Faro volta a ter o seu Museu Antonino

Ermida de Santo António do Alto já abriu e é possível subir a torre de atalaia onde se tem uma vista deslumbrante

Ainda não há data concreta, mas já é uma certeza que Faro vai voltar a ter o seu Museu Antonino aberto. O espaço, que fechou em 1999, terá exposto um vasto espólio de selos, pinturas, estátuas e cerâmicas associado ao seu patrono: Santo António. 

Esta foi uma das novidades reveladas esta quinta-feira, 13 de Junho, na cerimónia de inauguração das obras na Ermida de Santo António do Alto que está paredes-meias com o Museu.

A Câmara de Faro é a detentora do espaço, mas delegou na Direção Regional de Cultura do Algarve a concretização da empreitada, que foi contemplada com uma verba do Orçamento Participativo Portugal (OPP).

É que o projeto de dinamização da Ermida de Santo António e do Museu, apresentado por Ana Morgado e Samanta Duarte, foi um dos vencedores da edição do ano passado desta iniciativa.

Por agora, segundo Adriana Nogueira, diretora regional de Cultura, «ainda não há qualquer previsão» nem para o início das obras, nem para a sua conclusão.

«Temos de lançar o concurso, mas já tivemos a autorização da parte da Direção Geral do Património Cultural», explicou aos jornalistas.

A responsável vê esta reabertura, revelada em pleno Dia de Santo António, «com bons olhos». «Temos uma historiadora que está a preparar uma série de estudos sobre Santo António que era uma personagem transversal que percorre Portugal, Espanha, Brasil, Itália», disse ainda.

No Museu, que foi criado em 1933, a ideia é mesmo abordar todas estas facetas do Santo que nasceu em Lisboa e morreu em Pádua (Itália).

 

 

«Estamos a pensar, em conjunto com a Direção Regional de Cultura, criar um guião para o espaço porque, antes, não havia um grande critério de organização», explicou Marco Lopes, diretor do Museu de Faro, ao Sul Informação. 

No fundo, «estamos a estruturar melhor tudo, com uma linha orientadora e de discurso que aborde Santo António em todas as suas vertentes, não só aquela mais conhecida de casamenteiro», adiantou.

Do espólio do Museu restam ainda cerca de 200 a 300 peças. «Quando o espaço fechou, uma das razões foi a falta de segurança. Houve roubos nos anos 80 e algum vandalismo, além do facto de as visitas serem poucas», enquadrou Marco Lopes.

Ainda assim, o espólio é «muito heterogéneo e com um denominador comum: Santo António e o seu culto», explicou.

Devido à reorganização do Museu, há peças que poderão ficar de fora. Certo é que algumas já «estão a ser alvo de restauro».

«O que queremos é recuperar, após as obras no próprio espaço, o acervo e devolvê-lo. O Museu é relativamente pequeno, mas teremos painéis explicativos, uma museografia apelativa, contextualização e legendas», adiantou Marco Lopes ao nosso jornal.

«Também há a ideia de termos uma pequena loja de merchandising, um espaço de acolhimento de visitantes e uma outra sala mais versátil, multifunções, onde se poderão projetar alguns filmes sobre Santo António ou ter um pequeno momento cultural», explicou ainda.

Quando tudo estiver pronto, aquela zona da Ermida de Santo António do Alto, que já está aberta ao público, e do Museu ganhará uma nova vida e uma importância que já teve em tempos idos. Esta é, pelo menos, a convicção de Rogério Bacalhau, presidente da Câmara de Faro.

Quanto à obra na Ermida, o autarca disse que, se não tivesse sido feita, o estado de degradação ia piorar. «O que fizemos foi, principalmente, a recuperação interior. O altar começava a estar muito degradado», explicou. Além disto, também houve melhoramentos na fachada.

 

Vista da torre de Atalaia

 

Aquele é um espaço que tem outro grande atrativo: uma torre de atalaia que já serviu para vigiar piratas. Agora, com a vista que proporciona, servirá para chamar turistas.

É que, com a abertura da Ermida, também passa a ser possível subir a torre e ter uma perspetiva literalmente de todo o concelho de Faro.

Nas obras do Museu Antonino também haverá «pequenas melhorias» nesta torre por questões de segurança. «Quando se abre ao público, com pessoas idosas ou crianças, é preciso criar algumas barreiras, de modo a que uma criança não vá um parapeito e caia», explicou o autarca.

Quem quiser, já pode, assim, subir ao topo dessa torre que vai estar também aberta no âmbito do Festival Açoteia, a realizar-se a 21 e 22 de Julho. Mas atenção: as visitas estarão limitadas a, no máximo, 10 pessoas de cada vez.

Quanto tudo estiver pronto (obras no Museu e na torre de atalaia) será a nova Faro Vivo – Associação Cultural, da qual fazem parte as responsáveis pelo projeto que venceu o Orçamento Participativo Portugal, a dinamizar o espaço.

O horário de funcionamento da Ermida de Santo António do Alto ainda não está definido.

 

Fotos: Hélder Santos | Sul Informação

 

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