Cinema e literatura andam à solta em Olhão

O Festival Internacional de Cinema e Literatura de Olhão vai durar até dia 13 de Abril

Filme “The Gentle Indifference of the World”

O Cinema e a Literatura vão andar de mãos dadas a partir de hoje e até ao dia 13, em vários espaços da cidade de Olhão. Ao longo de mais de uma semana, serão exploradas as muitas ligações entre estas duas artes e servidos filmes, livros, passeios, um menu fílmico e, até, um consultório fílmico-literário psicomágico.

O Festival Internacional de Cinema e Literatura de Olhão (FICLO) começa hoje, às 19h00, com a exibição do filme “The Gentle Indifference of the World”, de Adilkhan Yerzhanov. Esta obra irá inspirar o menu fílmico que o chefe de cozinha Adérito Silva vai criar e que será servido a seguir à sessão.

A partir daqui, está dado o pontapé de saída para um festival que terá muitas estreias nacionais de filmes bem recentes, mas também de outros já bem antigos, a presença de escritores, uma componente de livraria, passeios fílmicos, oficinas, masterclasses, instalações artísticas e performances.

O FICLO é um festival único na região, «singular no país e raro a nível europeu», que será dinamizado pelo Cineclube de Tavira e pela Câmara de Olhão, com o apoio do “365Algarve”, programa de animação cultural e turística do Algarve na época baixa.

O festival assentará num formato de competição internacional, no âmbito da qual serão exibidos dez filmes. Destes, seis serão apresentados em estreia nacional e um deles em antestreia.

 

Apresentação Ficlo 2019_ CMO

 

Em paralelo, decorrerão dois ciclos, um dedicado a Kira Muratova, uma realizadora «que faleceu o ano passado e tem sido bastante esquecida», apesar de ter dirigido os seus primeiros filmes nos anos 60. Em Portugal, serão poucos os que conhecem a obra de Muratova, que, apesar de ter vivido boa parte da sua vida na União Soviética, «viu os seus primeiros filmes censurados durante 20 anos pelas autoridades soviéticas» e foi «a única realizadora a ter um filme proibido durante a época da Perestroika», explicou Débora Pinho Mateus, co-diretora do festival, na apresentação do FICLO.

Também haverá um ciclo dedicado ao cinema sueco, onde não faltará uma obra de Ingmar Bergman (“O Sétimo Selo”, 1957), mas onde predominam realizadores contemporâneos. Segundo Candela Vara, presidente do Cineclube de Tavira e codiretora do FICLO, a ideia foi apresentar uma «oferta um pouco mais fresca».

«Não queríamos ter uma oferta muito hermética. A Suécia tem uma longa tradição de cinema. Temos um Bergman, mas também temos um filme de Roy Andersson, que é muito mais fresco. Temos, igualmente, um filme que entra naquele arquétipo de filmes de vampiros que são dos bairros e não dos castelos», contou, no dia em que o festival foi apresentado.

 

 

Por outro lado, a organização desafiou conhecidos escritores para escreverem textos «que entrassem em diálogo com um filme mudo à sua escolha».

Gonçalo M. Tavares optou por escrever um texto inspirado no filme “Tabu”, de F.W. Murnau, de 1931. Alexandra Lucas Coelho, por seu lado, escolheu a obra “Limite”, de Mário Peixoto (1930). Já Nuno Moura, em parceria com Candela Vara, vai escrever um texto que dialogará com o filme “Juha”, realizado por Aki Kaurismäki em 1999.

Do vasto programa, que pode ser consultado na íntegra no site do FICLO, fazem, igualmente, parte Special Screenings de filmes escolhidos pela organização «que não se enquadram em nenhum dos ciclos» e nos quais se incluem várias estreias nacionais.

Uma delas será a do filme “Agatha e les Lectures Illimitées”, realizado pela escritora Marguerite Duras em 1981.

Outro destaque do FICLO são os passeios fílmicos, que levarão o público a «passear pela região através dos filmes rodados em Olhão e de Cabanas de Tavira a Castro Marim».

«Este é um passeio pelos vestígios de filmes como o Princípio da Sabedoria, de António Macedo, À Flor do Mar, pela poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen ou por A luz da Ria Formosa, de João Botelho», segundo a organização do FICLO.

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