Água de Monchique investe 7,6 milhões para ser líder no mercado nacional

Investimento permitirá à empresa algarvia mais que dobrar a atual produção

Uma linha de produção nova que irá permitir mais do que dobrar a produção – e, deseja-se, o volume de negócios – vai permitir à Água de Monchique «disputar a liderança no mercado nacional» e expandir, ainda mais, o seu negócio além-fronteiras.

A empresa algarvia, instalada nas Caldas de Monchique, de onde brota a água que lhe dá nome, tem em curso um investimento de 7,6 milhões de euros, que deverá estar «totalmente executado até Setembro. Está já em execução e acreditamos que estará em plena produção nessa altura», assegurou Vítor Hugo Gonçalves, diretor executivo da Águas de Monchique.

O gestor da empresa falou com os jornalistas à margem de uma visita de João Neves, secretário de Estado da Economia, à Sociedade da Água de Monchique, que o Sul Informação acompanhou. O membro do Governo subiu às Caldas para conhecer «esta empresa já antiga, mas que tem projetos de investimento muito interessantes de modernização e de expansão, algo que é muito importante para a região, particularmente para Monchique».

Segundo Vítor Hugo Gonçalves, o projeto que está a ser implementado «é fundamental para a viabilidade e futuro desta empresa. O grande objetivo é o aumento de produção, mas não só. Também visa o incremento da eficiência produtiva e de poupança energética, com o intuito de fazer crescer a nossa marca e cumprir o nosso objetivo estratégico, que é disputar a liderança do mercado nacional».

«Este investimento permitirá mais que dobrar a capacidade de produção. Mas, mais do que isso, o que nos importa é ter a possibilidade de dar ao nosso consumidor um produto de maior qualidade, com outra imagem, com outras características em termos estéticos – sendo que a água será a mesma, com a qualidade que lhe é reconhecida e com a diferenciação de ser hiper-alcalina», acrescentou.

 

João Neves e Vítor Hugo Gonçalves

Por outro lado, estão na calha diversas novidades. «Vamos entrar num novo segmento de mercado, que será a água engarrafada em vidro. A partir do próximo ano, teremos Água de Monchique engarrafada em vidro, que é algo que o mercado há muito nos pedia», disse o gestor da empresa algarvia.

Atualmente, a capacidade de produção da Água de Monchique está nas 9 mil garrafas por hora. Com o novo equipamento, que já está encomendado e deverá ser instalado «em Julho», a capacidade de produção diária «subirá para as 23 mil garrafas».

Este aumento também se refletirá no volume de negócios e, naturalmente, nos proveitos da empresa, tendo em conta que a Água de Monchique «só não vende mais, porque não tem oferta disponível».

«Neste momento, nós estamos muito limitados pela estrutura operacional que temos e é isso que tem determinado a nossa estagnação ao nível da produção e do volume de negócios, em relação a 2017. Nós atingimos o pico máximo nesse ano e esgotámos a nossa capacidade instalada. Agora, só com este investimento conseguiremos ultrapassar os atuais números», explicou Vítor Hugo Gonçalves.

A linha de produção atual é a mesma que a nova administração da Água de Monchique herdou em 2010, quando adquiriu a empresa. Ainda assim, foi possível melhorar exponencialmente o desempenho da empresa, sobretudo nos últimos quatro anos, como demonstram os números.

Ao nível da faturação, a empresa passou de cerca de 1,5 milhões de euros em 2010 para mais de 9 milhões em 2017. Em 2018, os números desceram um pouco, em virtude da paragem forçada, motivada pelo incêndio de Monchique.

Também nos lucros houve um aumento exponencial, de uns impressionantes 460%, entre 2014 e 2018, ano em que a empresa registou proveitos na ordem dos 3,33 milhões de euros. Tinham sido de cerca de 697 mil euros, em 2011.

Vítor Hugo Gonçalves aproveitou para salientar que estes aumentos se refletiram na folha salarial, com os vencimentos dos trabalhadores «a aumentar, em média, 40%, nos últimos três anos».

 

 

E, tendo em conta que ser líder a nível nacional é um objetivo assumido, os administradores da empresa também estão felizes com a subida da quota de mercado de 3,2% para 8,2%, em Portugal, em apenas três anos.

E como é que isto foi possível? «A necessidade aguça o engenho. E nós, em 2013, vimos claramente que a estratégia que a empresa estava a seguir não era, de todo, a correta – como os resultados demonstravam», disse o diretor executivo da Água de Monchique.

Esta realidade levou os responsáveis pela empresa a «parar para pensar. Criámos uma visão estratégica de médio/longo prazo, pensámos a marca e olhámos para aquilo que temos de diferente em relação à nossa concorrência e verificámos que temos um produto especial e único – uma água hiper-alcalina, com Ph natural de 9,5 e altamente mineralizada», explicou.

Com estes trunfos, a Água de Monchique pensou «numa forma de comunicar e de fazer chegar esta mensagem ao mercado de uma forma mais criativa e que explicasse que a água não é toda igual. E acho que conseguimos fazer com que o consumidor olhasse para este produto como não sendo apenas água».

Vítor Hugo Gonçalves fez questão de frisar que «a visão estratégica da Águas de Monchique passa por privilegiar o mercado nacional, mas olhando sempre para os mercados estrangeiros».

«Hoje temos um mercado global, as distâncias são cada vez mais curtas. Não faria sentido fazer investimentos de tão elevada monta sem ter essa visão estratégica de vender lá fora e, sobretudo, dissipar o nome da marca e criar notoriedade nos mercados internacionais», considerou.

 

Vítor Hugo Gonçalves

E um dos alvos mais apetecíveis é a China, um país «que absorve grande parte da produção mundial, sobretudo no que toca a bens de consumo».

«É um mercado em grande crescimento, com os rendimentos a aumentar e ávido de produtos de qualidade. Desta forma, é um mercado natural, para nós, onde já estamos muito bem colocados e que só não exploramos mais porque não temos capacidade de oferta», garantiu.

«Mas estamos já bem cimentados na China. A nossa marca já é reconhecida no mercado chinês, só nos falta dar esse salto em termos quantitativos no que toca à produção», disse.

Até porque «a procura de águas alcalinas na China é muito elevada e as águas naturais alcalinas são muito raras no mundo».

O que existe muito naquele país é água alcalina artificial. «O nosso produto é facilmente reconhecido, por lá, como algo com grande qualidade. E até causa alguma surpresa, porque estão habituados à artificial e deparam-se com uma natural e ficam muito curiosos», concluiu Vítor Hugo Gonçalves.

 

Fotos: Hugo Rodrigues|Sul Informação

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