Terras sem Sombra em Olivença, entre o esplendor do Barroco e a herança portuguesa

Olivença foi o cenário escolhido para um acontecimento marcante da temporada musical de 2019, numa clara opção pela descentralização cultural

O Festival Terras sem Sombra revela, em estreia absoluta, o CD “La Lyre d’Apollon”, de Jacques Morel (1690-1740), por Sofia Diniz. O disco é apresentado no sábado, 23 de Março, às 20h00, na igreja de Santa Maria do Castelo, em Olivença, 5ª etapa do Festival que este ano se tornou ibérico.

O concerto “Uma Viagem Imaginada: Suites Francesas para Viola da Gamba” é protagonizado por Sofia Diniz e Holger Faust-Peters (viola de gamba), Josep Maria Martí Duran (tiorba) e Fernando Miguel Jalôto (cravo).

«Olivença foi o cenário escolhido para um acontecimento marcante da temporada musical de 2019, numa clara opção pela descentralização cultural», explica a organização do festival.

O Terras sem Sombra «revela-se mais uma vez um elo entre o cosmopolitismo e ruralidade, a vanguarda e a tradição», acrescenta.

“La Lyre d’Apollon”, de Jacques Morel, publicado em Paris em 1709, é o primeiro livro de peças para a viola de gamba.

Mobilizando as vontades de todos e reforçando o diálogo ibérico, este ano, pela primeira vez, o Terras sem Sombra acontece também em Espanha, mais concretamente na região da Extremadura.

No próximo fim-de-semana, dias 23 e 24 de Março, o festival acontece em Olivença, onde, cumprindo o seu modelo tripartido, no sábado de manhã se faz um itinerário patrimonial pela cidade que é hoje símbolo de convivência e diálogo de culturas, e no domingo, consagrado à defesa da biodiversidade, se propõe conhecer melhor a Serra de Alor e o seu território de “dehesa” (montado).

Olivença é, hoje, uma cidade que não renunciou à tradição lusa, constituindo um símbolo de convivência e diálogo de culturas. A visita que terá lugar na tarde de sábado, 23, a partir das 16h00, sob a orientação de um profundo conhecedor do concelho, Joaquín Fuentes, presidente da Associação Além-Guadiana, permitirá compreender os pilares da história local, assim como os principais monumentos e outros aspectos marcantes do património concelhio e do quotidiano das suas gentes.

A Lira de Apolo: Suítes para viola da gamba

O mais grandioso templo oliventino, a igreja de Santa Maria do Castelo, receberá no mesmo dia, às 20h00, o concerto “Uma Viagem Imaginada: Suítes Francesas para Viola da Gamba”.

Em palco, estarão quatro dos maiores intérpretes de música barroca da actualidade, Sofia Diniz, Holger Faust-Peters, Josep Maria Martí Duran e Fernando Miguel Jalôto.

Trata-se da apresentação, em estreia absoluta, do CD “La Lyre d’Apollon”, dedicado ao primeiro livro de peças para aquele instrumento de Jacques Morel, o célebre compositor do tempo do Rei Sol, e que vai ser lançado pela prestigiada editora alemã Conditura.

Sofia Diniz e os seus convidados apelam a uma digressão pela Paris do século XVIII e a uma descoberta da panóplia de sonoridades da viola da gamba. Ouvir-se-ão andamentos de dança típicos como a Allemande, a Courante, Sarabande e Gigue, Couplets sobre as folias de Espanha, mas também as muito francesas Pièces de caractère, que ilustram desde os sentimentos mais profundos, como o Plainte (pranto), até pessoas e lugares; escutaremos igualmente uma peça bretã, uma espanhola, uma americana, uma portuguesa e uma italiana. Viajar-se-á, pois, sem sair do lugar.

«O concerto em Olivença promete tornar-se um dos acontecimentos marcantes da temporada musical em 2019. Que esta estreia internacional tenha lugar, não em Colónia, onde Sofia Diniz reside e habitualmente trabalha, nem em Madrid ou Lisboa, é um sintoma de que algo tem vindo a mudar no panorama musical, graças a iniciativas, como o Terras sem Sombra, que unem cosmopolitismo e ruralidade, vanguarda e tradição», salienta a organização.

Jardim de Deus: A Serra de Alor e a Dehesa

A manhã de domingo, dia 24, a partir das 9h30, vai ser dedicada à biodiversidade do concelho, sob a orientação de dois peritos territoriais, Joaquín Figueredo e Norberto Antúnez, tendo por alvo a Serra de Alor.

Lugar-chave da zona, esta elevação atinge 600 metros de altitude e possui densas manchas de dehesa (montado) e olivais. Preserva igualmente zonas de mato, onde se conservam verdadeiros tesouros botânicos. Entre as espécies raras, destacam-se a peónia, conhecida na região como rosa-albardeira, que cresce em zonas altas, no meio das manchas de azinheiras, carrasqueiras e zambujeiros; o Erodium mouretii ou relógio; a Anagyris fœtida, única planta europeia polinizada por passariformes, como as felosas; a boca-de-dragão.

É também possível encontrar mais de 15 espécies distintas de orquídeas, entre elas a Barlia robertiana (orquídea gigante) e a Orchis itlaica (erva-do-homem-nu).

Este tipo de vegetação protege o solo fértil e sustenta uma notável atividade pecuária: um paraíso para o porco ibérico, mas também para o gado bovino, caprino e ovino, a caça e as abelhas.

Todas as atividades são de acesso livre e sem inscrição prévia, partindo o Terras sem Sombra a seguir para Beja, Elvas, Cuba, Ferreira do Alentejo, Odemira, Barrancos, Santiago do Cacém e Sines.

 

OLIVENÇA

23 de Março
15h00 (hora portuguesa) – Do Passado ao Futuro: Raízes Portuguesas de Olivença
Ponto de encontro: Ayuntamiento, Plaza de la Constitución, 1, Olivenza
19h00 (hora portuguesa) – Igreja Matriz de Santa Maria Madalena
Uma Viagem Imaginada: Suítes Francesas para Viola da Gamba
Viola da gamba Sofia Diniz, Holger Faust-Peters
Tiorba Josep Maria Martí
Cravo Fernando Miguel Jalôto

24 de Março
09h30 (hora portuguesa) – Jardins de Deus: A Serra de Alor e a Dehesa
Ponto de encontro: Plaza de la Constitución, 1, Olivenza

 

 

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