Curso de Medicina da UAlg comemora dez anos «de sucesso»

Dez anos depois, já se notam os efeitos da existência de um curso de medicina, no Algarve

 

 

O curso de medicina da Universidade do Algarve está a comemorar dez anos de existência, uma década de ensino médico na região algarvia que «tem sido um sucesso» e enche «de grande satisfação» os responsáveis pelo Mestrado Integrado de Medicina (MIM) da UAlg.

Este sábado, decorre no Cineteatro Louletano, a partir das 14h30, a cerimónia comemorativa dos dez anos do MIM, onde irá estar Manuel Heitor, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

Nesta sessão, além do recordar do que foi, até agora, a caminhada deste curso, também será feita uma homenagem aos primeiros médicos especialistas diplomados pela Universidade do Algarve e apresentado o projeto ABC Loulé Active Life.

Para Isabel Palmeirim, a diretora do curso de medicina da UAlg, o balanço destes dez anos de MIM «é muitíssimo positivo. Têm sido dez anos de muito trabalho, mas que foram muito gratificantes. Sentimos que estamos a conseguir formar médicos com qualidade, em contextos pedagógicos completamente diferentes e numa região que seria aquela, em Portugal, onde menos se esperava que isto fosse possível fazer», resumiu, em declarações ao Sul Informação.

Dez anos e seis fornadas de médicos formados depois – os primeiros especialistas saíram este ano – o curso já começa a contribuir para atenuar o défice crónico de clínicos nas unidades de saúde públicas do Algarve.

«A formação médica descentralizada já está a contribuir para haver mais médicos na região. Nós temos cerca de 10 a 15 por cento de alunos naturais do Algarve no nosso curso e, no final, são cerca de 40 por cento os que se fixam na região. E penso que este número vão crescer de forma exponencial», acredita Isabel Palmeirim.

 

Isabel Palmeirim

 

Aumentar o número de médicos formados no Algarve que acabam por se fixar na região é um dos desafios de futuro do MIM das UAlg. Mas está longe de ser o único, tendo em conta que os responsáveis pelo MIM são «ambiciosos».

«Também temos o desafio da formação pós-graduada, que nós até já começámos. A oferta, no Algarve, era quase inexistente. Havia congressos que eram aqui realizados, mas isso não é propriamente uma formação local», explicou a diretora do MIM.

«Atualmente temos um programa de formação contínua, que estamos a alargar cada vez mais, e há o desafio de aumentar a investigação clínica», acrescentou.

Para isso, foi apresentada uma proposta de criação de um programa doutoral de investigação clínica à A3ES – Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior, numa colaboração com a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e com o Hospital de Santa Maria.

A ideia é «aumentar, a curto prazo, o número de médicos doutorados, no Algarve».

Também a criação do centro de simulação, no quarto piso do edifício do Departamento de Ciências Biomédicas «permitirá melhorar muito o ensino pós graduado e trazer cá muito médicos para fazer formação».

«Temos, ainda, o Algarve Biomedical Center (ABC), o centro académico, que permitirá articular melhor o ensino com a investigação e com a assistência médica, tanto ao nível hospitalar, como nos cuidados de saúde primários», acrescentou Isabel Palmerim.

 

 

Ou seja, o MIM da UAlg não desistirá de introduzir inovações na sua metodologia pedagógica e na sua oferta. A inovação faz, de resto, parte do ADN deste curso.

«Um dos objetivos do MIM foi inovar, ao nível da educação médica, trazendo para Portugal algumas práticas que já existiam lá fora há algumas décadas», nomeadamente o método Problem Based Learning.

Apesar de ter trazido a metodologia de fora, o curso de medicina da UAlg tem vindo a adaptá-la constantemente, para melhor se adaptar à nossa realidade.

«Os métodos pedagógicos que usamos, que foram importados de fora, não foram criados de raiz. Mas nós já não fazemos o que fazíamos. Importámos, mas adaptámo-los à nossa realidade e estamos sempre a aprender», revelou Isabel Palmeirim.

Isso é possível graças «a um sistema de feedback da parte dos estudantes e dos profissionais que os recebem no hospital, tanto durante a sua formação, como depois de já terem o diploma».

Os dados recolhidos são «analisados atentamente, para tentar que isso verta, o mais depressa possível, em mudanças ao nível do ensino. E tem havido todos os anos».

Esta nova abordagem ao ensino de medicina gerou, de início, alguma desconfiança, situação que para a diretora do MIM está ultrapassada.

«É natural haver alguma desconfiança, numa fase inicial. Eu também estive ligada à criação do curso de medicina da Universidade do Minho e é uma sensação de déjà vu. Mas ela vai desvanecer e eu penso que o MIM está já na parte final desse caminho», acredita Isabel Palmerim.

 

Nota: A presença de António Costa estava prevista no programa da comemoração do aniversário do MIM, mas não estava ainda confirmada e o primeiro-ministro não irá participar neste momento.

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