Novo Museu Pedro Nunes percorre a história de Alcácer do Sal

Museu esteve fechado 12 anos

O renovado Museu Pedro Nunes, reaberto no passado dia 6 de Abril, num trajeto que tem início com uma referência à vida do matemático Pedro Nunes, oferece um percurso pelos vários períodos históricos que caracterizaram a cidade de Alcácer do Sal durante o passar dos tempos.

A exposição permanente tem começo com um painel dedicado ao tema “Beuipo: Um Porto de culturas”, espaço dedicado às origens de Alcácer do Sal, na Idade do Ferro (século XII a.C.), há cerca de 3200 anos.

Aqui, é feita a inevitável associação com a forte atividade comercial potenciada pelo rio Sado (rio Callipus), sendo um espaço onde se apresentam peças importadas de diversas origens, como a Grécia, o Egito ou trazidas pelos Fenícios.

É feita uma referência à necrópole da Idade do Ferro do Olival do Senhor dos Mártires, que deu notoriedade à cidade de Alcácer do Sal desde o século XIX, com a descoberta de vários vasos gregos, uma das maiores coleções existentes em Portugal.

Avançando pela exposição, encontra-se depois o segundo tema, subordinado a Salacia, que foi importante urbe na época romana. É realçada a proximidade ao mar e a riqueza da terra que fizeram de Salacia um dos principais portos da Lusitânia.

O Sado, como principal via comercial, associado à rede viária – sobretudo com Mérida – fizeram de Salacia um dos principais entrepostos comerciais do país, com a produção local de lã, cereais, sal, pescado e de ânforas.

O terceiro tema da exposição é dedicado ao período medieval, com a disputa entre Mouros e Cristãos, espaço onde se retrata a importância de Alcácer do Sal no período islâmico. Foi uma importante cidade portuária desde os finais do séc. IX, após a instalação dos Banu Danis e depois da tomada portuguesa de Qaṣr al-Fatḥ (Alcácer da conquista), em 1217 pelo rei D. Afonso I.

Por último, mas não menos importante, o expositor subordina-se aos Tempos de Paz e aos Novos Rumos. É feita uma abordagem ao período a partir do século XVI, quando o rio Sado e a zona ribeirinha de Alcácer se mantêm como elementos-chave da importância económica, política e militar da cidade.

É também feita referência à Igreja do Espírito Santo e ao seu Hospital, estando disponíveis no local alguns objetos recolhidos durante a escavação da necrópole cristã.

No primeiro ano de funcionamento do renovado Museu Pedro Nunes as entradas serão gratuitas.

Fundado a 15 de Outubro de 1894, em resultado da junção do espólio arqueológico depositado na Câmara Municipal e de doações do padre Matos Galamba e de Joaquim Correia Batista, o Museu Municipal de Alcácer do Sal é um dos mais antigos do País.

Em 1896, o acervo arqueológico foi enriquecido com a doação de António Faria Gentil do espólio da Idade do Ferro, proveniente da necrópole do Olival do Senhor dos Mártires.

Durante vários anos, o espaço museológico resumiu-se a um compartimento vizinho da Sala de Sessões da Câmara Municipal. Em 1914, a autarquia instalou o museu na Igreja do Espírito Santo, comprada para o efeito, onde hoje se mantém.

Desde essa altura têm sido efetuados constantes melhoramentos e enriquecimentos das coleções, com ofertas de particulares e depósitos de documentação arqueológica decorrente da atividade científica da sua equipa técnica.

Após anos de abandono e desvio de algum do seu rico espólio, o 25 de Abril de 1974 inaugurou uma nova fase na evolução do espaço. A antiga denominação de Museu Municipal de Alcácer do Sal foi alterada para Museu Municipal Pedro Nunes por iniciativa do Executivo camarário a 10 de Março de 1979, homenageando deste modo um dos maiores vultos nascidos nesta cidade. Em 1988, abriu oficialmente ao público com uma exposição permanente de objetos arqueológicos.

Fechado em 2007, devido ao seu avançado estado de degradação, iniciou-se uma nova fase com o objetivo de se requalificar este espaço.

As escavações arqueológicas que decorreram no espaço revelaram uma diacronia ocupacional, com uma potência estratigráfica com cerca de dois metros de profundidade, documentando uma ocupação desde os séculos. III/IV a.C. até à época muçulmana, perdurando posteriormente como espaço funerário durante os séculos XIV/XV a XIX. Estes vestígios são compostos por estruturas correspondentes a pequenas habitações e níveis de lixeiras, estando bem delimitadas espacialmente.

Em Março de 2017, iniciaram-se as obras de requalificação que visaram tornar o Museu Municipal Pedro Nunes num espaço adequado às suas funções, sem desvirtuar a outrora Igreja do Espírito Santo.

A profunda intervenção de que o Museu foi alvo teve um investimento elegível de 775.140,38 euros, a que corresponde uma comparticipação do FEDER de 658.869,32 euros. A este valor soma-se a intervenção de conteúdos museológicos, que eleva o custo de toda a operação para cerca de 1,5 milhões de euros.

Os horários de visita ao Museu Pedro Nunes são os seguintes:

Horário de Inverno – das 9h às 12h30, com a última entrada às 12h00; das 14h00 às 17h30, com a última entrada as 17h00.
Horário de Verão (meses de Julho e Agosto) – das 9h30 às 13h00, com a última entrada às 12h30; das 15h00 às 18h30, com a última entrada às 18h00.

Comentários

pub