«Não o estamos a fazer por prazer, mas em nome da segurança das pessoas». Rogério Bacalhau, presidente da Câmara de Faro, participou, esta quinta-feira, 21 de Março, na plantação de um sobreiro no Jardim da Alameda e foi com estas palavras que justificou as podas feitas em algumas árvores daquele local, um dos principais espaços verdes da capital algarvia.
Esta é uma intervenção que tem gerado grande controvérsia na cidade. As denominadas podas de rolagem – por muitos consideradas abusivas – foram levadas a cabo em cerca de uma dezena de árvores do Jardim da Alameda e motivaram uma recomendação do PAN (Pessoas-Animais-Natureza), apresentada na Assembleia Municipal.
No documento, este partido contesta a prática e pede que se utilize os «métodos adequados de poda, segundo os princípios de corte», bem como que se «pode as árvores de forma correta e regularmente, garantindo que a beleza e naturalidade características de cada espécie se mantém inalterada».
É que, recordou o PAN, com estas podas abusivas as árvores deixam de «criar sombra para proteção dos raios solares, passam a contribuir para o aumento da temperatura dos espaços abrigados e envolventes, tornam o ambiente mais árido e poluído e deixam de absorver CO2 (um dos gases responsáveis pelo efeito de estufa) e de libertar oxigénio».
A recomendação acabou por ser aprovada por unanimidade, com votos a favor do PSD, CDS, PPM, MPT, PS e Bloco de Esquerda.
Mas, para assinalar o Dia Internacional das Florestas, celebrado esta quinta-feira, a Câmara de Faro promoveu a plantação de um sobreiro no Jardim da Alameda, perto das árvores que foram podadas e que estão literalmente carecas, numa iniciativa realizada em parceria com o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas.
Questionado pelo Sul Informação sobre esta polémica, Rogério Bacalhau começou por explicar que «as árvores não vivem eternamente».
«Já aqui tivemos situações, no Jardim da Alameda, que podiam ter criado perigo para as pessoas. Ainda há poucas semanas, durante a noite, caiu aqui uma árvore. As que cortámos também estavam em risco», disse.
Segundo o edil farense, «é necessário compatibilizar a segurança, a vida das espécies e o que queremos para o Município».
«Estas árvores pareciam estar bem, ao olhar para elas, mas, quando se fizeram análises por exemplo aos troncos, chegou-se à conclusão de que podiam criar riscos. O que temos estado a fazer é a substituir as árvores que têm de ser abatidas», garantiu.
De acordo com Rogério Bacalhau, nos últimos três anos foram plantadas, no concelho, «mais de 600 árvores». «Temos já um concurso para aquisição de mais 200», revelou ainda.
Ainda assim, o presidente da Câmara de Faro não escondeu que a polémica «é normal».
«Há muitos anos que não se fazia isto e estranha-se os cortes. Percebo que as pessoas não gostem de ver as árvores carecas, mas tenho visto a mesma prática também noutros concelhos. Não o estamos a fazer por prazer, mas por necessidade, para garantir a segurança das pessoas e a reabilitação da própria camada vegetal», justificou.
O autarca fez ainda questão de relembrar o projeto de requalificação do Jardim da Alameda, cuja obra quer que seja lançada «este ano».
Essa intervenção prevê, precisamente, a rearborização e replantação, bem como nova iluminação, novo mobiliário urbano, o desenho de novos circuitos pedonais e a criação de novas casas de banho e áreas de serviço.
Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação
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