16 já estará ao pé de Saturno
Por ocorrer junto ao plano da órbita terrestre, a Lua Cheia de dia 16 dará origem a um eclipse lunar. Este apenas será parcial, pois a umbra (a parte mais escura da sombra) terrestre apenas cobrirá parcialmente a Lua.

Este evento terá início pelas 19 horas e 42 minutos (hora no continente), atingindo o máximo às 22 horas e meia, e terminando pela 1 hora e 20 minutos da madrugada.

O quarto minguante chegará na madrugada de dia 21, junto da constelação do Aquário.

 

Céu a sudeste pelas 00h30 de dia 17. Igualmente é visível a posição da Lua nas madrugadas de dia 14 e 22 e o radiante da chuva de estrelas Delta Aquáridas. (imagens adaptadas de Stellarium)

 

Na madrugada de dia 28, a Lua nascerá lado de Aldebarã, o olho da constelação do Touro. Esta efeméride coincide com o pico de atividade da chuva de estrelas Delta Aquáridas, meteoros que parecem irradiar da estrela Delta da constelação do Aquário (ou Skat). Não se sabe com certeza que cometa deu origem a esta chuva de estrelas, sendo o principal suspeito o cometa 97P Macholz.

A melhor altura para observar este evento será pelas 3 horas da madrugada. Esta chuva de estrelas é pouco intensa, tendo, no pico de atividade, e em condições de observação ideais, entre uma a duas dezenas de meteoros por hora. Porém, estas estrelas podem ser vistas do primeiro fim de semana de Julho até à terceira semana de Agosto.

O reaparecimento de Mercúrio na madrugada de dia 30 marca o final de mais um mês de observações astronómicas.

Neste mês, três estrelas ocuparão a posição mais cimeira no céu a meio da noite; Vega, Deneb e Altair, pertencentes respetivamente às constelações da Lira, do Cisne e da Águia. Estas são os vértices do celebre Triângulo de Verão.

Boas observações!

 

Autor: Fernando J.G. Pinheiro (CITEUC)
Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva

 

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